23/11/2023 às 15h55min - Atualizada em 24/11/2023 às 00h01min

Seca da Amazônia: El Niño e suas ameaças em 2023/24 

*André M. Pelanda e Rodrigo Berté

Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

Nas últimas semanas houve um grande destaque nos canais de comunicação para a seca que está assolando a região amazônica. As chuvas são formadas através da ascensão do ar quente e úmido na atmosfera, onde o vapor d'água é condensado, na presença de núcleos de condensação. Algumas atividades de origem humana, como a poluição do ar e as alterações da paisagem, podem afetar as formações das chuvas, fazendo com que seu índice seja reduzido, de acordo com a magnitude destas alterações. A poluição do ar pode gerar alterações na formação de nuvens e na qualidade da chuva, enquanto o desmatamento e a urbanização podem alterar os padrões de precipitação em áreas específicas. 

A seca na Amazônia é um fenômeno complexo que apresenta origem em uma combinação de fatores naturais em conjunto com atividades antrópicas. Dentre os fatores de origem natural, é importante destacar as variações climáticas oriundas de fenômenos naturais, como o El Niño. O El Niño é um fenômeno climático que ocorre periodicamente no Oceano Pacífico, sendo caracterizado por um aquecimento anormal das águas superficiais do Oceano Pacífico equatorial, podendo gerar alterações nas características climáticas de várias áreas do mundo, e, modifica a distribuição de chuvas na América do Sul, tornando-as menos frequentes na Amazônia e favorecendo condições de seca.  

A partir mês de junho de 2023, as condições da temperatura da superfície do Pacífico equatorial têm demonstrado um padrão característico do fenômeno El Niño. Isso se manifesta na forma de uma extensa faixa de águas aquecidas, com temperaturas superiores a 3°C nas proximidades da costa da América do Sul. Além disso, o Atlântico Tropical Norte está apresentando temperaturas da água acima do normal, excedendo os valores médios históricos. Essa combinação de eventos, com o El Niño atuando em conjunto com as águas mais quentes do que o habitual no Atlântico Tropical Norte, está causando uma série de impactos no clima da América do Sul. 

Já entre os fatores de origem humana que contribuem para a seca na região amazônica, destaca-se o desmatamento e a sua conversão em áreas agrícolas e pastagens, visto que uma das consequências deste processo é a redução da evapotranspiração, diminuindo os índices de umidade do ar e, consequentemente, também reduz as condições para a formação chuvas na região. Outro fator que contribui significativamente para uma diminuição no índice de chuvas são as queimadas, que muitas vezes são realizadas após o desmatamento de determinadas áreas, pois este processo libera quantidades significativas de carbono na atmosfera, que, além de gerar uma queda na umidade do ar, ainda pode aumentar o índice de problemas respiratórios nas populações humanas que vivem nas áreas afetadas. 

Com base nos dados fornecidos pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais (INPE), nos últimos meses deste ano na Região Amazônica, houve uma escassez de chuvas em relação à média histórica. Os maiores déficits de precipitação ocorreram principalmente na parte centro-norte da região, com desvios negativos de chuva mais pronunciados durante o trimestre junho-julho-agosto. Na estação meteorológica do INMET em Manaus em 2023, a precipitação foi de 130,9 mm, enquanto a média histórica para o mesmo período é de 202,2 mm. De maneira semelhante, a estação meteorológica em Belém registrou 309,8 mm de chuvas, abaixo da média trimestral de 404,8 mm. 

A combinação de fatores naturais e de origem humana faz com que a Amazônia se torne cada vez mais vulnerável à seca, tornando-a mais suscetível a incêndios que podem gerar implicações significativas no clima global e ainda colocar em risco a sua biodiversidade, visto que este bioma desempenha um papel fundamental na regulação climática e comporta cerca de 10% de toda a biodiversidade global, portanto, a sua gestão sustentável é um componente fundamental para a sua proteção. 

 *André M. Pelanda é Especialista em Gestão Ambiental e Desenvolvimento Sustentável e Mestre em Governança e Sustentabilidade. Professor no Centro Universitário Internacional Uninter.  

* Rodrigo Berté Pró-Reitor de Graduação do Centro Universitário Internacional Uninter. 


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