07/03/2015 às 09h59min - Atualizada em 07/03/2015 às 09h59min

João Roncatto

Um ser humano que por meio da arte demonstra ter vivido nela, belezas raras que lapidam o todo, do ser...

Thiago Bugallo

 Quem é o ser humano João Roncatto?

 Engraçado, não costumo falar de mim em 3ª pessoa. Prefiro referir-me a mim como a mim mesmo na 1ª pessoa: Eu me considero um cara comum como qualquer outra pessoa. Pai da Sophia, “namorido” da Luana, filho da Neusa e  do Carlos... Mineiro de nascença mas paulistano pelo acaso da vida, já que estou na capital paulista à exatos 15 anos. Não sou um artista agraciado com uma fama grandiosa. Sou um cara simples com anseios bem semelhantes aos de todos. Claro talvez um certo nível de ambição que me motiva a alcançar novos objetivos mas não é só isso, gosto muito do que faço e faço com muito respeito e dedicação. Tiro meu sustento, pago minhas contas e administro minha vida a partir de uma profissão da qual sou apaixonado, a arte cênica.

 

 

 Guiado por quais sentimentos você se entregou ao mundo da interpretação?

 Olha, não sei bem explicar mas no fundo eu sentia desde muito pequeno que a arte de interpretar já me encantava. Era como se de longe ela olhasse pra mim e me paquerasse, só que eu muito inocente me questionava se era comigo. Sempre achava que era com alguém atrás de mim, entende? Ainda na pré escola, sem saber ler direito, pedi a diretora da escola que deixasse-me declamar um poema para os alunos na escola. Me lembro que foi me concedido esse desejo, porem o grande momento foi um desastre... Me deu um branco e tudo foi soprado pela diretora que estava do meu lado... depois chorei de vergonha! O tempo passou e novas vontades, outras experiências foram me conduzindo para a área de designer, sempre gostei de desenhar incentivado por meu pai, topógrafo e desenhista de projetos arquitetônicos. Pensei em cursar uma faculdade de desenho industrial e seguir na profissão, mas de repente eu tinha 20 anos e já me via estudando teatro na capital paulista  em uma escola profissionalizante especializada, o Teatro Escola Macunaíma, depois de ter iniciado meus estudos como amador na Oficina de Artes Cênicas Sebastião Furlan, de São Sebastião do Paraíso MG, com minhas queridas professoras e amigas Edyna Maldi e Katia Mumic.

 

 

 Seis Personagens a Procura de Um Autor?

 Quando entrei para a Oficina de Teatro Sebastião Furlan, essa foi minha primeira peça, a primeira vez que subi em um palco de teatro para encenar algo!  Um texto de 1921 escrita por Luigi Pirandello, um drama surrealista que se passa em um ensaio de uma peça de teatro. Meu personagem era o Filho, um dos seis personagens que tentavam convencer um diretor a encenar suas vidas. Foi apaixonante.

 

 

Foto: Thiago Bugallo

 

 Este, que é um amante de toda escrita do mestre Shakespeare, se empolga todas as vezes que imagina um ator, encarnando personagens do mestre!

 Interpretar Shakespeare não é só uma questão de vontade. Acredito que os personagens do autor inglês têm seus momentos para serem interpretados de acordo com a vivência de cada ator. Eu por exemplo não me vejo em hipótese alguma interpretando Rei Lear mas talvez Ricardo III hoje aos 35 anos. E adoraria ter a oportunidade de interpretar Hamlet. Puxa, são tantos... mas devem ser feitos com esmero, ou seja com um cuidado extremo. Na OACSF montamos Romeo e Julieta quando interpretei Teobaldo, o primo de Julieta. Porém foi uma obra “bastante” amadora, feita com muito carinho e respeito obviamente mas uma encenação à altura da obra vai muito além disso.

 

 

 Hoje, o tão badalado Stand-up Comedy. Já lhe era uma arte no ano de 1999?!

 Sim, pois é, eu já fazia isso em 1999 para um público pequeno em eventos pontuais em um Hotel fazenda

em Minas Gerais onde eu trabalhava aos finais de semana como monitor de atividades recreativas. Eu e um grupo de artistas coordenávamos caminhadas, jogos esportivos, atividades na piscina e nas noites preparávamos pequenos números artísticos para serem apresentados no restaurante do hotel
. Eu contava piadas, contava histórias engraçadas (bom eu acreditava muito que eram hehehe), tudo baseado no arquétipo do mineiro sertanejo. Foi tudo muito antes de virar febre em são Paulo nos anos de 2000.

 

 

Foto: Thiago Bugallo

 

 Em termos consciente quais as implicações lhe vieram ao produzir e atuar na peça "Homo Sapiens Trocados” ?

 Homo Sapiens Trocados foi um espetáculo escrito e produzido a 6 mãos. Eu, Anna Cândida Machado e Marcelo Oliveira colocamos o projeto em prática a pedido, ou seja encomendado por alunos de um curso de administração se não me falha a memória. Desenvolvemos cenas cômicas baseadas em contos da Comédia da Vida Privada de Fernando Veríssimo no final dos anos 1990. O projeto ficou tão bem feito que resolvemos fazer mais algumas apresentações pela cidade e região. Me lembro de um fato constrangedor na época mas hoje não passa de um evento engraçado: Fomos contratados para apresentar a peça em uma cidadezinha mineira chamada Itamogi. A produção local era muito precária e não tínhamos nem teatro, iríamos nos apresentar em uma quadra poliesportiva... ah, e digo “iríamos” porque não chegamos a nos apresentar. No dia tudo deu errado... fomos cumprir com nosso compromisso e quando chegamos a cidade descobrimos que a peça não tinha sido divulgada, ou seja, não tínhamos público. Simples assim... Pra completar o tempo fechou, começou a chover e depois de esperar um tempo de tolerância, desmontamos tudo e voltamos pra trás!

 

 

 O que é para o ser emocional deixar a terra natal em busca de seus sonhos?

 Aos 20 anos de idade, morando em uma cidade pequena e pacata (naquele tempo ainda era, hoje o tempo é outro), do interior de Minas Gerais com o máximo de 50 mil habitantes. Um mundo restrito às vivências interioranas onde a janela para o mundo era a TV e seus programas sensacionalistas, vindo de família simples desprovida de alguma fortuna ou renda elevada... Toda minha aflição era com as dificuldades que eu iria encontrar em um lugar longe de casa e desconhecido. Deixar minha terra natal e partir em busca de novos desafios na verdade foi muito excitante.

 

 

Foto: Thiago Bugallo

 

 Quais suas palavras em relação ao aprendizado e evolução que torna-se comum para aqueles que aderem por meio do estudo as técnicas do genial Constantin Stanislavski?

 Existe alguma outra maneira de aprender uma técnica a não ser estudando? O ensaio, a repetição, a revisão... tudo que é disposto atenção e trabalho é estudo. Para uma boa execução de uma função seja ela qual for, é necessário técnica e a técnica se desenvolve e se aperfeiçoa com a prática. Pra mim, técnica e prática são inerentes e proparoxítonas! Stanislavski nos deixou o seu “método das ações físicas” para atuação e criação de personagens e nós fornece técnicas para desenvolve-lo, no entanto é um método em aberto que se recicla e se renova de acordo com seu tempo. Seus livros são prova disso onde em “a construção da personagem” ele usa certas técnicas que em “a criação de um papel” se contradizem. Porem ele nos dá a justifica e esclarece que em seu método é assim que deve-se ser. Eu creio nessa fórmula. Há uma década e meia atrás eu buscava meios para a concepção de um trabalho que hoje talvez não usaria mais pois percebo que para aquele propósito já se tornara obsoleto ou desgastado.

 

 

 Sua vida artística é fascinante, tão fascinante ao ponto de viver como ator, genialidades do grande Marquês de Sade?!

 Hehehe, isso foi uma pergunta ou uma afirmação? Sendo uma pergunta sim já tive o prazer (e bota prazer nisso) em montar um texto baseado na obra de Marquês de Sade. 120 dias de Sodoma com o Grupo Satyros em 2006. Foi uma experiência e tanto fazer parte de um elenco em um projeto tão denso e rodeado de tabus ou melhor dizendo, a quebra deles; E, sendo uma afirmação, realmente acho minha vida artística fascinante até aqui. A cada trabalho, a cada sessão, ao toque do sinal antes de entrar em cena meu coração sempre dispara como se fosse a primeira vez... uau! O fascínio está justamente ai.

 

 

Foto: Thiago Bugallo

 

 O quanto é especial ser um Produtor Executivo, em prol da arte?

 Se você não souber produzir seus trabalhos você vai viver dependendo da boa vontade dos outros... Isso não me parece muito seguro e coerente sabendo que temos contas para pagar como todo mundo. Não diria que é só em prol da arte, diria que é em prol da sua existência na arte. O Artista tem que ter a rédea de seus projetos, tem que saber administrar, traçar planos, estabelecer metas e garantir a execução de suas ideias. Por trás de toda arte final, linda e iluminada no palco, pronta e encenada, com seus atores, autor, diretor, cenógrafo, maquinista ou contra-regra, operador de som e luz, figurinista, todos artistas responsáveis por uma parte que compõe a obra finalizada, existe um maquinário quase que cartesiano para que tudo aconteça... O produtor executivo ajuda a executar tudo isso como um gerente. Se você souber executar essa função, mesmo que no começo você quebre a cabeça, certamente obterá sucesso.

 

 

Foto: Thiago Bugallo

 

 Um momento a qual no todo de sua carreira inspira todo o seu futuro?

 Essa resposta me parece muito simples então vou encher linguiça para dar uma resposta maior. Eu poderia dizer que quando muitos me conhecerem e conhecerem meu trabalho, ter fama vivendo glamourosamente sendo reconhecido e bem tratado onde eu entrar, então eu estaria completo! Mas não, de forma alguma! Não é isso que busco, nunca busquei... O momento é o agora, e agora eu faço o que gosto e sou feliz.  Já sou um privilegiado diante de muitos nesse mundo. Tenho uma filha linda que é a minha razão de viver, uma belíssima e talentosa mulher que vem caminhando ao meu lado e me apoiando. Quero somente poder ser o melhor pai do mundo pra minha garotinha e garantir meu sustento fazendo o que gosto. Mas se pintar um contrato bom naquela emissora você me dá um toque! Uma Harley e uma casa no campo não faria mal a ninguém.

 

 

Foto: Thiago Bugallo

 

 Além de todo um talento, você tem lá seus espetaculares momentos como mágico?!

 Hahahaha! É assim que é, tem que ser versátil, não precisa ser um expert em tudo mas, é sempre bom pro currículo de um ator ter um conhecimento amplo buscando se inteirar e se apropriar de assuntos, linguagens, estética... Isso ajuda na composição de uma personagem. “Um verdadeiro artista deve levar uma vida plena e interessante, diversificada e estimulante. Deve estar informado não somente do que se passa nas grandes cidades, mas também nas pequenas, nos lugares distantes, nas empresas e nos centros culturais do mundo. Deve estudar a vida e a psicologia do povo em meio ao qual vive, bem como de diferentes segmentos da população de seu país e exterior. Para chegar ao seu apogeu da fama, um ator precisa de algo mais do apenas seu talento artístico...” – Constantin Stanislavski.

 

 

Foto: Thiago Bugallo

 

 Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!

 O futuro à Deus pertence, não sabemos onde estaremos daqui a 1, 2 ou 3 minutos... fazemos uma ideia mas nunca teremos certeza do futuro até que ele se torne presente. Eu tenho a ideia de um documentário que já estamos trabalhando e deve ficar pronto logo. Sempre digo e repito, temos que viver o hoje, o agora, como se fosse o último momento aqui nessa vida...Atualmente sigo fazendo espetáculos infantis com muita informação positiva de bons hábitos, brincadeiras e mágicas por todo o Brasil além de visitas a hospitais para levar um pouco de alegria e descontração pra meninada. Volta e meia eu me sapeco na TV protagonizando alguma campanha publicitária.

 Se quiserem ver alguma coisa visitem meu canal no Youtube.com

 O link é esse aqui, sejam bem vindos: https://www.youtube.com/user/jroncatto

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