31/05/2024 às 13h11min - Atualizada em 31/05/2024 às 20h06min

Uma urgência ignorada: os alertas e a previsão do tempo devem salvar vidas 

Larissa Warnavin (*) 

VALQUIRIA MARCHIORI
Rodrigo Leal

No final de abril, a população do Rio Grande do Sul foi alertada sobre a iminência de chuvas intensas, estimadas em cerca de 800 milímetros - aproximadamente oito vezes a média mensal esperada. Apesar da gravidade, a comunicação desses alertas pela imprensa local e autoridades careceu de ênfase, não transmitindo a urgência que a situação demandava.  

Você confia nos alertas de desastres emitidos pela Defesa Civil e na previsão do tempo? Se a sua resposta foi não, isso está ligado à baixa confiabilidade das previsões meteorológicas, que frequentemente falham em antecipar com precisão as condições climáticas futuras. A abordagem discreta por parte das autoridades e agentes de defesa civil pode ser parcialmente atribuído as falhas frequentes também. Este problema é amplificado pela estrutura deficiente de nossa rede de previsão meteorológica, realizada nacionalmente pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET). O INMET dispõe de uma vasta gama de tecnologias — incluindo satélites, radares meteorológicos e o supercomputador Tupã. No entanto, uma de suas maiores limitações é a insuficiente rede de estações meteorológicas, com apenas 750 ativas, sendo, no mínimo, 5.565 necessárias para cobrir todos os municípios brasileiros. Pois essas estações são fundamentais para os meteorologistas saberem as informações in loco.   

É como se fosse realizar um diagnóstico médico preciso, as estações funcionam como um exame de sangue complementar ao "exame de imagem" que seriam as imagens de satélite. A carência desses equipamentos para análises de clima, contribui para a falta de confiança nas previsões, fazendo com que a população muitas vezes ignore os alertas de risco de eventos extremos e desastres.  

A ineficácia na comunicação dos riscos, combinada com a falta de confiança nas previsões, resulta em inação por parte da população. Além disso, quando os desastres não ocorrem, as autoridades ainda enfrentam críticas por terem emitido "falsos avisos". Contudo, é essencial reconhecer que os alertas das defesas civis são projetados para salvar vidas, mesmo que isso envolva o risco de alarme desnecessário.  

Ainda, outro obstáculo para ação da defesa civil é a ausência de recursos adequados e planos de evacuação, na maior parte dos municípios, dificultando a comunicação eficaz durante emergências e as tomadas de decisão das equipes de defesa civil e das populações. Esta situação requer não apenas investimentos na melhoria dos sistemas de previsão, mas também no treinamento e organização das equipes de defesa civil e autoridades para redução de riscos de desastres.  

As lições de eventos recentes, agravados pelas mudanças climáticas, mostram uma falha sistêmica que provoca um efeito cascata de problemas. No entanto, a experiência também ressalta a importância de uma comunicação assertiva dos riscos e a necessária ênfase que deve ser dada na eminência de uma catástrofe. Medidas preventivas e políticas públicas eficientes são essenciais para proteger vidas e bens, enfatizando a urgência de uma abordagem mais proativa e responsiva aos desafios impostos por eventos climáticos extremos que possam vir a causar desastres.  

* Larissa Warnavin é geógrafa, mestre e doutora em Geografia. Docente da Área de Geociências do Centro Universitário Internacional Uninter. 


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VALQUIRIA CRISTINA DA SILVA
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