Imagem gerada por IANo último domingo (02), Whindersson Nunes, um dos comediantes mais influentes do Brasil, chocou seus seguidores com um relato pessoal de superação e dor. Em uma série de publicações em seu perfil no X (antigo Twitter), Nunes falou abertamente sobre os desafios que enfrentou, incluindo uma batalha contra a depressão e o abuso que sofreu na infância.
O post publicado pelo influenciador soou como um desabafo e não como um pedido de ajuda. Whindersson parecia tentar mostrar para seus seguidores que as aparências podem enganar e esconder traumas. Mas afinal, que trauma é capaz de transformar a vida de alguém a ponto de impedir que ela consiga se relacionar de forma saudável e por mais tempo com outras pessoas?
Especialista em escuta qualificada, a psicanalista Amanda Souza descreve esse trauma como algo avassalador. Ao usar as redes sociais, Whindersson falou abertamente que foi vítima de abuso sexual, mas apesar da revelação, ele não foi capaz de seguir com o relato. “Ser vítima de um abuso é antes de tudo, destrutivo ao extremo, o abusador invade as camadas mais profundas da mente dessa vítima, e quanto mais prolongado for essa prática, maiores serão os danos. Toda vítima de abuso sexual, na vida adulta não consegue ter um relacionamento amoroso de qualidade. Muitos desenvolvem insegurança, baixa autoestima, entre outros prejuízos, principalmente na comunicação, atrapalhando a sintonia com as pessoas no relacionamento amoroso”, destaca Amanda.
Fazendo terapia regular, aos 29 anos, Whindersson Nunes alcançou algo inimaginável para alguém com uma história de vida semelhante. Comediante, ator, lutador de boxe, influencer, o jovem tem uma legião de fãs que o seguem dia e noite, admirando cada ato, cada gesto feito por ele, assim como centenas de milhares de haters (inimigos na web). Ao abrir seu coração e seu passado, ele se expôs para todos, e isso pode ser perigoso para ele, e para quem enfrentou ou enfrenta os mesmos traumas.
Amanda explica que essa exposição não ajuda às vítimas de abuso, pelo contrário, as deixa vulneráveis a todo tipo de sensações que irão mais cedo ou mais tarde, despertar esses gatilhos. Revelar o episódio chocante do dia em que a arma sobre a mesa na casa de um amigo falhou, foi a forma que ele encontrou para evitar ser obrigado a lembrar da infância, não aquela que lhe rendeu histórias divertidas e que atraíram sua legião de seguidores, mas a outra, a dos abusos.
“Esse comportamento é comum em pacientes que passaram por esses processos dolorosos, existe uma tentativa de mostrar a todo custo que se está bem, e que apesar de tudo o que houve no passado e que possa estar acontecendo, a pessoa está no controle, é a sua mente tentando te proteger. Com isso, é importante destacar que a depressão também sorri. Muitos pacientes vítimas de abuso sexual, durante a vida, utilizam uma máscara na tentativa de disfarçar a dor. Mas, esse disfarce traz prejuízos à alma a longo prazo, algo muito perigoso”
Após a revelação, Whindersson recebeu duras críticas e alguns internautas chegaram a cogitar que ele estaria criando histórias para se promover. Pressionado, ele procurou a ex Luisa Sonza, a cantora parece ter se tornado um porto seguro sempre que a pressão social sobre o comediante é grande demais.
Para a especialista, o risco da exposição é alto demais para quem busca saúde emocional. “A escuta qualificada ajuda muito a aliviar o sofrimento de pacientes que foram expostos a esse trauma, essa técnica é fundamental para garantir alívio em momentos de crise, quando os fantasmas surgem aterrorizando os pacientes. Além do paciente se esvaziar dos traumas tendo um lugar sigiloso que é a escuta na terapia, ele é tratado, se libertando desses traumas e ressignificando a dor. Com o tratamento correto em terapia, para o paciente aquilo que era dor transforma-se em cicatriz, e também em uma vida transformada cheia de novo significado para se viver”, concluiu.
Apoio Emocional e Recursos de Ajuda: Você Não Está Sozinho
É crucial lembrar que existem recursos disponíveis para aqueles que precisam de apoio emocional. No Brasil, o CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece orientações e atenção especializada através do número 188.
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KARINA DA SILVA SOUZA PINTO
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