31/03/2015 às 10h08min - Atualizada em 31/03/2015 às 10h08min

Josué Matos

A verdadeira felicidade está na própria casa, entre as alegrias da família. Leon Tolstoi

Thiago Santos
Thiago Santos

 Quem é o ser humano Josué Matos?

 Olá, gostaria de agradecer ao convite para entrevista. Sinto-me honrado e feliz por estar participando de sua “ coluna ”. Bem, o Josué é, acima de tudo, humano. Isso significa que é imperfeito. A partir dessa aceitação, fica mais fácil aceitar meus defeitos e qualidades. Sou uma pessoa extremamente teimosa, em compensação, tenho um coração enorme. Todos me definem como parceiro, amigo, responsável, correto, honesto e leal, apaixonado por empreender. Me defino como uma pessoa em busca de seu sonho, sem passar por cima de ninguém e, sempre, fazendo o bem. Pois acredito que fazendo o bem você receberá o bem. Ajudar é gratificante, saber que você tocou a vida de uma pessoa e, com isso, a fez feliz, é muito bom.

 

 Um vendedor de livros?

 Sim, naquela época era comum existirem vendedores de livros. Pessoas que colocavam um catálogo de títulos numa pasta e saiam visitando as casas das pessoas. Eram semeadores de sonhos. Hoje existe a internet, que facilita muito as coisas, todavia, às vezes, o que nos trás facilidade nos tira magia... Devo muito a esse mago anônimo. Ele plantou em mim a semente de escritor e me transformou imediatamente em leitor assíduo. A chave para outros mundos. Até hoje acredito que eles foram para uma terra distante, assim como tantos outros heróis de nossa imaginação. Um sincero e emocionado obrigado a essas pessoas que fizeram a vida de tantas pessoas mais feliz, com o suor de seu trabalho e sua pasta de sonhos.

 

 Admirável a percepção e posteriormente a decisão que sua mãe tomou!

 Não só admirável, mas uma prova de amor incondicional. Minha mãe era uma pessoa sábia. De família simples do interior da Bahia, é surpreendente que aquela mulher que pouco teve na vida, teria a imensa sabedoria de dar o que a alma mais precisa, sonhos. De poucas posses, fez um incrível esforço financeiro para me comprar três livros, ao ver meus olhos brilhando de fascínio pelas obras. Quando os livros chegaram em casa pelo correio, ela fez questão de fazer uma festa. Com um beijo carinhoso me disse: “Meu menino, isso aqui não é só papel e tinta, são portas para outros mundos, asas para seus sonhos. Nunca desista deles. Eu te amo, filho”. Fico emocionado até hoje com essas palavras. O saudosismo vem a tona, como ela foi importante para mim. Como sua humildade me ajudou a formar meu caráter. Quanta falta sinto dela...

 

 Houve um momento em sua vida ao qual você novamente se entregou para a arte da escrita iniciando então o primeiro trabalho como escritor! O que foi determinante para tal?

 Vindo de uma família simples, desde cedo precisei trabalhar para ajudar nas despesas de casa e pagar minha faculdade. Devido ao trabalho e estudo, acabei deixando o sonho de escrever para o futuro. Todavia, a cada ano que passava a vontade de colocar meus sonhos fantásticos no papel, ficava cada vez maior.  Iniciei uma despretenciosa historia de ficção cientifica, sou fã do gênero (risos), onde fazia um paralelo entre seres de outros planeta e o místicismo de nossa raça. O livro estava se desenrolando bem, mas, sem aviso, minha mãe foi chamada para outro plano. Com apenas 25 anos, vi meu mundo desaparecer. Filho único de mãe e sem preparo para a realidade cruel que a vida nos impõe, precisei assumir responsabilidades financeiras e emocionais em 24 horas. Compulsoriamente, amadureci dez anos em um mês. Perdi quase tudo, meu livro, meus sonhos e, até minha identidade. Graças ao apoio da família consegui passar por essa fase da vida. Mas, demorei 12 anos para ter estrutura emocional para voltar a escrever. Com mais experiência, a centelha da escrita surgiu de novo. E, com ela, a esperança de, mais uma vez, sonhar.

 

 

 

 

 Tratando-se das emoções quais lhe vieram no momento em que concluiu o seu primeiro livro?

 No primeiro momento, alívio. Durante o caminho, por muitas vezes, tive dúvida se conseguiria terminar. Talvez pelo estigma da primeira tentativa, não sei. Depois, o reli como um leitor. Achei excelente. Nesse momento meu coração se encheu de orgulho, havia feito uma coisa boa, de qualidade. Acho que o li uma dezena de vezes. A sensação de ter feito algo bom é indescritível. Por último veio o medo, será que alguém vai gostar disso? (risos) Hoje percebo que a soma destas emoções foi como um batismo para meu amadurecimento como autor.  Esses três anos de dúvidas e receios foram necessários para me tornar o que sou hoje. Eles determinaram meu perfil de escrita, minha narrativa, minha alma nas letras.

 

 

 

 

 O que foi determinante para que você mergulhasse na escrita de romance policial?

 Meu gosto literário. Sempre gostei de livros em que o mistério fosse à peça chave. Confesso que também adoro ficção cientifica. Meus primeiros livros foram de Aldous Huxley e Stanisław Lem. Mas, foi Agatha Christie e Sir Arthur Conan Doyle que sempre me encantaram. O jogo de dúvidas e incertezas fazendo você não desgrudar do livro até o final para desvendar o mistério, me fazem fã desse tipo de literatura. O uso de sua imaginação para tentar decifrar os enigmas é genial. Adoro romances policiais.

 

 Nos faça um resumo de seu livro e complemente nos dizendo sobre a importância do mesmo!

 O livro conta a história do Léo, um adolescente comum, que tem seu irmão mais velho assassinado. Com o trágico acontecimento, sua mãe entra em estado de choque e é internada, seu pai vai em busca de vingança. Ele acaba sozinho com suas dúvidas e medos. Se sente abandonado pelos pais. Desde pequeno foi posto em segundo plano, por isso, era infeliz. O livro traça o seu caminho até o encontro da felicidade ou, de sua condenação ao sofrimento. Será uma escolha dele.

 O livro tem diversos fatores importantes e os acontecimentos relatados são baseados em fragmentos de acontecimentos reais. O texto retrata problemas cotidianos que muitas vezes fechamos os olhos para tentar evitar o assunto. Questões como: o uso de drogas em escolas; o assédio de professores a alunos; o casamento de pessoas do mesmo sexo; a adoção por casais homossexuais; o abandono dos filhos pelos pais por falta de tempo. Mas, acima disso tudo, o livro mostra que uma única ação errada que você cometa, pode trazer grande impacto a sua vida e a de outras pessoas.

 

 

 

 

 Livro pronto, porém antes de ser publicado você o “engavetou”

 Sim (risos), nunca tive o desejo de publicar, na realidade. O livro era mais uma realização pessoal, uma forma de agradecimento a minha mãe. Com o sentimento de dever cumprido, acabei deixando-o como minha leitura de cabeceira. Depois de algum tempo e, timidamente, deixando alguns amigos o lerem, fui incentivado a publicar. Saí em busca de informações sobre publicação na internet. Comecei a pesquisar e vi que, mesmo depois de escrito, todo texto precisa de revisão. Em busca de um revisor, acabei encontrando um amigo que me ajudou muito na descoberta de meu estilo literário. Reescrevi o livro com uma narrativa própria. Finalmente tinha uma obra que podia apresentar ao público. Esse momento foi um dos mais felizes de minha vida.

 

 Com base pessoal relacionada na arte da escrita qual seria a sua opinião do porque os livros são irresistíveis?

 São chaves para outros mundos. Pequenas, que podem ser levadas com você para qualquer lugar. Além disso, elas não têm formato definido, e, por isso, uma mesma chave pode levar pessoas diferentes a lugares diferentes. Isso para mim é mágica. Ao contrário dos filmes onde o diretor passa a visão dele, nos livros a sua interpretação é a que vale, você é o senhor de seus pensamentos. E, com os olhos fechados, consegue enxergar mundos únicos. Feitos com base em suas experiências e desejos. Essa liberdade imaginativa, apenas os livros podem lhe dar. Cada exemplar tem sua própria história, que se confunde com a do leitor. Quando escrevo, sei que a cada leitura feita, a história muda, se transforma. Depois de um tempo, você percebe que quem muda é você. Adoro escrever, mais, acima de tudo gosto de ler. Acredito veementemente que os livros podem mudar o mundo.

 

 Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!

 Acabei de lançar o livro “Eu, Inabalável” na versão em inglês sob o título “Unwavering, Me”. Nesse momento estou me dedicando a divulgação dele pela Amazon e Create Space. Além disso, meu segundo livro foi inscrito no prêmio SESC de literatura. É um romance agnóstico bem legal, escrito com muito carinho. Espero chegar aos pré-selecionados. Paralelo a isso tudo, e, junto com um escritor amigo, estou escrevendo mini-contos para uma coletânea. Para o futuro,  escrever mais uma aventura de Valéria e Marcos, os detetives de meu primeiro livro. Também o desejo de montar uma loja virtual para venda direta de meus livros. Tenho um projeto legal na cabeça e estou analisando o investimento. A ideia é vender livros, camisetas e brindes temáticos. O leitor compra um livro e ganha uma camiseta ou caneca personalizada. Mais meu grande objetivo é estar numa editora tradicional, quem sabe esse ano eu consiga?

 

 

Link
Leia Também »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp