10/06/2014 às 11h18min - Atualizada em 10/06/2014 às 11h18min

A morte dos sonhos

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Isabela Gomes

Sempre tive muitos sonhos. Tenho-os até hoje! Mas acalme-se! Já tratei de guardá-los em uma caixinha bem no fundo do armário. Tenho que arrumar um emprego.
Há um tempo atrás, por volta dos seis invernos completos, queria ser princesa. Vi que não saberia viver daquele jeito. Mudei, queria ser cantora. Mas a voz... Mudei para atriz. Mas a atuação... Decidi por fim que queria ser escritora. Se encaixava melhor no meu perfil, eu manjava um pouquinho, eu gostava de estar junto das palavras. Defini meu sonho principal. 
Não precisava ser nível Drummond, Azevedo e muito menos Machado. Só contadora de histórias já estava bom. Tratei de dizer isso à todos logo cedo. 
- És escritora?
- Não! Contadora de histórias. Às vezes arrisco ser poeta. Mas, principalmente, contadora de histórias.
Aí eu tive um papo com a realidade. E ela foi assim... sincera. Disse logo de uma vez:
- Tola! Esqueceu que ninguém lê? Esqueceu que precisa de dinheiro para pagar a conta de água e comprar comida? Livro é caro e... já disse que ninguém lê? Te aconselho fazer faculdade. Faça profissão que é bem vista! Advocacia medicina, engenharia... isso que é bom, da dinheiro! Faça pelo menos publicidade, mas ser escritora... é tão ruim que nem faculdade tem!
- E se eu fizer Letras? - respondi
A realidade riu de mim! Peguei meus sonhos, coloquei na caixinha...e de vez em quando ia lá dar uma olhada, ver se ainda estavam vivos, se ainda brilhavam. 
Quando o primeiro sonho começou a se apagar, quando ele começou a perder sua beleza e quase morreu, todo acinzentado na minha caixinha, eu tomei uma decisão!
Realidade, Mãe, tenho algo para dizer-lhes: assim que eu completar 90 anos, presto a Fuvest, viro advogada, médica ou engenheira... pelo menos publicitária! 

 

Enquanto não chego lá, vou viver meus sonhos.

E muitas histórias serão contadas.

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