22/05/2024 às 14h14min - Atualizada em 22/05/2024 às 20h07min

O que significa estar pronto para a inteligência artificial generativa?

Por Giuliana Corbo*

ANA SARTORI
Giuliana Corbo, CEO da Nearsure/ Foto Divulgação

“A inspiração existe, mas ela tem que encontrar você trabalhando”, disse Pablo Picasso. Algo semelhante acontece com o impacto da inteligência artificial generativa: ela existe, mas as empresas devem trabalhar nisso.

Sua influência no aumento da produtividade é semelhante à que causou o surgimento do motor elétrico, em 1890, e do computador pessoal, em 1981, de acordo com o relatório da Goldman Sachs. A diferença é que nos casos anteriores os resultados surgiram após 20 anos, quando metade das empresas adotaram a tecnologia, enquanto agora é mais exponencial: no final desta década, gerará um crescimento anual estimado de 7% do PIB global, segundo a mesma consultoria.

A adoção é urgente, mas os resultados são graduais. No início deste ano, outra empresa de consultoria, a Gartner, alertou que se a implementação for motivada apenas pelo salto na tendência por medo de perder e sem gestão de riscos, os custos serão dolorosos.

Podemos delinear um roteiro para um futuro de sucesso. O ponto de partida é um conhecimento profundo do assunto. É impossível que as organizações tenham sucesso implementando inteligência artificial generativa sem primeiro dedicar esforços à formação e atualização constante de todos os colaboradores. A formação deve começar no “C Level” e envolver as diferentes áreas de forma transversal. Um erro comum é acreditar que apenas a área de tecnologia deve ser treinada quando, na realidade, já existem equipes jurídicas, financeiras, de segurança cibernética, de marketing e de vendas de diferentes organizações que a utilizam.
O conhecimento técnico também deve ser acompanhado de uma análise profunda das tendências do setor, estudo de mercado, possíveis disrupções que impactem o negócio e previsão de possíveis cenários. Esta será uma base sólida para qualquer iniciativa. Depois será a vez de realizar um plano estratégico em diferentes etapas e corrigi-lo à medida que for implementado.

Uma condição fundamental para estar preparado dentro de uma organização é entender que muitas tarefas estão expostas à automação. Aquelas que são repetitivas e não exigem talento humano podem ser substituídas por “máquinas”. Isto tem duas consequências diretas: em primeiro lugar, os trabalhadores terão mais tempo para desenvolver novas tarefas. Para poder realizá-las, é necessária adaptabilidade e um caminho de requalificação que a própria organização deve conduzir para treiná-los em novas competências.
A segunda é que o mercado de trabalho está mudando. No seu relatório “O Futuro dos Empregos”, o Fórum Econômico Mundial entrevistou empresas de 27 setores e todos, exceto quatro, previram um aumento líquido nas contratações. 25% dos empregos serão reestruturados nos próximos cinco anos, segundo a Universitat Oberta de Catalunya (UOC).

No Brasil, a maioria dos trabalhadores intelectuais (83%) já utiliza inteligência artificial (IA) em seus empregos. É o que aponta o “Índice de Tendências de Trabalho”, da Microsoft e LinkedIn. Esse número está acima da média mundial que ficou em 75%, de acordo com a mesma pesquisa, o corrobora a importância de empresas e profissionais estarem atentos e se preparen para um futuro que já chegou.

As empresas que ainda não chegaram nesse patamar devem olhar para dentro e identificar os processos-chave para se tornarem mais eficientes com inteligência artificial generativa. A dependência de tarefas manuais, a presença de infraestruturas obsoletas e a vulnerabilidade a ataques cibernéticos e violações de dados são alguns dos sinais que indicam a necessidade de transformação. Porém, para muitas empresas identificar estes pontos é um desafio, mas, felizmente, hoje existem empresas que se dedicam especificamente a fazer um diagnóstico e liderar a transformação digital nos setores em que isso é necessário.

Uma vez alcançado, o desafio será redirecionar o potencial humano para que o talento desenvolva tarefas que a tecnologia não é capaz de realizar. Em vez de encarar a inteligência artificial como uma ameaça, a eficiência será duplicada se as organizações a utilizarem como assistente e conseguirem atribuir aos trabalhadores funções insubstituíveis.

Por fim, se a inteligência artificial nos ensinou alguma coisa foi a sua capacidade de analisar dados, por isso as organizações devem desenvolver indicadores para medir o impacto e depois de um certo tempo saber se a implementação foi bem sucedida ou não. A análise de dados melhorou? Os processos internos foram simplificados? As campanhas de marketing são mais eficientes? Os clientes têm uma experiência melhor? As respostas permitirão que as empresas entendam se as estratégias estão funcionando ou se é necessária uma mudança em outra direção. Se for este o caso, as empresas devem ter flexibilidade para se adaptarem rapidamente à nova estratégia sem perder tempo ou recursos na transição.

O desenvolvimento econômico de diferentes indústrias durante os próximos anos será marcado pela adoção de inteligência artificial generativa. Não haverá a mesma receita para todas as organizações, mas, certamente, chegará apenas àquelas que estiverem preparadas.

Giuliana Corbo é CEO de Nearsure.



 

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ANA PAULA SARTORI
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