21/03/2023 às 11h45min - Atualizada em 22/03/2023 às 00h05min

Autonomia e protagonismo são indispensáveis na prática da liderança contemporânea

O mercado de trabalho pós-pandêmico pede por uma postura mais horizontal e humanizada dos líderes

SALA DA NOTÍCIA Paula Ferezin
 

O modelo de trabalho que funcionava há algumas décadas não é mais efetivo, embora ainda seja praticado com frequência em diversas companhias. A hierarquia que sobrecarrega gestores e desmotiva os colaboradores, com uma visão deturpada do gerenciamento de equipe, prejudica o desempenho e a entrega das áreas, com reflexos diretos nos resultados do negócio. Joacir Martinelli, diretor técnico e consultor da Duomo Aprendizagem Corporativa, ressalta que é necessário rever com urgência esse papel de liderança construído historicamente e disponibilizar ferramentas para o desenvolvimento das habilidades essenciais de liderança, independente da cultura, segmento de mercado ou nível hierárquico.

A ideia de padronizar os processos para fazer mais em menos tempo, seguindo a linha de “comando e controle” entre gestores e colaboradores foi efetiva em um período previsível, no qual oferecer produtos e serviços melhores era praticamente insignificante. A dinâmica corporativa atual é volátil, incerta, complexa e ambígua, não sendo mais possível ter práticas tão estáticas. Para explicar essa diferença, Martinelli faz uma analogia entre os esportes remo e rafting: “o mundo era, até há pouco tempo, como um lago de águas razoavelmente calmas. Em algumas modalidades do remo, para guiar o caminho, um membro da equipe, que fica virado para o rumo que o barco vai, dá o sentido e as orientações aos demais que estão remando. Mas o mundo não é mais este lago de águas tranquilas. Estamos em corredeiras, passando por pedras, ondas e redemoinhos. O esporte agora é o rafting, com um bote, também com remadores e um líder que ainda tem o papel de auxiliar o time a atingir o objetivo, mas todos precisam ter muito mais autonomia e iniciativa, isso é, uma horizontalização do poder”.

A falta da horizontalização do poder e do desenvolvimento pleno da atitude protagonista de todos os colaboradores gera morosidade em um mundo que não espera mais. “Lidamos com problemas tão mais complexos que dificilmente um ou poucas pessoas da cúpula da empresa conseguirão sozinhas achar as melhores soluções. A inovação plena e ágil advém de muito mais de um processo coletivo de concepção do que da capacidade criativa de um ou outro” ressalta Martinelli.

 

Por isso, ter uma gestão horizontalizada, que promove a autonomia dos colaboradores e o desenvolvimento pleno da atitude protagonista é indispensável dentro deste contexto de um mundo que tem pressa e muda constantemente. “Uma empresa que não gera a responsabilização plena a todos, que não aproveita o potencial completo dos colaboradores, que sofre com as falhas e demoras da comunicação nos processos decisórios rigidamente hierarquizados não é funcional”, pontua Martinelli, que faz o alerta: “é verdade que muitas empresas continuam tendo lucro e prosperando mesmo com líderes e colaboradores agindo sob o mando do script ‘comando e controle’, mas o esforço para se ter este resultado deve estar sendo muito maior do que seria necessário e, possivelmente, algum concorrente já está avançando em relação à cultura adotada. Resumindo: ou a empresa já está pagando um preço e/ou uma hora a conta irá chegar”.

 

“Lideranças humanizadas e preparadas para tomar decisões em conjunto devem ser uma preocupação das empresas, mas não a única. Os gestores e colaboradores precisam mudar e compreender que a própria postura faz parte desta mudança. Cada um tem uma responsabilidade diferente e todos são igualmente responsáveis por entregar resultados”, aponta Martinelli. Em breve, o especialista em aprendizagem corporativa lançará o livro “Práticas da Liderança Contemporânea: Mindset e Gestão”, que aprofunda a discussão e aborda como promover o desenvolvimento de líderes de forma efetiva.

Martinelli é diretor executivo da Duomo Aprendizagem Corporativa e consultor com mais de 30 anos de experiência no desenvolvimento de líderes em renomadas empresas. Gestor de pessoas desde os 23 anos, é reconhecido por ser “cirúrgico” em seus diagnósticos e pela sua fala assertiva e estratégica. Com diversas especializações na área da Psicologia Social, é coautor do livro Team & Leader Coaching, possui Certificado no Global Leadership for the 21st Century Program, pela Universidade de Saybrook (Seattle).


 
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