Caso o dinheiro fosse seu namorado, como você descreveria a relação de vocês? Esse é o tipo de pergunta que faço para as mulheres durante minhas palestras e workshops. A resposta costuma ser muito parecida com os enredos de músicas sertanejas: um relacionamento completamente passional e envolvendo desejos, expectativas e, especialmente, emoções que desconhecemos.
Sempre que cuidamos da nossa vida financeira, procuramos um manual passo a passo. E eles são importantes, mas ignoram o fato de que 85% de nossas decisões são baseadas por nossas emoções, isto é: todos os aspectos subjetivos que regem a nossa relação com dinheiro. Soma-se a isso o fato de que não fomos ensinados a conhecer e lidar com nossas emoções, nem tampouco tivemos educação financeira. Por isso, eu digo: talvez você não precise gastar menos nem ganhar mais para transformar sua vida financeira. Mas, para isso, é preciso se conhecer melhor.
Então, convido você a fazer um exercício para refletir de uma forma leve e prática sobre a sua relação com o dinheiro, completando frases como: pessoas que têm muito dinheiro são...? Esta é uma, dentre muitas questões que possibilitam a percepção e entendimento pessoal de cada pessoa a respeito do dinheiro, o que, por sua vez, leva a comportamentos particulares na maneira como cada um cuida de seus bens e recursos, pois dificilmente o dinheiro é visto como algo neutro. Ou atribuímos a ele significados positivos, ou negativos. Por exemplo: algumas mulheres respondem que pessoas ricas são arrogantes. Outras, que são batalhadoras.
É necessário reconhecer que uma relação emocional entre dinheiro e finanças existe, e que, para cuidar dela, é necessário se observar, se conhecer, e aprender como se cuidar. Essas características são fundamentais para uma prosperidade financeira sustentável.
No caderno, faça uma retrospectiva de 2022:
Qual foi o mês em que você mais usou dinheiro? Qual foi o mês em que você mais ganhou dinheiro? Qual foi o mês mais desafiador? Qual foi o mês mais feliz? Cite um gasto que trouxe coisas positivas para sua vida. Cite um gasto que trouxe arrependimento. Em que ocasiões você parece gastar mais? O que suas finanças parecem contar sobre outros processos que você viveu ao longo do ano?
Depois, liste o que você deseja nas seguintes áreas:
Trabalho e realizações profissionais Viagens longas e estudos Compromissos e combinados com o outro Parcerias amorosas e profissionais Saúde, alimentação, cotidiano Amores, filhos, diversão, criatividade Casa, família Viagens curtas, cursos livres Valores pessoais, compromissos consigo Você, seu corpo e sua forma de agir Espiritualidade e autoconhecimento Dinheiro e sonhos de longo prazo
Portanto, analise seu estilo de vida e perceba o que a leva a gastar de maneira negativa, assim como um relacionamento abusivo e sem freios. A mudança vem de dentro para fora. A boa vida financeira é, assim como a boa forma física e um relacionamento saudável, um resultado de olhar para dentro de si, identificar padrões que não queremos mais repetir, compreendê-los com autocompaixão para, então, ressignificá-los.
*Dani Carvalho é Fundadora da Dinheiro é Meio, uma plataforma para mulheres que desejam transformar sua relação com o dinheiro. Desde 2019 se dedica a apoiar mulheres a tomarem decisões de investimento que estejam alinhadas com o que realmente desejam para si mesmas e para o mundo, por meio de Mentorias, Cursos e Palestras.
Antes, atuou no Mercado Financeiro, com passagens pelo Banco Votorantim e Jive Investments. Em 2022, aceitou o desafio de ingressar no Setor Público, compondo a equipe fundadora da Estratégia Nacional de Empreendedorismo Feminino no Ministério da Economia e, posteriormente, integrando a Assessoria Estratégica da Presidência da Caixa Econômica Federal, desenhando e implementando projetos que já impactaram milhares de mulheres. É graduada em Relações Internacionais com ênfase em Marketing e Negócios, especialista em Relações com Investidores e Finanças Sustentáveis.
É Mestranda em Política Pública e Governo pela FGV. Daniela cresceu no Capão Redondo, extremo sul de São Paulo, e tem em suas raízes o lembrete perene daquilo que faz seus olhos brilharem: um Brasil bonito e abundante para quem mais precisa.