14/01/2015 às 22h16min - Atualizada em 14/01/2015 às 22h16min

Sara Yacov

Atriz, Bailarina e Coaching

Thiago Santos

 Thiago Santos: Quem é o ser humano Sara Yacov?

 Sara Yacov: Uma incógnita  quando se trata do ser Humano,  para  mim, que sou espiritualista,  vejo por vários  ângulos. O comportamento humano  não depende somente do  ambiente  onde ele é criado, as influências sociais, morais, religiosas,  mas  também  do “quantum de evolução espiritual”  que  o  Ser  já  traz.

 

 Sei que a música é a expressão máxima em sua graça irresistível. Mas fica a curiosidade em relação a uma criança que se encanta por esta beleza única! Como pode?

 As notas musicais  fatalmente  entrarão em contato ressonante com a criança,  pois ela está no estado mais puro de percepção  geral. Não tem como  nem uma criança  e nem um adulto  reagir  à vibração das notas... O que pode diferenciar é o tipo de música (dada a combinação rítmica), popular, clássica e outros, onde sempre  a percussão e/ou  instrumentos  ativam uma certa emoção... as músicas  com batidas rítmicas "quadradas"  são as que mais  as crianças  gostam.

 

 Quais sentimentos lhe tomaram em sua primeira apresentação como artista desta bela e fantástica arte que é a dança?

 Comecei muito cedo, a criança  não tem julgamento, simplesmente faz. Lembro-me  que  a timidez  imperava (risos). Tinha muita energia, era estabanada (risos), o ballet  ajudou a  disciplinar a  energia corporal. Sou grata  demais  a todos os mestres  que  tive a honra de conhecer, caso contrário  seria   uma adolescente terrível, no mau sentido da palavra(risos). Daí a importância das artes no desenvolvimento humano/social.

 

 O tempo passou e na adolescência você se rendeu ao “mundo” da interpretação! Quais importâncias houveram neste ato?

 Como  já comentei, a minha energia  era  demais, hoje os médicos diriam: hiperatividade,  na minha infância;peste. (Risos)

 Graças  a Deus  as coisas evoluíram. Para um artista só dançar não basta, só interpretar, não basta, o artista deve ter contato com a DANÇA, CANTO, TEATRO, pois assim  o universo  e o auto conhecimento se amplia.

 Participei de  um grupo amador  de minha cidade (TAMEJ), onde aprendi muito, pois éramos uma família. Tive a honra de participar do grupo Os Satyros, e me aventurei  em teatro comercial (Oh Calcuttá!), do qual fui criticada, viajei muito,  mas  a dança exigiu mais de mim e então montei o meu espaço holístico. Gosto mais de comédias e peças infantis pois  acho que  precisamos de leveza.

 

 Tento sempre imaginar como é para um ator se encontrar com seu primeiro personagem.

 Uau!!! O trabalho de laboratório de um personagem é inebriante e cansativo, pois não somos aquela  persona. Tanto na dança, quanto no teatro, encarnar outras emoções que não são as nossas permite que mergulhemos num  universo paralelo.

 Aos 17 e  aos 18 anos, interpretar uma persona  mais velha e louca. Foi alucinantemente bom, quantas dúvidas e receios de como trazer aquele peso para um corpo de adolescente?  Qual o tom de voz? Gemidos? Olhares? Desafios e mais desafios... lágrimas por não conseguir  fazer  e/ou entender  e lágrimas  quando  é entendido e o sentimento vir à tona. Grande demais!!! Isto tudo, decorrido meses.

 

 Não conformada entregou-se ao gênero comédia?

 Impulsiva e  até inconsequente, testes e mais testes, lá estava eu  no TBC, Teatro Brasileiro de Comédia, onde participei do único infantil que  o grande Plínio Marcos  fez. " O Coelho e a Onça" dirigida por Elizabeth Hartmann. Conheci Iacov Hilel  pessoas e artistas  incríveis, grandes diretores!! Fazer comédia  me interessou muito, pois meu espírito era compatível, além de ser mais difícil , pois  nosso  humor  altera-se todos os dias  e  influencia  na inflexão de voz ao dar a piada... O termômetro é a platéia que por meio  dos risos, demonstram se  atingiu o objetivo ou não. No infantil me sinto livre para estar  na essência das crianças, aí me jogo (risos).

 

 Lhe dar com um personagem voltado ao humor é uma ótima inspiração quanto  o enfrentamento da vida diante os seus dramas?

 Siiiiimmmmm,  pois  este é o combustível ideal  para  enfrentar  as dificuldades reais, mais ou menos  como se a realidade  fosse uma história e  vamos  laboratoriando( exercícios para entender a personagem e situação desta), para sair da situação.

 

 É gigantesca a diferença entre atuar e produzir?

 Uma diferença gigantesca, já que o produtor tem que olhar o todo, a logística  do começo, meio  e fim... atores ou bailarinos, cenário (se houver), iluminação, adereços, chegada, saída, divulgação, enfim, um produtor só dorme  quando a última luz  se apagar!

 Tenho vivenciado isto  em  produções de espetáculos de dança, feiras  que organizo, peças de teatro e no momento a produção de um documentário:  Sem Salário: O Pagamento de Um Voluntário!

 

 Nessas muitas realizações lhe vem a mente que para o ser humano, o que é denominado  impossível jamais ficará de pé, se este perseverar e dedicar-se ao que deseja realizar?

 A Alma não morre, o corpo sim...e o que podemos fazer  ao próximo? Como criar  possibilidades de partilhar coisas boas? No momento minhas ferramentas são  a dança, o teatro e as terapias... mas... almejo... creio que a perseverança é a realização de um sonho, sonhar realiza... Gostaria muito  de um dia  ter  um orfanato e um asilo unidos, pois o idoso  morre  de tristeza, esta tristeza  sumiria com o brilho das crianças, e  as crianças  receberiam o carinho  dos mais experientes... Um ciclo de vida... planta-se uma semente... e o sonho  não acaba... apenas transcende.

 

 Qual conselho você daria para aqueles que desejam viver diversas artes?

 Acreditar sempre, observar, ser humilde, questionar e doar-se!

 

 Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!

 Estou  em andamento com  o Projeto Viva Dança, com aulas  nos bairros, carentes  ou não. Todo artista precisar ir onde o povo estiver! Creio nesta máxima....e o documentário, já em andamento, já que o cinema  sempre foi um sonho!! Abordamos o  tema  do voluntariado,  porque  acredito que precisamos descobrir em nós o quanto podemos Ser  para poder ter,  doando um  tempinho, uma palavra...assim  gratidão  volta com a resposta!!!

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