11/06/2015 às 09h50min - Atualizada em 11/06/2015 às 09h50min

Adriana Pires

Atriz, Cantora e Professora de Montagem Teatral; e a arte sempre premiará com o todo, existente na felicidade, aqueles que segundo ela viverem

Thiago Santos

 Quem é o ser humano Adriana Pires?

 Eu sempre fui muito curiosa, desde pequena, e essa curiosidade das coisas e principalmente das pessoas é que me levou a ser atriz. Eu gosto de pessoas, todo tipo de pessoas. E eu gosto de observar as pessoas e refletir sobre comportamentos, pensamentos, desejos, medos.

 Nunca gostei dos caminhos óbvios. Sempre fui desbravadora. Tento não ter medo do erro e nem de rever tudo que eu acredito, sempre. Sou muito dedicada. Amo muito a minha família!

 

 Qual foi o momento em que se deu conta de que pela arte, sentiria amor?

 Quando eu tinha 12 anos meu pai morreu e eu achei que nunca mais ia ser feliz na vida. Eu não tinha amigos no colégio e a minha mãe insistiu pra que eu fizesse teatro para me soltar e tudo mais. Daí quando subi no palco, me apaixonei por tudo! E fui feliz muitas e muitas vezes! (e ainda sou e serei outras tantas!!)

 

 A qualificação foi uma premissa para o seu aperfeiçoamento?

 Sim, claro. Eu vim de uma família de médicos, psicólogos, engenheiros e nenhum ator. Sem estudar muito, ninguém ia me levar a sério em casa.

 Eu adoro estudar. O dia que eu parar de aprender, eu morro. Adoro descobrir técnicas novas. Conhecer métodos. Experimentar. Já tive o prazer de aprender com: Yoshi Oida, Sotigui Kouyaté, Andreas Simma, Luís Melo, Flávia Pucci, Ivan Feijó, Edi Montecchi, entre muitos outros.

 O aperfeiçoamento técnico é algo que nem sempre é valorizado no Brasil, mas é muito importante. A arte está em constante movimento e o ator tem que sempre estar conectado a essas mudanças. Mesmo que seja pra questioná-las.

 

 


 

 

 

 O primeiro personagem a fez sentir?

 Engraçada! O meu primeiro papel me fez descobrir que sou uma pessoa engraçada. Eu fiz a Mulher do Padeiro do “Auto da Compadecida” de Ariano Suassuna na escola. Foi um sucesso estrondoso no Dante Alighieri, foi a retomada do teatro da escola e lotou em todas as apresentações. Até então, eu não sabia que podia fazer as pessoas rirem tanto.

 

 Ao atuar em diversas peças teatrais pôde viver quais emoções

 Acho muito difícil descrever emoções. E na verdade quando o trabalho é mesmo de verdade, quem se emociona é a plateia e não o ator. O ator na verdade se desnuda em cena. Expõe seu personagem. E isso provoca emoções na plateia. No teatro o momento é único. Nunca mais o mesmo espetáculo, no mesmo dia, com o mesmo público. É totalmente efêmero. E isso é a magia do teatro. E o ator não deve ter apego. O ator no teatro deve ser liberto.

 Eu já fiz muitos personagens e vivi muitas emoções com eles. Já fiz de moleque de rua a puta, passando por personagens históricos. De época, atuais. Peças cômicas, dramas e tragédias. Eu fico muito diferente de um trabalho para outro e gosto dessas transformações. E das diversas experiências.

 

 Quais os maiores benefícios e também desafios vividos numa peça em cartaz por cinco anos?

 Foi um grande aprendizado. A peça “Perdoa-me por me traíres” dir. Marco Antônio Braz foi muito importante na minha carreira.. Foi a minha primeira peça profissional. A priori ficaríamos 2 meses em cartaz, mas permanecemos em cartaz por 5 anos. E durante esse processo, me deparei com uma questão técnica que mudou a minha carreira. Eu morria na peça gritando ao som de “Magical Mistery Tour” dos Beatles (no volume máximo). Usava uma camisola, cabelos molhados e descalça. A minha voz não aguentou, pois eu não tinha técnica. Ai eu corri pra minha querida professora e fonoaudióloga, maravilhosa, Edi Montecchi e passei a me dedicar arduamente ao aprimoramento da técnica vocal. Desde 2009 eu dou aula de voz na Escola de Atores Wolf Maya.

 Já estive em cartaz com outras peças por períodos longos. “Os Collegas” dir. Johana Albuquerque ficou em cartaz por cerca de 2 anos. O importante em longos períodos em cartaz é manter-se vivo. E se o elenco é afinado sempre é uma boa experiência.

 

 Ser premiada como melhor atriz enaltece toda perseverança até aquele momento?

 A experiência com o telefilme que protagonizei em 2010, o “Segundo Movimento para Piano e Costura” – dir. de Marco Del Fiol, produção de Phillippe Barcisnki, foi muito especial. Eu vim do teatro, mas me apaixonei pela linguagem do cinema. Desde 2009 vinha me dedicando a pesquisa da linguagem cinematográfica junto com meu marido, Daniel Lopes, que é ator e roteirista. E a oportunidade de atuar nesse filme foi um presente maravilhoso. O Marco Del Fiol é uma grande diretor, muito sensível generoso. No cinema o ator é parte de um todo bem maior. O filme ganhou os prêmios em 2011 no BraffTV of Toronto de melhor atriz, direção e filme.

 Acho que os prêmios são pequenos sinais de que estamos no caminho certo. E nos dão fôlego pra continuar num caminho tão incerto como o nosso.

 

 

 

 

 Blindness?

 Foi uma participação afetiva no filme, bem pequena. Foi muito bacana participar de uma super produção com atores incríveis como a Julianne Moore. Grande parte da produção de cinema no Brasil ainda tem verbas bem menores. Os cachês dos atores de cinema também são bem menores do que de publicidade ou mesmo séries. Os atores fazem por que amam fazer e não por dinheiro.

 

 Também fez participações em novelas?

 Fiz muitas, mas nada muito significativo. A linguagem das novelas está em transformação. É um gênero já um pouco ultrapassado. Acredito que as séries vão dominar o mercado em breve. Faço bastante coaching para atores em novelas e séries. Para quem não sabe o que é isso: eu ensaio com os atores as suas cenas antes deles gravarem. E vejo um reflexo dessa mudança da linguagem, no que os diretores gostam em termos de interpretação e no jeito de filmar os trabalhos também.

 

 Idealizadora, compositora e cantora?

 Quando fui estudar a voz descobri a música. Ai em 2001 Paula Pretta (atriz e cantora incrível!)  e eu, criamos o Fulerô o Esquema. Começou como uma brincadeira. Nós já fazíamos performances para grandes festas de música eletrônica e já conhecíamos muitos Djs e produtores musicais. Começamos a escrever músicas com crítica social, mas ao mesmo tempo engraçadas. Nossa música mais conhecida “Mina de família” ainda é um hit da festa Gambiarra e super tocada por Djs brasileiros. Dá pra ver o clipe dirigido por Doca Corbett da Pródigo Filmes no youtube.

 A banda teve remixes lançados na Europa e nos Estados Unidos, produzidos por Djs como: Disco D (produziu o 5 cents), Soulslinger, Jerome Hill, Camilo Rocha, Periférico, Will Robinson, Noisyman, Black Mass Plastic, entre outros.

 Foi uma experiência incrível!

 

 Qual é a satisfação que se encontra ao ministrar aulas?

 Eu gosto da troca com as gerações mais novas. Adoro jovens! Sempre gostei! Os jovens tem uma visão do mundo menos viciada. Tem mais desejo de mudança. E isso tem a minha cara! Tenho muito tesão em dar aulas.

 E tem um pouco de egoísmo da minha parte também. Você aprende e reaprende enquanto ensina.

 

 

 

 

 Pode descrever por meio das palavras  todas as emoções que este fascinante mundo da arte tem lhe proporcionado até o dia de hoje

 Impossível descrever. Acho que já falei tanto. O melhor é assistir aos trabalhos.

 

 Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!

 Eu e meu marido estamos finalizando nosso curta sobre a falta de água – “Seca” e nos preparando para iniciar a produção do longa que ele escreveu e eu vou atuar que tem o nome provisório de “Aquário”. O longa fala do machismo na sociedade brasileira. Ainda estamos envolvidos em mais 3 ou 4 projetos pra 2016! Correria deliciosa!!!! 

 

 

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