Comparo os que escrevem com quem anda por aí recolhendo coisas, mas no caso dos textos, são fragmentos de conversas, ideias interessantes e assuntos diversos que às vezes se fundem para originar temas próprios. O lema dos escoteiros serve bem para esse ofício. Esteja: “Sempre alerta!”
Como sempre, tento me manter ao máximo focado na música, mas na andança desta semana acabei por chutar uma pepita de ouro enquanto caminhava e depois de acha-la, vi se tratar do que tinha de mais importante para compartilhar através dessas linhas.
Apenas salientando um ponto sobre a música. De fato a tenho como foco principal não apenas por se tratar de meu ofício do coração, mas também por entende-la como umas das principais e mais fortes formas de comunicação existentes e, por isso tento sempre apresentar novas alternativas à essa leva de melodias que poluem quotidianamente a grande mídia. O compositor Heitor Villa Lobos já dizia ao ex-presidente brasileiro, Getúlio Vargas, que o ensino musical nas escolas mudaria nosso país. 60, 70 anos após, ainda não vimos ações conclusivas nesse sentido, uma pena…
Mas como um réu confesso, hoje me recolho à minha ignorância para lhes dizer que não conhecia um dos mais representativos brasileiros que já nasceram e que o descobri esta 4ª feira pela televisão! Mas como disse sua própria biógrafa, a americana e ganhadora do Prêmio Pulitzer Samantha Power: “Sei que isso parece muito ambicioso, mas talvez um dia os jovens brasileiros admirem Sérgio como admiram Pelé”.
Por que ela pensa assim? De quem estamos falando? O nome em questão é “Sérgio Vieira de Mello”, seu cargo era o de alto-comissário da ONU, sua relevância foi a de atuar nas mais bárbaras zonas de conflito e transitar entre as ruas sangrentas e os grandes salões de festas. Falar com intelectuais, teóricos, poderosos chefes de estado e também com terroristas, guerrilheiros e os bandidos cujas mãos pingavam sangue dos genocídios…
Segundo Kofi Annan (7º secretário geral da ONU e prêmio Nobel da Paz em 2001), Sérgio foi o único membro da organização conhecido pelo 1º nome e após sua morte em 2003, ocorrida num atentado à bomba realizado pela Al Qaeda em Bagdá no Iraque, ele foi homenageado com um busto na sede da entidade e já foi pauta de dois livros; a biografia acima mencionada (Sergio – O Homem que queria salvar o mundo) e a compilação de seus mais relevantes artigos publicados que se chama “Sérgio Vieira de Mello, pensamento e memória”.
Além desses dois títulos escritos, também há duas produções cinematográficas sobre sua vida, são elas: “Sergio – A caminho de Bagdad”, dirigido pela jornalista Simone Duarte e que recolhe o depoimento de 40 pessoas que o conheceram, diversas imagens suas e nos extras uma entrevista com Kofi Annan. O segundo vídeo estreou recentemente pelo History Channel, tem a produção de Greg Barker e foi baseado na biografia de Samantha, levando o mesmo título e apresentando depoimentos com enfoques diversos (pessoais, profissionais), de amigos e da equipe de salvamento que o tentava retirar dos escombros do prédio da sede da ONU em Bagdá por 3h, mas que infelizmente não obteve sucesso em seu resgate.
Para quem gosta de biografias, prepare-se par sensações conflituosas, porque a enorme relevância dos trabalhos e da pessoa de Sérgio no mundo só são comparáveis ao enorme e profundo desconhecimento que ele tem aqui em seu próprio país, o Brasil. Enquanto se enaltece brothers de reality shows, algo desse porte e, “dando um show em vida”, nos passava batido… Inacreditável!
Gosto muito de histórias de grandes humanistas, inventores, músicos, ativistas, artistas… De pessoas sem as quais nosso mundo não seria o que é e, tenham certeza de que “Sérgio Vieira e Mello”, um brasileiro, pode constar nessa seleta lista. Orgulho-me disso!
Que tenham todos um ótimo, musical e revigorante final de semana!
