Foto: divulgação - Colégio Visconde de Porto SeguroQuais os desafios os países ainda precisam enfrentar para dar um salto de qualidade na educação em escala global? Como garantir que alunos de todo o mundo tenham acesso a melhores recursos e práticas educacionais? As reflexões foram compartilhadas pelo professor e reitor honorário da Universidade de Lisboa, o português António Nóvoa, com uma plateia de 800 convidados, na última semana, no campus do Panamby, em São Paulo (SP), durante a abertura do ano letivo da instituição.
Desenvolvido entre 2020 e 2022, o Relatório “Reimaginar nossos futuros juntos: um novo contrato social para a educação” da UNESCO traz uma abordagem para contribuir com a transformação dos futuros cidadãos e profissionais da educação, além de buscar iniciativas pedagógicas mais diversas e ajudar na criação de novos ambientes educativos e colaborativos. O documento é o terceiro produzido pela entidade a cada 25 anos. As edições anteriores foram lançadas em 1971 e 1996 e serviram de base para a orientação de políticas educacionais em diversos países.
O educador português traçou um panorama sobre a atual situação da educação mundial. Segundo o professor, uma em cada sete crianças em idade escolar está fora das escolas, o que representa 15% de todas as crianças do mundo, sendo um total de 258 milhões pessoas. Além disso, metade dos alunos do mundo saem da escola aos 15 anos de idade sem terem adquirido aprendizagem mínimas. Durante a apresentação, Nóvoa mergulhou por diversas temáticas como a diferença de contrato quantitativo e qualitativo, abordou sobre os cinco novos ambientes educativos relacionando pedagogia com um trabalho de cooperação, currículo como um trabalho de convergência, professores com um trabalho de colaboração, escola com um trabalho de convivialidade e sociedade com a educação presente na cidade. Além de ter comentando sobre outros pontos importantes do relatório da UNESCO. O professor finalizou sua apresentação com conselhos aos gestores de como conduzir um trabalho pedagogicamente eficiente.
“A escola tem de ser o lugar da convivialidade, deve dar uma atenção especial ao diálogo, à presença, à relação entre alunos, levando-os a uma formação humanista, feita com os outros. Podemos aprender sozinhos, mas, para nos educarmos, precisamos dos outros, pois ninguém se educa sozinho. Por tudo isto, o processo de transformação ou de metamorfose da escola deve estar enraizado num compromisso forte com os direitos humanos”, afirma.
Nóvoa também compartilhou um incentivo aos profissionais da educação: “Os professores vivem, em todo o mundo, uma situação de cansaço e de desânimo. Poucos querem ser professores. Para sairmos desta situação, precisamos de alma, de ânimo e reconhecimento. Só conseguiremos juntando forças e energias, criando solidariedades, a começar pelos nossos colegas. Se as minhas palavras durante o evento no Porto ajudaram a contribuir uma vontade de ação e um impulso de coragem para despertar professores ou professoras, terá valido a pena”, garante o educador português.
Segundo a Diretora Geral Acadêmica do Porto, Silmara Casadei, trazer o Nóvoa para palestrar na abertura do ano letivo é uma ação estratégica e de grande importância para impactar os educadores da instituição. “Ao trazermos a presença expressiva e renomada do professor António Nóvoa, que foi o presidente do comitê de redação da Unesco, objetivamos ampliar a visão de mundo dos professores e atualizá-los de acordo com as principais discussões e recomendações do último relatório da Unesco”, finalizou a diretora.
