17/05/2024 às 13h27min - Atualizada em 18/05/2024 às 00h07min

Prêmio ‘Penha Guimarães’ reúne advocacia negra em noite festiva e reconhece a atuação e engajamento de profissionais da área

Engajada na causa em prol da erradicação do racismo no Brasil, a advogada Patrícia Anastácio foi uma das contempladas com a premiação.

RICARDO SILVA
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Na noite da última quinta-feira (16/05), a advogada trabalhista Patrícia Souza Anastácio, conselheira da Associação dos Advogados (AASP), recebeu o Prêmio “Penha Guimarães” das mãos do presidente do Sindicato das Advogadas e Advogados de São Paulo (SASP) Fábio Gaspar, em reconhecimento ao seu trabalho, desempenho e luta incansável em prol da erradicação do racismo no Brasil. Acompanharam a entrega da homenagem os advogados André Almeida Garcia Renata Castello Branco Mariz de Oliveira, respectivamente presidente e vice-presidente da AASP.

“Eu só estou aqui porque a meu lado tenho pessoas maravilhosas que estão comigo na luta incessante de conquista de espaços. Espaços esses que não eram ocupados pelos nossos corpos, nossos rostos e nossas vozes. E, hoje, tenho certeza de que o caminhar, a construção de uma trajetória é diária, assim como a vida se apresenta. Eu só tenho a agradecer a todos vocês por esse dia", declarou a advogada, emocionada, em um discurso dirigido a uma plateia lotada, com a presença de sua mãe, marido e demais convidados.
Durante sua fala, Patrícia recordou sua infância no extremo leste da capital paulista, mais precisamente na COHAB I, em Itaquera, e compartilhou com o público um momento emblemático de sua biografia, como na ocasião em que sofreu o primeiro episódio de racismo, quando tinha apenas cinco anos de idade:
“Cheguei para brincar e ouvi a seguinte frase: ‘Você não vai brincar porque é neguinha!’ Essa negativa veio de outra menina da mesma idade, branca. Fiz algumas bolas de barro e chutei os castelos, joguei as bolas nas demais crianças e saí correndo para a minha casa. Minha mãe perguntou: ‘Patrícia, o que foi?’ Eu respondi: ‘Nada não!’ E fui para o meu quarto. Passados alguns minutos, as mães das meninas bateram em casa. Minha mãe perguntou o que tinha acontecido e eu respondi: ‘Mãe, elas disseram que eu não poderia brincar porque eu não era ninguém. Então, se eu não brincar, ninguém brinca. Virei as costas e voltei para o quarto’.
Segundo a homenageada, esse episódio marcou sua vida e foi o início de sua luta contra o racismo. “Se eu não tivesse reagido da forma que reagi, talvez minha história tivesse outro desfecho e não estaria hoje, aqui, recebendo esse prêmio”, explicou, complementando que “esse prêmio, de hoje, reconhece, aplaude e parabeniza aquela garotinha da COHAB, que sentiu e descobriu na pele o que é o racismo estrutural no Brasil.
Patrícia Anastácio atua ativamente na causa racial, sendo reconhecida pelo seu trabalho na área do Direito Trabalhista, sobretudo como membra efetiva da Comissão Especial da Advocacia Trabalhista da OABSP e da Associação Nacional dos Advogados Negros (ANAN). Ou seja, prova inconteste de seu ativismo e trabalho incansável, que honram o legado de Penha Guimarães.
O evento ocorrido no auditório do Sindicato dos Engenheiros no Estado São Paulo (SEESP) contemplou outros profissionais e instituições, tais como: ANAN; Black Sisters in Law (BSL); e o Professor Claudio Silva, Ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo.

Sobre Penha Guimarães
O impacto do legado da advogada Maria da Penha Santos Lopes Guimarães continua a inspirar gerações. Militante do Movimento Negro e responsável pela criação pela Marcha Noturna pela Igualdade Racial. Falecida em 2016, teve atuação reconhecida na área trabalhista e sua trajetória foi marcada por uma dedicação incansável à defesa dos direitos das mulheres e da comunidade negra, deixando uma marca permanente na advocacia brasileira.
Penha Guimarães foi Diretora do Sindicado das Advogadas e Advogados de São Paulo (SASP) e conselheira e ex-presidente da Comissão do Negro e Assuntos Antidiscriminatórios da Ordem dos Advogados do Brasil, Seção Paulo (OABSP).
 

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RICARDO DA SILVA
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