14/08/2015 às 12h08min - Atualizada em 14/08/2015 às 12h08min

Luan Cardoso

Nesta segunda entrevista o tema em pauta será sobre a Produtora Quixó Produções e os trabalhos já realizados..

Thiago Santos

 Thiago Santos: Sua graça é Fundador e também Diretor da Quixó Produções?

 Luan Cardoso: Sim. (Risos) a Quixó ainda não é muito, mas é esse grupo de amigos que surtam afim de fazer coisas e a Quixó acaba meio que sendo o selo que botamos pra unir todas essas doideiras. Agora ela está sendo levada mais a sério. Já até conseguimos montar uma estrutura que hoje funciona de modo a pagar as contas, fazendo clipes, vídeos institucionais e etc.

 

 Qual a grande mensagem por trás do nome “Quixó”?

 O nome vem de uma palavra nordestina que na verdade foi “roubada” dos indígenas, que era o nome que eles davam para aquela armadinha clássica pra pegar pequenos animais – o pedaço de pau sustentando uma pedra chata – aí esse nome acabou por ser reutilizado para se referir a pequenas casas de barro feitas no sertão, que durante um tempo eram conhecidas por serem perigosas, pois o teto pouco estruturado, as vezes caia na cabeça de seus moradores, mas isso foi se acabando e eles foram endireitando as coisas, mas a palavra ficou e significa pro povo nordestino – e me incluo nessa turma – um pequeno casebre, uma coisa humilde, mas feita com as próprias mãos e que abriga os mais chegados, os familiares... por isso achei massa colocar o nome da produtora como Quixó, pois é um nome que reflete exatamente o que somos.

 

 E quais foram as alegrias sentidas por você nos primeiros momentos da Quixó Produções?

 As alegrias são inúmeras em todos os momentos, mas não precisamente da Quixó e sim do processo de fazer cinema, que envolve a Quixó, meus colaboradores, meus amigos, os curtas e etc.

 

 O auge inicial da produtora logo veio por meio da genial obra intitulada como “Críticos Momentos”?

 O primeiro fã do Críticos Momentos! (risos). É, nossa produtora Quixó foi lançada junto com o lançamento do média “Críticos Momentos”.  Foi um momento legal na minha carreira, o surgimento da produtora, nosso primeiro trabalho com um novo equipamento, uma nova gama de colaboradores. Foi muito legal, mesmo.

 

 De onde surgiu a ideia?

 O Críticos Momentos surgiu como tudo que fazemos, por conta de uma conversa com um amigo que estava afim de fazer alguma coisa, que tinha alguma idéia. Nesse caso foi a Molina, que tinha diversas pequenas crónicas de comédia e queria gravar algumas. Aí eu disse que iria agitar e botar pra frente, ela ficou animada e eu fui fazer uns outros projetos que estavam andando e tal, isso no final de 2013, ai conseguimos ganhar um edital, rolou uma boa grana e compramos uma porrada de equipamento profissional, ai eu realizei uma oficina com os colaboradores mais próximo, já com a ideia de amadurecer uma ideia que eu tinha de dar aula de cinema para jovens, com a ideia de produzir algo bom com os novos equipamentos e obviamente já produzir os contos da Molina, não apenas um, mas vários, ai todos empolgaram e fomos fazendo e logo a oficina de cinema estava mais madura e de pé, o Críticos Momentos estava de pé e todo mundo tava botando os equipamentos pra funcionar, então funcionou perfeitamente e logo depois do lançamento – pois foi muito legal, realmente fizemos a coisa muito direita com lançamento, divulgação, festa em um lugar, material gráfico de primeira e até pré-estreia – entramos pra produzir o “Identidades” que ainda está tendo sua carreira.

 

 Estou errado em imaginar que houve toda uma fascinante diversão no todo da produção?

 De forma nenhuma, tudo que fazemos nunca tem grana, então temos uma lei absoluta: já que nem grana tem, vamos primeiro nos divertir, mas o processo é tão gostoso que mesmo que tivéssemos que pagar, ainda assim seria muito gostoso – só não íamos pagar nada, pois tá geral no vermelho. (Risos) Mas sim, sempre foi uma grande brincadeira, tão grande que levávamos muito a sério, afinal, o que é atuar e filmar se não encarar uma brincadeira tão a sério que os outros – que assistem – acreditam e assistem?

 

 Como foi a repercussão por parte dos internautas?

 Foi boa. Realmente fiquei muito impressionado. Nosso trailer de divulgação foi visto por mais de 25 mil pessoas e o curta por mais de 8 mil, fora os cliques no Facebook e etc. Fiquei muito feliz e contente de que todo o nosso esquema de promoção da obra acabou atingindo as pessoas da forma como tínhamos projetado em nossos números internos em um cenário super otimista. Foi muito massa.

 

 Em seguida  “Identidades”?

 Em seguida Identidades que foi o projeto que aprovamos pelo VAI 2014 e minha primeira incursão mais séria com curtas-metragens num cenário producional muito maior, com armas, ônibus, muitos figurantes e muito tempo de material editado.

 

 Qual a proposta?

 Trata-se de uma história simples, de um policial da perícia que institucionalizado por seu trabalho, pouco liga para os corpos que acha ou que se envolve, tudo é digno de ser empacotado e simplesmente arquivado, sem a necessidade de resolução, sabe? Ai ele pega um caso que o intriga muito e é justamente quando ele tá pra mudar de posto, ir pra outra unidade e o filme fala muito dessa coisa da identidade, de que valor tem as coisas que carregamos conosco, o quanto do que temos diz sobre nós e etc. O curta também dá, de certa forma um panorama, mesmo que pequeno, do que é a precariedade dessas unidades que trabalham em péssimas condições diariamente, de como essa guerra entre bandidos e policiais é quase uma guerra civil que ninguém notou, que ninguém sabe o porque isso aconteceu e pior, como acabar com isso. É um curta legal, foi bom fazer ele.

 

 Gostei em especial da trilha sonora pelo fato de conter nela uma mágica que resulta em ótimos momentos diante a história. Como conseguiram alinhar a trilha junto o roteiro com toda esta formidável sintonia?

 É um trabalho muito técnico, sim, mas principalmente é um trabalho de muita lapidação e de ficar muito tempo debruçado sobre o material que se quer filmar. Eu e o André Gorah, que é quem assina essa trilha, ficamos durante muito tempo pesquisando coisas pra essa trilha e além disso, temos um benefício, pois somos muito parceiros e tínhamos uma banda juntos. Ele assinou a trilha de quase tudo que eu fiz até agora e captou o áudio direto do Identidades, além de ter estado comigo desde quando a ideia inicial surgiu, então isso ajuda muito. Mas foi tudo bem pensado por nós e estar conectado com o parceiro e com o projeto é fundamental para essas coisas todos sincronizarem, assim como foi com a Direção de Arte também, que é assinada pela Dandara, que vai na mesma vibe do Gorah.

 

 Como é administrar uma produtora que tem um pensar genial no quesito criatividade? (Assim, eu, Thiago Santos defino a Quixó Produções)

 (Risos) obrigado. (Risos) não sei nem se merecemos tal crédito e tenho quase certeza que não o temos. (Risos), mas sempre tentamos fazer as ideias que surgem entre os amigos. Só. Sejam elas boas ou ruins, vamos sempre pra cima, pois sabemos que o fazer é o mais importante, assim pegamos intimidade com o meio, com os equipamentos, com a linguagem, amadurecemos nosso trato com os roteiros e não enferrujamos. O cinema pode ser muito cruel e muito brutal, no sentido de conseguir grana, fazer as coisas como você quer. E se não pegarmos pra fazer as coisas mais simples, mais “idiotas”, perdemos o gosto, perdemos o gás e ai não tem muito o porquê continuar lutando e continuar na briga pra conseguir grana para um projeto maior, ou ainda, se passássemos 5 anos, só na luta burocrática pra conseguir o dinheiro, quando ele chegasse não íamos ter idéia de como fazer a coisa, pois quase nunca pegamos e botamos a mão na massa! Então fazemos muito e sempre com muito pouco pra não cair na armadilha que muitos realizadores brasileiros caem muitas e muitas vezes.

Link
Leia Também »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp