Quem é o ser humano Henrique Santana?
Na verdade é muito difícil me definir com palavras porque eu estou em constante mudança, sempre contraditório, aprendendo os dois extremos da vida e julgando as ideias que devem ser o cerne da minha trajetória de vida. Mas sobretudo, sou apenas um amante da vida, da existência humana e sua capacidade de produzir sentimentos e sensações as vezes tão alhures. Com 17 anos escrevi uma frase que poderia ser a legenda da minha existência: Eu não sou tão pequeno a ponto de ser definido, codificável.
Como percebeu que o seu viver estaria ligado ao mundo da arte?
Desde pequeno eu já era arteiro (risos), era aquela criança que fazia as graças e chamava atenção nas festas de família. Então isso foi muito natural até que eu entendi que eu precisava dar forma aos meus sentimentos para compartilhar minhas experiências com o outro, assim segui na dança e depois no Teatro.
Já aos 13 de idade se dedicava em prol da arte da dança e tudo isso resultou em prêmios?
Sim. Na verdade tudo isso resultou em um gozo pessoal, fazia pelo tesão de estar no palco e me expressar, ai sim ganhei alguns prêmios regionais de São Paulo e depois com a arte Sacra em Mauá e Joinville. E até hoje como dançarino de Street Dance desenvolvo uma pesquisa do “Domínio do movimento, a partir da expressão corporal proposta pelo Hip-hop”.
Condição Humana?
Sempre soube que o que eu queria no mundo era discutir a condição humana, desde que me dou por gente escrevo sobre a vida partindo do que penso sobre ela, e passei por um período religioso tentando encontrar um caminho que me desse a possibilidade de ser mais incisivo com a prática disso, mas depois de quatro anos compreendi que aquilo ainda era pouco pra mim e então fui recebido pelo teatro através do Diretor Leandro Alves que me apresentou o Teatro como algo quase que religioso, sério e não só uma profissão de mercado, lugar esse onde eu encontrei a ferramenta que eu precisava para prosseguir com minha ânsia de discutir a condição humana.
No dia de hoje e baseado em sua experiência ao direcionar a qualificação em prol de sua paixão é o caminho que levará um ser humano ao crescimento pessoal?
Depois de trabalhar um tempo com o Leandro ele me apresentou o mestre Chico de Assis (do SEMDA do Teatro de Arena) e ai como discípulo do mesmo, encontrei no teatro a melhor ferramenta para refletir junto com a humanidade a arte de viver, e não só de estar na vida. Depois da minha primeira formação com o Chico, tive a certeza de que era de teatro que eu deveria viver, assim já encabecei meus estudos em Artes Cênicas na Faculdade Paulista de Artes, depois passei pela Eve Doe (Theátre du Soleil) e muitos outros mestres desta artimanha que é o Teatro.
O começo nos palcos?
A primeira peça de expressão que eu fiz foi Colombo a História de um Sonho” do Chico de Assis que dirigiu e escreveu, permitindo junto com o Leandro Alves que eu terminasse de escrever a peça, pois o Chico adoeceu durante o processo.
Também fiz O Despertar da Primavera com direção de Paulo Oseas onde fiz o protagonista Melchior Gabor e também assinei assistência de direção e coreografia da mesma.
Também atuou em musicais?
Sim. Em dois, ambos com direção do André Latorre: Rock Horror Show onde fiz um dos protagonistas, Riff Raff e depois em Hairspray, onde dei vida ao protagonista Corny Collins.
Amo este gênero por ele dar ao ator a possibilidade de explorar com mais amplitude as outras linguagens como dança e canto.
Durante o ano de 2014 você trabalhou como orientador artístico?
Isso. Durante o ano de 2014 fui orientador artístico do projeto Ademar guerra (Governo do Estado de São Paulo), onde viabilizava e ministrava conteúdos artísticos para grupos de teatro do interior de São Paulo, sobretudo o grupo Plantear de Campinas. Ainda hoje cumpro este papel, porém fora do Projeto Ademar Guerra, alguns grupos me contratam para fazer um trabalho ou outro de orientação.
Aplauso Brasil?
Sim, no meio do ano de 2014 fui convidado pelo Michel Fernandes a fazer entrevistas com grandes atores e escrever matérias de cunho artístico-pedagógico sobre interpretação. E até hoje as faço, as últimas foram com Juca de Oliveira e Cleto Baccic, ambos premiadíssimos pela arte de interpretar. Além de colaborar com o Prêmio Aplauso Brasil de teatro.
Teoria teatral para formas de execução que partem das inquietações humanas junto com um método de interpretação cênica?
É, não contente com o caminho trilhado para executar o teatro hoje, a um ano escrevo sobre como e de onde devemos partir para o pensar teatral, ainda é tudo muito novo até pra mim, ainda estou em muita pesquisa para bem desenvolver de forma sistemática e pedagógica esta teoria, partindo das necessidades humanas e assim dar forma, gênero, estética, concepção para uma criação artística.
No dia de ontem (15/06/2015) sua graça atuou num espetáculo que continua em cartaz!?
Sim, ontem tivemos uma apresentação de Cleansed/Purificado da genial dramaturga Sarah Kane com direção do André Latorre. E temos mais 4 apresentações no Teatro Ruth Escobar, respectivamente nos dias 16 e 17 de Junho sempre as 19h e 21h. Com entrada Gratuita. Nesta montagem faço o protagonista Tinker.
Qual o conteúdo e principal objetivo do espetáculo Cleansend?
A autora Sarah Kane, depressiva e esquizofrênica, relata no texto tudo que acontecia na sua cabeça durante este estágio de surto que elas estava, assim, o espetáculo aborda o poder que o outro tem em nos despersonalizar e até onde nosso instinto é capaz de chegar quando quebramos a barreira da ética e da moral, entre outras coisas.
Nos fale de seu personagem e como está sendo sua parceria com ele?
Tinker, protagonista da peça, é um ditador cético, quase desprovido de sensibilidade, ética e moral que no decorrer da peça é o responsável maior pela despersonalização de todos os outros personagens e ele também sofre uma transformação de cunho afetivo na peça. Me relacionar com ele está sendo um aprendizado enorme por ter identificação instintiva com ele, mas que em paralelo eu nego algumas ações naturais por questão ética e moral, coisa que o Tinker não nega jamais.
Quem assistir o espetáculo obterá quais lições para o todo de suas vidas?
Mais que uma lição, é uma reflexão sobre a vida, sobre o poder e sobre a nossa mente. Quem assiste a peça, jamais consegue sair de lá e sair pra comer um pizza por exemplo, o espetáculo faz com que tenhamos um choque com nossas próprias mentes, que entremos num labirinto provocado por nós mesmos. E claro, notar o quanto os outros nos modificam.
Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!
Como citado acima estou em cartaz em Cleansed no teatro Ruth Escobar.
Trabalhando na assistência de curadoria do Centro Cultural São Paulo, e encabeçando um novo projeto chamado Encabeçando o “Práticas Teatrais - Grupo de Estudos-práticos”, projeto junto com amigos da Escola de Artes Dramáticas (EAD), grupo NATA, Faculdade Paulista de Artes como Thiago Nascimento, Jordânia Miranda, Agustin Carvalho, João Said, Edson Thiago, Lucas Nadin, Leandro Alves e etc. O projeto consiste em um grupo para o treinamento artístico dos participantes, onde a cada 2 meses um dos participantes tem o projeto de orientação escolhido e dirige a aprendizagem do grupo, rotativamente.
Com intuito de dar ao artista teatral um espaço-tempo de treino e diálogo para troca de experiências, bem como colaborar com a história do teatro brasileiro vivido na capital paulistana.
Entre outros projetos que ainda estão em andamento para acontecer, isso mais pra frente coloco todos em contato.
Link’s e Contatos:
Canal de Vídeos:
https://www.youtube.com/user/Henrynasc1/videos
Página:
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Email: [email protected]
