02/02/2024 às 18h06min - Atualizada em 03/02/2024 às 00h03min

Bate-papo: artista Marcia Gadioli revela nuances de seu trabalho exposto no MARP

Encontro entre a artista visual e o público aconteceu no último sábado (27/1), às 10h, no MARP, museu que abriga a exposição “Territórios” – até o dia 2 de março, em Ribeirão Preto

Verbo Nostro
Exposição Territórios no Marp (Foto: Ibraim Leão)
Uma folha de jornal leva de duas a seis semanas para se transformar em memória. E por quanto tempo podemos manter nossas memórias? Essa foi a proposta da artista visual Marcia Gadioli para a exposição “Territórios” – que teve lançamento na última sexta-feira (26/01) e fica aberta à visitação até 2 de março, no Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi (MARP). Em algumas de suas produções, como nas séries Memoriar e Cacos de Memória, a artista questiona a continuidade da imagem, como revelou no bate-papo com o público realizado na manhã do último sábado (27/1).

A conversa foi dedicada a revelar facetas da produção da artista com foco nas técnicas usadas em suas obras, principalmente nas texturas de papel e parafina. “A parafina é um meio que consegue conservar a foto - ela não se altera muito, porém se torna frágil em função da espessura. Por isso, trabalho com o paradoxo entre a efemeridade e perenidade da imagem”, comentou Marcia Gadioli para o público no MARP. Ainda, sobre as técnicas, a artista explicou sobre a série Memoriar, feita com a sobreposição de imagens antigas de sua família e com outras de sua autoria. “Assim, vou construindo camadas de tempos diferentes e criando novas histórias”, pontuou.

Além dos quadros, a exposição também conta com vídeos produzidos por Marcia Gadioli, após provocação do curador, Eder Ribeiro. “Nunca havia pensado em trabalhar com essa linguagem. Produzi esses vídeos para explorar o processo da parafina”, explicou Marcia. Já os painéis expostos são extraídos do livro de artista que Marcia criou. “Também foi uma proposta do Eder e, com isso, utilizei a textura da cidade através da frotagem com fotos minhas de São Paulo sobrepostas. No livro, elas são páginas que aparecem intercaladas com colagens que remetem a minha memória pessoal”, contextualizou Marcia.

Sobre os livros de artista – um atrativo da mostra - ela deixou os trabalhos expostos para o manuseio do público, para que as pessoas possam interagir e sentir a textura do papel utilizado. “Gosto de deixá-lo assim para que o público tenha um contato mais próximo com a obra - mesmo que deixe sua marca: como as marcas de outras exposições)”, sinalizou. 

Marcia comentou que a obra em si também se transforma de uma exposição para outra. “Como ela é itinerante, começou exposta de um jeito em São Paulo e, aqui em Ribeirão Preto, já está diferente, se adequando ao lugar. Essa é uma das características da fotografia, de poder ter outros sentidos dependendo do lugar em que está. Ela não é única e absoluta”, completou curador Eder Ribeiro.

No piso térreo do museu, onde a exposição está instalada, é possível interagir de diversas formas com a mostra, em um espaço em que o público se sente “dentro” da produção de Marcia, como define o curador da exposição. “Marcia trabalha muito com as memórias e esse espaço, rodeado por suas obras, nos faz sentir como se estivéssemos dentro de um cômodo da casa da família Gadioli”, definiu.

Territórios

A exposição reúne a produção dos últimos dez anos da artista, desde sua primeira pesquisa sobre a paisagem urbana de São Paulo até suas últimas experimentações com meios e processos fotográficos alternativos. O conjunto é formado por mais de 50 obras produzidas em diferentes meios: vídeos, fotografia analógica e livros de artista. Marcia Gadioli é uma pesquisadora das consequências das alterações urbanas na memória do indivíduo, utilizando a fotografia como principal linguagem, mas não somente ela. Seu processo de criação é plural e envolve também as intervenções artísticas e a crônica visual. “Me considero uma artista que trabalha com a fotografia. No meu trabalho, o uso da poética está acima de qualquer técnica utilizada”, define.

Sobre a artista

Marcia Gadioli é artista visual e pesquisa as consequências das alterações urbanas na memória do indivíduo. Utiliza a fotografia como linguagem principal, assim como a captura digital, a apropriação de imagens do jornal, de fotografias antigas do acervo familiar e vernaculares para estabelecer conexões entre a memória pessoal e a coletiva. Atualmente integra grupo de estudos com orientação de Sylvia Wernek. Participou da Residência Artística Internacional ACHO com orientação de Fabiana Bruno e Óscar Guarín Martinéz, da Imersão de Verão em Poéticas Visuais com Renato de Cara, na Gare Cultural e do Coletivo Forma, com orientação de Nancy Betts, em São Paulo. Formada no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, Marcia Gadioli expõe em salões de arte contemporânea, galerias e espaços culturais desde 2005. Criou e dirige, em parceria com o curador e crítico de arte Marcelo Salles, a Casa Contemporânea, espaço cultural independente localizado em São Paulo onde vive e trabalha.

SERVIÇO

Exposição “Territórios”, de Marcia Gadioli
Data: de 26 de janeiro a 2 de março de 2024
Local: MARP - Museu de Arte de Ribeirão Preto Pedro Manuel-Gismondi (rua Barão do Amazonas, 323, Centro, Ribeirão Preto – SP)
Informações: (16) 3635-2421

Programação
Visitação aberta ao público:
De 26 de janeiro a 2 de março de 2024
Terça a sexta, das 9h30 às 12h e das 13h às 17h30
Sábados: 27/01, 10/02 e 02/03, das 9h às 15h
(Exceto feriados e pontos facultativos)

Próxima conversa com a artista Marcia Gadioli:
02/03 (sábado), às 10h – com participação do arquiteto Marcelo Salles (com interpretação em Libras)

Curadoria: Eder Ribeiro
Expografia: Marcelo Salles Arquitetura

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