29/06/2023 às 19h49min - Atualizada em 29/06/2023 às 19h49min

A ramificação da RAM

RAM passa a produzir a Rampage no Brasil para ampliar o volume de vendas da RAM sem perder a imagem premium

A Volkswagen adotou uma estratégia ousada em relação A picape Rampage é uma grande novidade na linha de utilitários da RAM. Trata-se de um veículo criado, desenvolvido e produzido pelo braço brasileiro da marca estadunidense para atuar no segmento de médias-compactas – o mesmo da Fiat Toro e Ford Maverick. A rigor, a picape compartilha diversos componentes com a Toro e vai brigar em preço diretamente com a Maverick. A Stellantis já iniciou a produção em Goiana, Pernambuco, com entregas estão previstas para começaram em agosto, obedecendo à fila de reservas. A Rampage chega com duas motorizações – 2.0 turbodiesel de 170 cv e 2.0 turbo a gasolina de 272 cv –, três versões de acabamento – Rebel, Laramie e R/T – e preços iniciais entre R$ 239.990 e R$ 269.990 – próximos, portanto, do valor inicial da picape da Ford e cerca de 30% acima de uma versão equivalente da Toro.
Isso significa dizer que a RAM vai manter o posicionamento premium que adotou no Brasil – até pela condição privilegiada do agro por aqui. Nessa lógica, a marca continua com a política de apenas oferecer produtos para o topo da pirâmide, mesmo com o rebaixamento de R$ 350 mil para R$ 240 mil na faixa de valores de entrada. Esse posicionamento brasileiro é sui generis, se comparado ao que ocorre em outros países, onde a marca é tratada como generalista –como Chevrolet, Ford, Nissan ou Toyota. Tanto é que, em diversos mercados das Américas, as picapes da Fiat, Strada e Toro, passam por um simples rebadge, sem maiores refinamentos, para serem vendidas como RAM 700 e RAM 1000.
Por outro lado, a Rampage segue o padrão premium da marca, em relação tanto a acabamento quanto a conteúdo. E se diferencia também ao ser primeira RAM a identificada por um nome, e não um número, como aconteceu até aqui em todos os produtos da marca mais jovem da Stellantis – criada em 2013 a partir de uma costela da Dodge. Por coincidência, as nomenclaturas 700 e 1000 seriam exatamente as que a marca usaria para nomear as picapes, já que a Rampage carrega 750 kg na versão a gasolina e 1015 kg na diesel.
A ideia de requinte na Rampage aparece claramente no visual do modelo. O modelo é baseado na mesma plataforma Small Wide, numa versão de entre-eixos longo e estrutura para tração 4X4, compartilhada com a Toro. Na picape da RAM, no entanto, a ideia foi salientar a robustez e esportividade, com um capô longo, com duas largas faixas bem marcadas em alto relevo, faróis bem afilados e grade alta e imponente. De perfil, chamam a atenção os para-lamas ressaltados e a cabine com uma linha de cintura alta e área envidraçada curta. Todas as linhas laterais são sutilmente ascendentes. Na traseira, a palavra RAM está impressa na chapa da tampa em alto relevo e as lanternas têm a forma da letra D e trazem ao uma bandeira norte-americana estilizada, de gosto bem questionável.
Os detalhes visuais são específicos de cada versão. A versão Rebel busca uma imagem mais off-road e despojadas e tem grade frontal no estilo colmeia em preto, rodas em preto e alumínio com pneus 235/65 R17 e para-choques, moldura das rodas, base das portas, letreiros e frisos também em preto. A Laramie quer imprimir um pouco de sofisticação ao modelo com grade, para-choque traseiro e acabamentos externos cromados e rodas aro 18 diamantadas com pneus 235/60 R18. Por fim, a versão R/T, sigla para Road and Track, tentar despertar um lado mais esportivo na Rampage. Ela traz grade frisa em preto brilhante, faixas esportivas no capô e rodas em preto brilhante com pneus 235/55 R19. Com este conjunto, ela tem uma distância livre para o solo de 25,7 cm, ou 0,7 cm menor que a Rebel e a Laramie. 
O padrão de acabamento interno também é individualizado para cada versão. O revestimento de bancos, portas, volante e painel são em couro preto na Rebel, em couro preto e marrom da Laramie e em couro com detalhes em camurça na R/T. Já os detalhes como maçanetas internas e detalhes do volante em alumínio, superfícies de toque macias e apliques em preto brilhante estão em todos dos modelos. Por dentro, a imagem de tecnologia aparece no painel digital de 10,3 polegadas e na tela superwide de 12,3 polegadas da central multimídia. A RAM oferece incialmente seis arquivos digitais com acessórios, como suportes para carregadores de celular ou ganchos para lixeirinha. Com eles, os objetos podem ser reproduzidos por impressão 3D – mesmo recurso já oferecido pela Ford na Maverick. Para cada objeto, são pelo menos cinco horas de impressão.
Já o conteúdo é basicamente o mesmo em todas as versões. Elas vêm com banco do motorista com ajuste elétrico, ar-condicionado duplo com saídas para a traseira, espelhamento sem fio de Android Auto e Apple CarPlay, chave presencial para travas e ignição, caçamba com revestimento, tampa traseira com abertura amortecida, carregador de celular por indução e freio de estacionamento com acionamento eletrônico. Como opcional, um pacote que inclui ajustes elétricos para o banco do carona, iluminação ambiente da cabine ajustável e sistema de som da Harman/Kardon.
Na parte de segurança, a Rampage traz apenas os recursos normalmente presentes em modelos nessa faixa de mercado. Ela tem câmera de ré, sensores dianteiros e traseiros, sensor de luz e chuva, iluminação full led com faróis de neblina com função de iluminação em curvas, alerta de colisão com frenagem autônoma, controle de cruzeiro adaptativo com Stop and Go, monitoramento de ponto cego, de tráfego cruzado e de saída de faixa, sete airbags e farol alto automático.
A picape também oferece o serviço por assinatura RAM Connect, que inclui diversas funções via celular, como acionamento do motor, travamento ou destravamento, monitoramento e localização, assistência de emergência e auxílio à navegação, incluindo cálculo de autonomia e informações de trânsito. O serviço inclui ainda serviço de acesso à internet, com roteamento wi-fi de até oito aparelhos.
Tanto a Rebel quanto a Laramie podem ser equipadas tanto com a motorização diesel quando a gasolina e em ambos os casos, a versão a gasolina custa R$ 10 mil a mais – R$ 249.990 para a Rebel e R$ 259.990 para a Laramie. Já a versão R/T trabalha apenas com o motor Hurricane 4, a gasolina. O motor diesel é o Multijet 2.0, que já equipa as versões de topo da Toro, mas com a mesma configuração do Commander. Dessa forma, na Rampage o turbodiesel rende 170 cv e 38,8 kgfm de torque e é gerenciado pelo mesmo câmbio de 9 marchas. Com ele, a Rampage faz de zero a 100 em 10,9 segundos e chega a 186 km/h.
Já o motor Hurricane 4 é um 2.0 turbo de quatro cilindros que rende 272 cv e 40,8 kgfm e é controlado também pelo câmbio automático de nove marchas. Na Rebel e na Laramie, o zero a 100 km/h é feito em 7,1 segundos, com máxima de 210 km/h. Já a versão R/T, por conta dos pneus e da suspensão recalibrada, tem melhor aerodinâmica e acelera em 6,9 segundos, com máxima de 220 km/h. Em compensação, é a versão que tem os piores ângulos no off-road, com 25º de entrada e 24,5º de saída – contra 25,7º/25,3º das outras versões a gasolina, que por conta do escape duplo são piores na saída que os 27,5º das versões diesel. As versões a gasolina, por outro lado, contam ainda com sistema start/stop e modo Sport ou R/T.
A pesar dos preços salgados, tem vendas próximas às das picapes da Mitsubishi e já ultrapassou a Nissan. Uma previsão razoável é que a RAM Rampage alcance vendas por volta de 1.500 unidades mensais – ou 30% que vende a Toro ou até 12 vezes o que vende a Maverick – a Ford sofre no Brasil por não ter construído uma imagem premium como fez com a RAM.

Impressões ao dirigir
Cada um no seu quadrado
Quando uma fabricante expõe um novo produto ao escrutínio público, como em um lançamento, é normal – no sentido de frequente – que escolha cuidadosamente as condições mais favoráveis. Foi exatamente isso que a RAM fez na apresentação dinâmica da Rampage. A nova picape tem três versões, cada uma vocacionada para uma função. A Rebel para o off-road, a Laramie para o luxo e a R/T para a esportividade. Logicamente, foi esta última versão a escolhida para o test-drive numa pista de Interlagos recheada de chicanes   para deixá-la bastante travada –, adicionada da presença de um acompanhante na função conhecida como Freio de Boca, que reclama a cada vez que o condutor explora um pouco mais fundo a esportividade do modelo.
Com tudo a favor e sob controle, a Rampage R/T mostra força e disposição com seu motor 2.0 turbo de 272 cv e 40,8 kgfm. Apesar disso e da suspensão recalibrada, que efetivamente ajuda a segurar o utilitário nos trechos sinuosos, a picape consegue, no máximo, se transformar em um esportivo no estilo americano. Ou seja: é bom em aceleração e em linha reta, mas sofre para fazer as curvas.
Para o trecho off-road, a versão indicada foi, logicamente, a Rebel com motor diesel. Afinal, é a que tem torque máximo mais cedo, aos 1.750 rpm, pneus mais adequados para a terra, com flanco de 15 cm, maior altura livre para o solo e melhores ângulos de entrada e saída. E se a pista foi desenhada pela própria RAM, com certeza a Rampage vai passar por ali assoviando, sem nenhum temor. Mas é preciso ressalvar que, mesmo que seja um jogo com cartas marcadas, ficou atestada a capacidade da R/T em acelerar e da Rebel em enfrentar maus caminhos.
Além da potência e capacidade off-road, a Rampage mostra as qualidades que vêm tornando a marca RAM um fenômeno no Brasil: o acabamento de primeira linha, muita conectividade e recursos de segurança e tecnologia que a posicionam realmente como marca premium. Em uma situação normal, seria fácil apostar em um sucesso de vendas. Mas acontece que no caso da RAM, os modelos que vendem mais são os mais caros. Enquanto a RAM 3500 vende 400 unidades por mês, a RAM Classic, geração antiga da 1500, fica com 250 emplacamentos mensais.

Ficha técnica
RAM Rampage R/T

Motor: Gasolina, dianteiro, transversal, 1.995 cm³, turbo, quatro cilindros em linha e quatro válvulas por cilindro. Injeção direta de combustível e acelerador eletrônico.
Transmissão: Câmbio automático de nove marchas à frente e uma a ré. Tração 4X4 on demand com reduzida acionada eletronicamente. Oferece controle de tração.
Potência: 272 cv a 5.200 rpm.
Torque máximo: 40,8 kgfm a 3 mil giros.
Aceleração 0-100 km/h: 6,9 segundos.
Velocidade Máxima: 220 km/h.
Suspensão: Dianteira independente do tipo McPherson, braços oscilantes inferiores com geometria triangular e barra estabilizadora, amortecedores hidráulicos e pressurizados e molas helicoidais. Traseira independente do tipo multilink, links transversais/laterais, barra estabilizadora, amortecedores de duplo efeito e molas progressivas. Oferece controle eletrônico de estabilidade de série.
Pneus: 235/55 R19.
Freios: Discos ventilados na frente e atrás. Oferece ABS com EBD e assistente de partida em rampa e controle de descida série.
Carroceria: Picape em monobloco, com quatro portas e cinco lugares. Comprimento de 5,03 metros com 1,89 m de largura, 1,77 m de altura e 2,99 m de entre-eixos. Ângulo de entrada de 25º, de saída de 24,5º, de rampa de 23,1º, com altura livre para o solo de 25,7 cm entre os eixos. Possui airbags frontais, laterais, de cabeça e de joelho para o motorista.
Peso: 1.917 kg.
Capacidade da caçamba: 980 litros.
Capacidade de carga: 750 kg.
Tanque de combustível: 55 litros.
Produção: Goiana, Pernambuco.
Lançamento no Brasil: 2023.
Preço da versão: R$ 269.990.
Preço da unidade testada: R$ 275.990.

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