Encarar a arte como um ato social e de resistência tem sido uma porta aberta para discutir pautas relevantes contribuindo para o desenvolvimento humano e o respeito à diversidade. A arte não é apenas um campo de entretenimento para as pessoas e nem um evento para prestigiar quando não se tem algo maior para fazer. A arte é esse algo maior, é um ato concreto que participa ativamente da vida das pessoas.
Não só para desempenhar um mero papel do entreter, o co-fundador da Cia Kà de Teatro, Kelvin Millarch relembra que trabalhar a arte e o teatro “em comunidade, principalmente no contexto político atual, é uma oportunidade para o exercício de uma democracia participativa, criando espaços de gestão coletiva dos cidadãos, requalificação de espaços públicos, promovendo a vitalidade no meio urbano, entre outras possibilidades que as formas de construção e organização artísticas refletem”, reflete o artista.
A arte, através do teatro, estimula conhecimentos, “permite que crianças e jovens desenvolvam sua consciência individual e social no seu desenvolvimento para a vida adulta”, ressalta Millarch. Por ser um campo livre para a reflexão de pautas e debates variados, é o teatro um espaço educacional que incute na nova geração os valores essenciais para se conviver em harmonia em comunidade.
Vale ressaltar, corroborando Millarch, que as políticas públicas e o fomento à cultura e à arte, no contexto atual que estamos vivendo, tem sido uma pauta encarada com certo descaso e não muita importância pelos responsáveis da gestão pública. Para Kelvin Millarch, “a importância do teatro é sentida de diversas formas na vida de uma pessoa, de modo que ela passa a ter uma visão mais ampla da sociedade, adquirindo respeito, cidadania e um posicionamento mais aberto à diversidade”, diz. Essa forma de arte, prossegue Kelvin, “colabora bastante com o combate ao preconceito e à discriminação em todas as suas formas. O teatro contribui em espalhar um maior pensamento de amor e respeito entre as pessoas”.
A arte, em geral, é um eixo que precisa ser encarada, cada vez mais, como uma das diversas profissões que influenciam diretamente os fatores sociais, humanos etc. Atualmente, revela Millarch, “a arte enfrenta uma desvalorização por conta de um sistema voltado ao capital a curto prazo, logo o apoio do Estado é necessário para que o fazer artístico resista de forma igualitária”, lembra com persistência. “A problemática das leis de incentivo está em voga, isso quando temos consciência de que elas ‘não são para todos’ e os poucos fora da bolha que conquistam essa possibilidade são colocados em uma posição negativa perante a sociedade”, afirma Kelvin.
