23/05/2024 às 15h50min - Atualizada em 23/05/2024 às 20h07min

Como acolher gestantes e bebês atingidos pela tragédia no Rio Grande do Sul?

Psicóloga especialista em perinatal e parentalidade aponta que situações de desastre colocam a saúde mental de grávidas e crianças em risco. Saiba como oferecer o suporte psicológico necessário

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A recente tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul deixou muitas famílias desamparadas. Entre os mais afetados estão as gestantes e seus bebês, que enfrentam um aumento significativo de estresse e ansiedade. Segundo dados mais recentes da Defesa Civil, o desastre afetou mais de 2,34 milhões de pessoas, resultou em 163 mortes e deixou mais de 72 desaparecidos. Muitos perderam suas casas, o que intensifica a necessidade de suporte emocional e psicológico.

Durante a gravidez e o puerpério, as mulheres podem enfrentar problemas como ansiedade, depressão e estresse pós-traumático. A psicologia perinatal é fundamental para prevenir e tratar estes casos. A Lei 14.721, de 2023, garante apoio psicológico pelo SUS (Sistema Único de Saúde), mas a demanda pode exceder a oferta disponível, especialmente em situações de desastre.

Crianças e adolescentes são particularmente vulneráveis em tragédias climáticas. Eles enfrentam deslocamentos forçados, separação dos pais e falta de serviços essenciais. Segundo o UNICEF, o estresse tóxico, causado por situações de trauma e insegurança, pode afetar seriamente o seu desenvolvimento emocional e psicológico.

Rafaela Schiavo, psicóloga e uma das pioneiras da Psicologia Perinatal e da Parentalidade e fundadora do Instituto MaterOnline, explica que o estresse durante a gravidez pode ser extremamente prejudicial em contextos de desastre. “Mulheres grávidas que vivenciaram este trauma provavelmente tiveram um aumento do hormônio cortisol, o que pode levar a partos prematuros. O estresse crônico também pode afetar a transferência de nutrientes, comprometendo o desenvolvimento do bebê. Ao cuidar da saúde mental das gestantes, também cuidamos da saúde mental da criança”. 

Ela ressalta que as crianças pequenas, mesmo aquelas que ainda não falam, percebem o estresse ao seu redor e podem ser profundamente afetadas. “Crianças de até três anos vivenciam o pânico e a insegurança dos adultos, mesmo sem compreender totalmente a situação. Isso pode causar um impacto significativo em seu desenvolvimento emocional”, alerta.

A psicóloga lista recomendações para ajudar gestantes e crianças a lidar com o estresse e ansiedade causados pelas enchentes:

Para gestantes:

  • Buscar apoio profissional: Procurar um profissional de saúde mental para conversar sobre as angústias deste momento é fundamental.
  • Participar de grupos de apoio: Envolver-se em grupos com outras gestantes para compartilhar experiências e emoções pode aliviar a tensão.
  • Continuar o pré-natal: Manter o acompanhamento pré-natal para garantir a saúde da mãe e do bebê é essencial.

Para adultos cuidando de crianças:

  • Atividades lúdicas: Brincar com as crianças e, se possível, utilizar uma brinquedoteca com apoio de psicólogos ou pedagogos. A brincadeira ajuda a criança a lidar com o estresse.
  • Comunicação transparente: Explicar, de forma simples e clara, o que está acontecendo. O não dito pode ser prejudicial, pois a criança percebe que algo está errado.

Para obter ajuda psicológica e emocional específica para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, é possível obter informações do serviço emergencial de apoio psicológico pelo site SOS Enchentes RS. O portal também disponibiliza um “Guia de cuidados de saúde nas enchentes”, que oferece orientações detalhadas sobre como ter apoio psicológico durante e após situações de desastre.


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Tais Gomes Oliveira
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