15/05/2024 às 13h17min - Atualizada em 17/05/2024 às 04h02min

A falta de saneamento básico: Impactos Ignorados na Saúde Mental

“Me sinto cansada emocionalmente e estressada com essa situação, discuti com várias pessoas por conta do lixo” diz Ivonete Oliveira

FILIPE GODOY
Filipe Godoy e João Carlos
Filipe Godoy
 

Na maior e mais próspera metrópole do Brasil, São Paulo, a realidade contraditória persiste: A cidade enfrenta a preocupante situação de 370 mil domicílios desprovidos de conexão à rede de esgoto, afetando diretamente cerca de 1,5 milhão de habitantes. Essas estatísticas foram reveladas por um levantamento conduzido pelo SP2, utilizando dados fornecidos pela Sabesp. 
Segundo a Sabesp, um terço dos imóveis sem saneamento básico estão na Zona Sul. Na sequência vêm as zonas Norte, Leste, Centro e a Zona Oeste. Em consequência disso, a população periférica é exposta a riscos à saúde psicológica, pois a falta de saneamento adequado cria um ambiente propício para o estresse crônico nas comunidades afetadas. 
A constante preocupação com a contaminação da água, o acúmulo de lixo e a exposição a doenças transmitidas por falta de higiene preocupam os residentes dessas comunidades. Além disso, o estresse crônico pode levar a uma série de problemas de saúde mental, incluindo ansiedade e distúrbios do sono. Esse fenômeno pode ser definido como 'Ecoansiedade', ou seja, a sensação de frustração e pessimismo em relação ao futuro devido às consequências das mudanças climáticas. 
Segundo a Psicóloga Nádia Meireles Moreira, especialista em saúde mental e mestre em psicologia clínica e cultura, a principal consequência mental da falta de saneamento básico é o adoecimento generalizado. Ela aponta que “O ambiente causa adoecimento clínico e o estresse é produzido por um fator psicológico. Assim, então, excesso de preocupação, excesso de medo e o excesso de instabilidade, o acúmulo de frustrações, a tristeza, essa sensação de o tempo todo não conseguir uma conquista, gera um lugar de menos valia, de não pertencimento”. 
Reflexo disso, é o relato da moradora da comunidade goiabeira, localizada na zona leste de São Paulo. Ivonete Oliveira conta as dificuldades enfrentadas pela carência de saneamento básico. “Eu ando muito cansada disso, já tentei de tudo, já liguei para prefeitura, já reclamei, já falei até com os traficantes daqui da área”, Ela continua:“O pessoal aqui é muito encostado, todo mundo joga o lixo na frente da casa de todo mundo, as pessoas daqui jogam o lixo em qualquer lugar que não seja na frente das suas casas”
De acordo com o vice-presidente da ABRAPA (Associação Brasileira de Psicologia Ambiental e Relações Pessoa-Ambiente), prof. Dr. Mario Henrique da Mata Martins especialista em gerenciamento ambiental, a saúde mental em áreas periféricas é vista como último plano: “Essa complexidade nas preocupações das comunidades periféricas mostra como o saneamento e o ambiente muitas vezes se tornam ‘fundo do problema’, ficando invisíveis.”
 “Os moradores sentem as diferenças, mas essas questões raramente se tornam uma prioridade, as comunidades priorizam questões mais imediatas, como educação e emprego” Para o  Dr. Mário os problemas psicológicos não são priorizados, em razão de questões mais “urgentes” e do descaso governamental em resolvê-los, evidenciando a ecoansiedade que afeta essas comunidades vulneráveis. 
Foi entrado em contato com os órgãos responsáveis pela administração ambiental da subprefeitura da zona leste, para investigar a ausência na gestão da coleta eficiente de resíduos no bairro da Goiabeira, porém não foi possível estabelecer comunicação com eles.


 

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FILIPE JAAZIEL DE SOUZA GODOY MARTIRES
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