23/11/2015 às 14h42min - Atualizada em 23/11/2015 às 14h42min

Marcio Saad

Ator

Thiago Santos

 Thiago Santos: Quem é o ser humano Marcio Saad?

 Marcio Saad: Um batalhador, amante das artes e quando digo artes quero dizer teatro, cinema, dança, circo ou seja toda manifestação artística. Amante da vida, sonhador, otimista. Pai de 2 filhos e avô de uma garotinha de 4 anos.

 

 Marcio?

 Apesar da repulsa do meu pai quanto a ter um filho artista nunca desisti do teatro. Fazia escondido com meu amigo Cláudio Lucchesi. Tinha um teatro na Ruth Escobar, na rua Treze de Maio, e na sexta, sábado e domingo lá estava eu fazendo um duende em: Os Amores de Belissa com Dom Pirlimpim em Seu Jardim.

 Depois entrei na faculdade para fazer administração de empresas na Fundação Getúlio Vargas, pois meu pai aceitava que eu estudasse lá. E mesmo lá fazia teatro com Sílvio Zilber e Miriam Muniz.

 Bem trabalhei na  Vulcan, Curt Laboratório Cine fotográfico e na então TELESP hoje Telefônica.

 Fiquei casado por 18 anos e desse casamento tenho 2 filhos Vanessa(36) e Rafael(32). Em 1996 me separei e em 1998 fui fazer um curso de teatro no Teatro Escola Macunaíma e em 2002 finalmente tirei meu DRT.

 E ai em 2004 fui demitido da Telefônica e em abril de 2006 perdi minha melhor amiga, minha mãe. Então voltei a fazer cursos para se atualizar. E aí mergulhei de cabeça no teatro.

 

 Sua graça é formado em Administração de Empresas?

 Formado em Administrador de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas trabalhei por 35 anos para poder dar o melhor para minha família.

 

 Quais emoções lhe vieram no momento em que decidiu se tornar um artista?

 Olha quando pisei no palco do teatro Escola Macunaíma pela primeira vez apresentando em “Busca dos Moinhos de Vento”,  uma adaptação de Paco Abreu do texto de Fernando Arrabal.

 Eu percebi que era ali no palco que eu me realizava e desde esse dia quero permanecer atuando enquanto eu estiver por aqui.

 

 Querido o quanto foi importante para você o processo de qualificação artística?

 Quando estava fazendo o curso Clássico no então Liceu Eduardo Prado tinha um amigo o Nelson Teperman que me chamou para fazer um curso com o grande mestre Eugênio Kusnet. Esse foi realmente um presente de Dionísio, pois com o Kusnet eu comecei a aprender a arte de representar e daí em diante tomei gosto pelo teatro. Eu me considero agraciado pois pude ter contato com alguns dos “monstros”  sagrados do teatro. Vou citar os que me lembro, mas peço desculpa se esquecer de alguns: Mirian Meller; Raul. Cortês; Ruth Escobar; Cláudio Corrêa e Castro entre tantos com os quais fui aprendendo e isso é muito importante pois me deu todo o alicerce para ser hoje um bom ator. Com cada um aprendi um pouco e hoje sou o que sou graças a esses mestres.

 

 Nos conte tudo o que sentiu em sua primeira apresentação!

 Como disse antes minha primeira atuação foi no Teatro Escola Macunaíma Em Busca dos Moinhos de Vento com direção do meu primeiro professor de atuação Paco Abreu. Foi um misto de medo, muita adrenalina e ao final do espetáculo tive a sensação do sonho realizado.

 

 O quanto é tocante no todo de seu ser esta solene arte da interpretação?

 É realmente gratificante poder atuar e estar no palco, pois por ser o mais velho da turma de teatro sempre me cobrei muito. Sou um perfeccionista inveterado. Não admito erros. Por essa razão a cada novo personagem que construo é baseado na minha experiência de vida e cada um desses personagens passa a fazer parte do rol de "troféus" que eu guardo em minha lembrança.

 

 Espetáculo “Missa Arrabalina”?

 Esse foi meu segundo trabalho no Macunaíma e pela segunda vez dirigido pelo Paco Abreu e foi um grande desafio pois interpretava 2 personagens: um padre que se apaixonava por uma jovem e por isso me penitenciava me chicoteando e isso era muito sério e tenho certeza que causava muito impacto no público ( durante a apresentação eu ouvia algumas vezes alguém na platéia murmurar: coitado isso deve doer) e o outro personagem era um cara que tinha uma tara que era se vestir como mulher quando transava com a esposa. Olha foi dificílimo, pois não sabia qual seria a reação da minha mãe que sempre me prestigiava com sua presença e a dos meus filhos. Mas ao final das apresentações percebi o quanto podia ser versátil e o que representava no palco era o ator Marcio e não o Marcio administrador de empresas.

 

 Como foi fazer parte de um espetáculo que tinha como pano de fundo o texto do genial Anton Pavlovitch Tchekhov?

 Foi realmente um privilégio fazer parte dessa montagem pois além de ser o espetáculo de conclusão de curso portanto de uma turma bem mais avançada do que a que eu estava foi outro grande desafio a construção do meu personagem que era um Velho que estava muito doente e tinha que tossir muito em cena e tomar cuidado para não atrapalhar o meu texto e o mais difícil, passava o tempo todo deitado  e o máximo que podia era levantar o tronco apoiando as mãos no palco. Realmente foi um grande trabalho que consegui vencer todas as dificuldades e criar um Velho jogado no chão de uma Taberna a beira da estrada real e maior ainda foi a confiança do exigente e competente diretor Luiz de Assis Monteiro.

 

 De Anton Pavlovitch Tchekhov para o mestre Jean Baptiste Poquelin Molière?

 Realmente essa foi uma experiência dos  Deuses pois ensaiava o drama “Na Estrada Real”  com o Luiz e ensaiava essa comédia divina com o Fausto Viana. Foi nesse espetáculo que percebi que tinha no sangue a " comedia". Foi realmente um grande aprendizado. Um ator tem que ter a versatilidade de viver os mais diferentes personagens e isso eu consegui.

 

 Cada personagem vivido por você tem o peso de?

 Cada personagem tem o peso de uma vida, pois a cada personagem crio uma historia, um porque e uma razão de estar ali no palco contando a sua historia.

 

 Se importa em expressar palavras que se tornem sinônimo de inspiração para o amigo leitor que também deseja viver em prol da arte? E também uma frase que seja capaz de descrever o que você sente por fazer algo que muito ama?

 Ser ator é sinônimo de dedicação, estudo, paciência, resistência ao cansaço físico e mental, renúncia as outras coisas da vida para se dedicar a ensaiar no mínimo 5 horas por dia.

 A minha frase é: Ser ator é ter a oportunidade de levar amor, sonho, riso, lágrimas para as pessoas que te prestigiam com sua presença e principalmente atenção.

 

 Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!

 Meu projeto futuro é levar as peças para outras cidades do Interior de São Paulo dando oportunidade para que os moradores dessas cidades possam ter contato com essa arte tão pouco difundida no interior.

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