26/05/2023 às 15h24min - Atualizada em 27/05/2023 às 04h04min

Endometriose: precisamos falar sobre esse assunto

Especialista explica sobre essa doença que pode afetar até 15% das mulheres no país

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No mês da mulher, a saúde delas é um dos principais focos de atenção nas campanhas. Um dos assuntos que mais surgiu na mídia nos últimos meses foi o aumento de registros de endometriose, uma inflamação no tecido que reveste o útero, cujos sintomas podem levar à necessidade de uma cirurgia. Em 2022, a cantora Anitta descobriu que tinha a condição e alertou as suas milhares de seguidoras e fãs sobre o que sentia e como agir nesses casos. Ginecologistas afirmam que a doença é sim um alerta, já que, de acordo com o Ministério da Saúde, uma a cada 10 mulheres em fase reprodutiva apresentam o quadro.

Mulheres, como Carolina Paiva, 33 anos, convivem com a endometriose e sabem que a condição é sim um problema que afeta diversos aspectos da vida, desde a tentativa de engravidar até o dia a dia no trabalho. “Descobri quando eu tentava engravidar. Achei que fosse algo leve, mas não era. Precisei passar por cirurgia”, explica a relações públicas. Aos 29 anos, foi diagnosticada e, só aí, conseguiu compreender por que o fluxo dela era aumentado, cerca de 10 dias, com fortes hemorragias e dores que precisavam de medicações pesadas. “Antes de passar por cirurgia, eu tomava remédios a base de morfina para dar conta das cólicas. Eu tinha que usar absorvente interno e externo para não vazar e trocar com bastante frequência. Depois da cirurgia, consegui engravidar. Porém, piorou novamente e acredito que terei de passar pelo procedimento mais uma vez”, relata Carolina.

A ginecologista cooperada da Unimed-BH, Maria de Fátima Lobato Vilaça, explica o que é a endometriose, como se diagnostica, tratamentos e outras condições que podem ser tão piores ou mais que essa. A especialista explica que a doença é uma condição na qual o endométrio, tecido que reveste o útero internamente e descama no período menstrual, migra para outros locais e cresce e descama como se estivesse na cavidade uterina. “Esse sangramento anômalo faz com que o organismo gere uma reação inflamatória naquele local”, reforça. Ela descreve que os sintomas são muito variáveis, dependendo principalmente da localização e extensão da lesão. “Dores, cólicas fortes associadas ou não à menstruação, sangramento intestinal ou urinário, durante a menstruação, dores na relação sexual, alteração do hábito intestinal, fadiga e infertilidade são as reclamações mais frequentes das pacientes com endometriose”, lista Maria de Fátima. Ela conta que a hereditariedade ainda não é uma causa cientificamente comprovada para a enfermidade, porém já existem vários trabalhos comprovando essa relação. Outros fatores para ela são primeira menstruação precoce, malformações uterinas, ciclos menstruais curtos, período longo, fluxo aumentando, colo uterino com estreitamento, primeira gestação tardia e cirurgia uterina prévia.

A médica indica que o diagnóstico da endometriose pode ser realizado por meio de exames não invasivos, como o ultrassom e ressonância magnética. Se não detectado, cabe a videolaparoscopia, com biópsia das lesões. “Em alguns casos, já pode realizar a retirada das lesões”, acrescenta Maria de Fátima. Sobre o tratamento, a médica fala que precisa ser individualizado, de acordo com vários fatores, sendo os principais localização da endometriose, sintomas, paridade e/ou infertilidade. “O tratamento pode ser cirúrgico ou clínico, com uso de medicamentos por via oral, injetáveis, adesivos ou DIU hormonal. Deve ser complementado com melhora de hábitos alimentares e atividades físicas”, conclui a ginecologista.

A evolução da endometriose
A jornalista Aline Monteiro Borges, 44 anos, sofre com adenomiose, que acarreta hemorragia severa e dores extremas. Ela terá de passar por uma histerectomia, que é a retirada do útero, após diversas outras tentativas de contornar a situação, tais como a colocação de DIU, tratamento hormonal, dentre outros. “Eu fui tardiamente indicada para a cirurgia, pois muitos dos médicos que procurei não atendiam que eu não queria ter filhos e condicionavam a decisão a uma futura mudança de ideia”, lamenta. Ela conta que está sangrando diariamente desde setembro do ano passado e que só agora conseguiu indicação para a realização do procedimento, marcado para acontecer no dia 13 deste mês.
Maria de Fátima explica que a adenomiose é uma forma de endometriose na qual as células endometriais infiltram a musculatura uterina. “Os principais sintomas são cólicas e aumento do fluxo menstrual”, registra. O tratamento a princípio é clínico, com uso de medicamentos por via oral, injetáveis, adesivos ou DIU hormonal. “O tratamento cirúrgico da adenomiose é a retirada do útero, algo que, em casos extremos, é a melhor opção”, relata a especialista.
 
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