19/09/2014 às 09h14min - Atualizada em 19/09/2014 às 09h14min

Robson Oliveira

Ator

Thiago Santos

 Thiago Santos: Para você, era impossível, nos primeiros passos, resistir ao charme da “Mãe” arte?

 Robson Oliveira: Digamos que era difícil pensar nisso, inverossímil. Até mesmo inusitado, um jovem  de 16 anos, filho de família pobre, criado só por sua mãe, com toda um dificuldade financeira. Que nunca tinha ido ao cinema ou teatro, sem referências, quer seja de um amigo, de um parente ou mesmo de uma pessoa próxima.

 Mesmo assim, miraculosamente me sentia atraído pela mágica que havia nas  peças de teatro amador a qual assistia. Eram peças produzidas pelo  grupo de teatro  da igreja. Havia também o "coral" e o grupo de "dança". Era a descoberta de um novo mundo, um mundo fascinante. E num certo dia, pedi para que me deixasse participar de uma encenação sobre a, "Paixão de Cristo". Primeira vez em cena.  Após este acontecido, fui convidado para fazer parte do grupo. Nos primeiros ensaios eu prestava mais atenção nos outros atores, com isso aprendi, e muito. As apresentações seguintes, foram terríveis. Não conseguia interpretar corretamente, faltava emoção e até o texto "cuspia". Tudo isto foi  um grande aprendizado. Então, acredito que a "Mãe" arte me escolheu. Cuidou deste, sempre com muito carinho e paciência. Lapidando este ator, sonhador e apaixonado pelo seu ofício.

 Sem modéstia alguma, sei que tenho vocação, graças a isso, sou apaixonado por esta arte. Felizmente, estou livre da grande loucura existente no caminho que visa o sucesso a qualquer custo. Hoje, trabalho e trabalho muito, enfrentando todas as dificuldades, sem nunca desanimar. E deste jeito, passo a passo, vou caminhando de mãos dadas, com aquela que é irresistível!

 

 O que aconteceu em sua carreira quando houve a mudança do teatro  amador para o de cunho profissional?

 Servi o exército brasileiro por dois anos. Nesta época, para não ficar de fora das apresentações, era preciso negociar a escala de serviço. Até que no ano de 1996, pisei no palco do, Teatro Barra Shopping pela primeira vez. Fiquei emocionado e bastou uma oportunidade para pedir baixa do exército. Tudo isso para se dedicar completamente ao teatro. Comecei a ter aulas de teatro. Sempre buscando contato com profissionais da área, fazendo testes e tudo que me era interessante, estava relacionado ao teatro.

 Outro fato importante em minha carreira, foram as apresentações voltada para o público infantil. Já que as crianças estão sempre atentas, são espontâneas e quando gostam aplaudem.

 Com toda esta mudança e diante aos novos acontecimentos, o resultado logo veio, quando recebi meu primeiro cachê e ali pude entender que um artista, pode viver e sobreviver. Isso é claro, através de muito trabalho e o principal, amor pela profissão.

 Outra coisa interessante está nas coisas simbólicas, exemplo, meu primeiro cachê, já que isso conta e muito, tendo um significado fortíssimo, para um ator que acabara de se entregar ao teatro, num nível profissional. Porém, o maior prêmio era quando eu descia do palco, sabendo que, tive uma boa apresentação, e isso não tem preço. Ser premiado com aplausos, naquilo que tanto amo!

 

 Qual conselho você daria para aqueles que estão dando os primeiros passos neste, belo mundo da arte?

 O que dizer, já que esta profissão é tão estável, sem segurança ainda, alvo do preconceito?! Estes serão os desafios, contudo, se o artista ama sua arte, e quem é verdadeiro, entende. Sendo assim, se entregue ao palco, sem medo, apenas faça da arte sua ferramenta de comunicação.

 Uma das coisas fundamentais, que aprendi com um querido amigo, ator e diretor, é amar o ser humano. O artista, o ator, ele tem que amar o seu semelhante; a sua energia, o seu pensamento, os seus projetos, tem que ser direcionado ao ser humano; de se comunicar com ele, de transformá-lo para melhor. Sendo assim, você artista que  sente um chamado, siga em frente. Procure ser honesto com as pessoas envolvidas e principalmente com o público. Seja diferente, disciplinado e ético. O trabalho do ator é muito importante e sério. Podemos atreves da arte, construir algo bacana por anos e num momento destruir tudo.

 Um professor de um curso de teatro, no qual eu era aluno, dizia a nós: "A luz do ator está em seu coração; daí ele se ilumina e ilumina seu próximo". Ilumine-se primeiro e depois com a sua arte, ilumine o seu público.

 

 O que o mundo pode citar sobre o artista Robson Oliveira?‏

 Que procuro ser leal e amigo com todos. Buscando a cada dia, ser, um pessoa melhor, mais tolerante, menos ansioso(ansiedade acaba comigo). O homem que se esforça para ser um bom filho, pai, irmão e amigo. Um aluno, sim um aluno, sempre em busca do conhecimento, principalmente relacionados a minha arte. Um aluno sempre atento ao que as pessoas dizem, tirando daí grandes lições.  Um cidadão que não descarta as pessoas, sabendo que todas são valiosas. Que se irrita com a injustiça. Amante da companhia dos mais velhos e também das crianças. O ator que agradece todos os dias, por poder exercer este oficio que, muito ama!

 

 Como se sente seu coração segundos antes da entrada no palco?‏

 Batidas aceleradas( risos), porém  feliz. Fora aquela insegurança que é natural, também  sou humano. Fora é claro o tradicional frio na barriga, além do medo terrível de esquecer o texto. Eu poderia citar dezenas ou até mesmo centenas de sensações. Mais o engraçado é pensar em coisas como: o que eu estou fazendo aqui, com essa roupa, na frente dessas pessoas? É exatamente assim que me sinto, porém, entro no palco e saio dele, mais feliz do que nunca!

 

 Sua arte é?

 Um presente de Deus. Tendo seu começo num grupo de teatro amador. E a cada novo trabalho, tomado de alegria e sentindo-se renovado. E o passo seguinte, começar do zero; nada sei, tudo preciso aprender e para tal, o segredo está na dedicação dos estudos. Compreendendo assim, cada personagem, desde como ele pensa, o que vê, sente e também suas movimentações.  Após tudo isso, basta subir ao palco e mostrar algo de valor e cheio de verdade para o público. E a recompensa vem quando eles se sentem felizes com o que estão assistindo!

 

 Para finalizar nos fale sobre seus projetos atuais e futuro!‏

 Arrepio e Trovoada é um espetáculo atual, produzido, em parceria com um grande amigo.  Também faço parte da Cia. De Lobos, onde trabalho com uma esquete: Os crocodilos de Clockvill. Além de fazer parte do grupo, Luzes da Ribalta, na peça, Amor por Anexins, de Arthur Azevedo.

 Breve irá estrear um novo trabalho. Por título de: A noiva do Condutor. Um texto de Noel Rosa.

 Sobre o futuro, tenho algumas obras que pretendo produzir, com personagens riquíssimos e apaixonantes.

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