12/01/2015 às 08h38min - Atualizada em 12/01/2015 às 08h38min

Regina Yuriko

Fotógrafa e Modelo

Thiago Santos

 Thiago Santos: Quem é a mulher Regina Yuriko?

 Regina Yuriko: Mas que pergunta complexa logo para começar! (Risos). Eu não gosto muito de falar sobre mim mesma, então vamos dizer que uma característica minha é ser assim uma pessoa um pouco misteriosa. Gosto que me percebam e me olhem de verdade. O que posso dizer é que sou exatamente o que você enxerga através do meu trabalho. Então observe e descubra(risos).

 

 O que pensou antes do passo que a introduziria na primeira agência de modelos sendo o começo de sua trajetória até os dias de hoje?

 Bom, na época eu era adolescente, tinha 16 anos, e ser modelo é meio que moda nessa fase né (risos). Acontece que entrar em uma agencia de modelos não é o mesmo que ser modelo. Hoje em dia existem inúmeras pseudo agencias que ganham mais dinheiro vendendo books para as meninas do que arrumando trabalhos para elas. Alias isso é uma realidade para a qual eu gostaria de chamar a atenção e alertar.

 A primeira agencia em que eu entrei era desse tipo. Eu era bastante inocente ainda e não conhecia muito como as coisas funcionavam. Depois eu tive contato com outras agencias, e comecei a fazer alguns trabalhos, o que ajudava a ganhar um extra na época em que eu cursava a faculdade de jornalismo.

 Depois fiz uma viagem ao Japão e lá tive a oportunidade de conhecer um mercado bem mais organizado. O campo para modelos e outros profissionais da moda é bem melhor e mais abrangente por lá. Isso porque até mesmo a micro padaria do bairro, se quer fazer um panfleto, contrata toda uma equipe de profissionais. Não é como aqui, que o dono chama uma amiga bonitinha pra posar e um parente que acabou de comprar uma câmera melhorzinha pra fotografar.

 Por aqui existem muitos trabalhos sem cachê, o que é um absurdo. Mas é possível, porque muita gente faz só pela “chance” de aparecer. O que na verdade não é chance nenhuma, pois vão sempre continuar te chamando para fazer coisas de graça, e quando você achar que já tem experiência e quiser cobrar, vão simplesmente chamar outra pessoa que faça de graça no seu lugar. E assim se alimenta toda uma situação de desvalorização dos profissionais da área.

 Claro que aqui também existem ótimas agências, bons trabalhos e excelentes profissionais. Hoje me sinto muito feliz por poder fazer trabalhos de moda alternativa, que é o que eu gosto. Mas não foi do dia para a noite que as coisas aconteceram. Já fiz trabalhos que não tinham nada a ver comigo e que nem gosto de mostrar(risos). Vida de modelo não é só glamour. Tem que ser realista, batalhar e ficar esperta para não cair nas ciladas que tem por ai.

 

 A junção cultural do nosso país com o Japão acrescentou quais valores voltados ao campo da moda?

 Ah eu sou muito influenciada pela moda japonesa. Eles tem uma moda alternativa riquíssima, com muitas variações de estilo. Tem pra todos os gostos. Da pra fazer um tour pelos estilos. Começando com o punk, variando para um visual bem pesado estilo gótico anos 80, indo para o charme e delicadeza das lolitas, o estilo mais largado dos grunges, e o kei, estilo bem próprio dos japoneses, baseado nos animes.  Eu vi tudo isso e mais um pouco por lá. Vi muita gente misturando tudo e inventando novos estilos também. Eu particularmente gosto muito do visual kei. Principalmente para o dia a dia no outono-inverno, pois acho que é estiloso sem ser desconfortável. Também gosto de fazer cosplay de vez em quando, e ir a eventos de anime e de lolitas. E uso todas essas influencias na hora de compor figurinos para os meus ensaios também, claro.

 

 Como um leigo que sou. Tenho a impressão que não é tão difícil para uma modelo se colocar diante de uma máquina fotográfica.

 Olha, eu acho que no começo tudo parece um pouco difícil. Tudo é aprendizado. Claro que às vezes você já tem certa facilidade para determinada coisa, mas isso não quer dizer que você não tenha nada a aprender. Sempre temos coisas a aprender.

 

 Foi apavorante ou assustador sua primeira sessão fotográfica?

 Bem, se for considerar o meu primeiro book como a primeira sessão, então foi assustadoramente tranquilo! Eu mesma esperava ter mais dificuldade. Isso porque muito antes de fazer o primeiro ensaio com um profissional, eu já treinava fazer foto sozinha em casa. E vou ser sincera, eu era péssima! (risos). Junte-se a isso o fato de que a adolescência não foi uma fase boa para mim (sim, eu era feia). Então, quando vi o resultado do meu primeiro book ate que fiquei feliz. A coisa não foi tão ruim quanto eu imaginava (rsrsrs). Depois, nos trabalhos, tudo já foi ficando mais fácil. Sou uma pessoa curiosa, então sempre procurei aprender tudo o que eu pudesse com fotógrafos e outros profissionais da área.

 

 Ao citar que você sempre procurava aprender algo com os fotógrafos, e outros profissionais da área! Pretende dizer?

 Se você esta começando, ou mesmo já tem certa experiência, mas vai trabalhar com alguém que tem muito mais experiência que você, esse alguém sempre terá algo valioso para te ensinar. Muitos profissionais gostam de conversar e dar dicas quando percebem que você é interessado. Você pode aprender lições de auto maquiagem com os maquiadores, dicas de poses com os fotógrafos, aprender como se portar nos castings e trabalhos com a sua agente, etc. Com os fotógrafos eu também aprendi um pouco sobre como é estar do outro lado da câmera. Na época ainda não sabia que isso se tornaria uma paixão tão grande para mim.

 

 Tento trazer a tona o que um modelo sente ao ter em mãos sua imagem recriada num simples “papel”?!

 Quando eu fotografo e quando sou fotografada, gosto sempre de criar um personagem. Gosto de imaginar quem é aquela pessoa, que esta ali naquela situação, vestida daquela forma, fazendo aquelas poses. Acho interessante criar toda uma personalidade para aquele alguém inventado. Para mim é como fazer um filme, ou uma peça de teatro. É criar alguém que só vai viver brevemente, através de você, naquele momento, mas que ficará eternamente imortalizado na imagem, como se tivesse criado vida própria.

 

 Como foi clicar em busca de suas próprias fotos?

 Eu não sei dizer exatamente o momento em que eu passei para o outro lado da câmera. Creio que foi algo gradativo. Lembro que tudo começou quando aceitei participar de um site que publicava ensaios de modelos alternativas. Eu gostava bastante, pois a moda alternativa sempre foi muito mais interessante para mim do que a moda convencional. Acontece que esse site pedia que enviássemos um ensaio novo todo mês. Como nem todos os meses eu conseguia ter um bom fotógrafo a disposição para esse tipo de fotos, comecei a fazer minhas fotos sozinha. Foi nessa fase que o meu lado fotógrafa começo a despertar.

 Depois sai das “selfies” e comecei a produzir e fotografar alguns amigos, usando as roupas e o pouco conhecimento que eu tinha. Então outras pessoas foram se interessando e querendo tirar fotos comigo também. Foi quando eu percebi que o hobby poderia muito bem virar uma profissão. Fiz um curso de fotografia e um de maquiagem. Hoje, nos meus ensaios, muitas vezes faço a maquiagem, produção, foto e edição tudo sozinha. Algumas vezes trabalho com outros profissionais também, mas acho importante saber fazer sozinha caso seja necessário. Até mesmo porque isso facilita na hora de empregar a minha “marca” ao trabalho. Tem muita gente que me diz que consegue reconhecer uma foto feita por mim só de olhar. Eu fico muito contente. Acho que ter a sua identidade é algo muito importante.

 

 O quanto um comentário consciente e perfeitamente critico ao enaltecer sua arte, inspira o passo seguinte em sua carreira?

 Criticas, comentários e sugestões são muito bem vindos. Claro que eu não vou adaptar o meu trabalho ao gosto de um ou a opinião de outro, mas sempre procuro ouvir e tirar o que puder de bom de toda crítica ou sugestão. Como fotógrafa eu acho muito importante ouvir e conversar com o cliente. Geralmente quando eles me procuram, já conhecem e já se identificam com o meu trabalho. Mas cada pessoa é diferente, e eu acho importante entender as expectativas que a pessoa tem em ralação ao ensaio, para poder ter um resultado ainda melhor. Eu fico muito feliz quando o cliente fica contente com o resultado. A alegria das pessoas quando recebem o ensaio me motiva a procurar melhorar sempre.

 

 Modelo e fotógrafa?

 Olha muita gente acha engraçado quando digo que sou modelo e fotógrafa. Eles dizem: “Mas como assim, então você posa e você mesma se fotografa?” (risos). Mas eu acho que é algo bem natural sabe. É como alguns atores que, com o tempo, passam a dirigir filmes também. Você está naquele meio, está olhando e aprendendo. Acho que é natural desenvolver um interesse pelo outro lado.

 Mas vou te falar uma coisa: Hoje em dia eu tenho vários fotógrafos que me convidam pra posar ou que estão sempre dispostos a fotografar quando eu quero fazer algo novo, só por diversão. Fico muito feliz por isso, mas mesmo assim eu continuo fazendo muita “selfie”.  Adoro fazer auto-retrato. Só que evolui daquela situação de ter que ficar esticando o braço. Agora eu faço “selfie profissional” usando um tripé e controle remoto! (Risos)

 

 Para finalizar nos fale dos seus projetos atuais e futuro!

 Bom algo que já me pedem ou sugerem há muito tempo é fazer vídeos.  Então estou pensando com muito carinho nessa possibilidade. Mas o conteúdo é surpresa ainda. Vamos ver se desenvolvo essa ideia.

 Na vida pessoal meu projeto é viajar muito pelo mundo afora! Vamos ver como esse sonho se concretiza.

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