21/05/2024 às 08h45min - Atualizada em 22/05/2024 às 04h06min

"Mercado de carbono não pode ser a única ação no combate ao desmatamento da Amazônia", afirma especialista

O controle do problema também deve considerar a valorização das áreas de floresta

VANESSA GONçALVES
Alberto César Araújo/Amazônia Real

"Mercado de carbono não pode ser a única ação no combate ao desmatamento da Amazônia", afirma especialista
O controle do problema também deve considerar a valorização das áreas de floresta


O desmatamento na Amazônia está no centro das discussões da comunidade internacional, especialmente em face aos impactos que o uso e a mudança do uso da terra, legais e ilegais, neste bioma pode ter em relação à mudança climática global. Dados recentes do Imazon, Instituto do Homem e Meio Ambiente, que faz monitoramento não governamental da Amazônia, apontam uma queda de 63% no desmatamento na floresta no primeiro bimestre deste ano em relação a 2023. Apesar da "boa notícia", foram derrubadas áreas equivalentes a 327 campos de futebol por dia.

Para Francisco Higuchi, CEO da Tero Carbon, certificadora brasileira de créditos e estoque de carbono e doutor em Ecologia e Manejo de Florestas Tropicais (UFPR/INPA/ FFPRI Japão), o desmatamento precisa ser analisado dentro de um conjunto. "Se essa área tiver sido derrubada para a implementação de projetos agro sustentáveis, pode-se dizer que é 'do jogo'. No entanto, o problema maior em relação ao desmatamento é o resultado que não se traduz, por exemplo, em indicadores socioeconômicos, fazendo com que essa derrubada da floresta se apenas traga prejuízo ao clima, sem gerar qualquer saldo positivo", afirma.

Em meio às discussões e busca por soluções para o problema, o mercado de crédito de carbono surge como importante mecanismo de transferência de recursos para a promoção de ações de enfrentamento do aquecimento global. No entanto, o especialista afirma que o mercado de crédito de carbono não pode ser considerado o super-herói que vai proteger a floresta, mas sim um serviço fruto do manejo desse bioma cujo objetivo é mitigar o impacto ao meio ambiente.

"O mercado de carbono não pode ser encarado como o 'paladino da justiça' ou a solução para todos os males. Ele é mais uma das engrenagens de uma grande cadeia de produção. Por isso, a preservação da floresta precisa estar atrelada a produtos adicionais, ou de co-benefícios, que envolvem o emprego direto e indireto de pessoas na produção, a geração de receitas, o recolhimento de impostos, entre outros", ressalta.

Segundo o especialista, o crédito de carbono pode funcionar como aliado contra o desmatamento da Amazônia de duas formas: como valoração da floresta que ainda está em pé e de viabilização do reflorestamento das áreas especialmente afetadas pela grilagem de terras e venda ilegal de madeira.

"Projetos de crédito de carbono na Amazônia oferecem condições de mercado e linhas de crédito mais acessíveis para aqueles que buscam reflorestar a região. Algo que sem o apoio do crédito de carbono fica inviável para os produtores locais que não têm como arcar com altos juros de limites dos créditos disponíveis, que muitas vezes são inferiores ao mínimo necessário para fazer o reflorestamento", diz Higuchi

Valorização da floresta

O CEO da Tero Carbon acredita que o ponto de virada para controlar o desmatamento na Amazônia passa pelo aumento da fiscalização, mas também pela valorização das áreas de floresta. "Discursos contra o desmatamento na Amazônia, de 'salve o planeta' ou 'salve a Amazônia", precisam estar acompanhados de ações efetivas. Hoje, as florestas são valoradas com base nos produtos exploráveis disponíveis, como a madeira, que só podem ser acessados mediante a impactos diretos que resultam em emissões. O carbono pode agregar valor às florestas preservadas e conservadas e/ou ao uso racional das terras. Criando incentivos para um desenvolvimento regional mais sustentável, com impactos globais.", avalia.

Francisco Higuchi também defende o aumento da fiscalização e da aplicação das leis contra quem faz mau uso da floresta e a necessidade de um projeto de capacitação/educação ambiental para quem vive na região amazônica e vive de sua agricultura familiar.

"É fundamental o investimento em programas de desenvolvimento para os pequenos agricultores da região, que muitas vezes causam impactos evitáveis ao meio ambiente por desconhecer técnicas que ajudam sua produção, sem colocar em risco a Amazônia", conclui.

Sobre a Tero Carbon

A Tero Carbon é uma certificadora digital de créditos e estoque de carbono. Criada em Manaus, em 2022, a empresa utiliza metodologias exclusivas, voltadas para a realidade brasileira e que seguem as orientações técnicas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), além de ser a primeira do segmento com DNA genuinamente amazônico. Seu corpo técnico possui mais de 15 anos de experiência no desenvolvimento de projetos de carbono florestal na Amazônia, com expertise sobre a logística da região e aspectos sociais das comunidades tradicionais. A certificadora utiliza a tecnologia blockchain para conferir segurança, confiabilidade e rastreabilidade ao processo de certificação de ativos ambientais e conta com o apoio de instituições renomadas do setor, entre as quais: Incubadora de Empresas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (IE-INPA), entidade ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Federação Nacional das Indústrias do Estado do Amazonas (FIEAM) e da venture builder VB92 Launch Hub.


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VANESSA GONCALVES DA SILVA
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