13/06/2024 às 07h50min - Atualizada em 13/06/2024 às 07h43min

Desistir nunca é uma opção quando se nasce sonhador

A comovente história do menino amputado que persiste em seus sonhos e conquista seguidores

A paixão por esportes sempre foi algo que permeia a vida de Maurício Scota. Desde menino jogava futebol e era bom de bola, muito se falava que ele tinha grandes chances de se tornar um novo craque da sua geração.

Porém, aos 17 anos, no dia 28 de janeiro de 2009, sua vida mudou completamente. 

Em um passeio, Maurício entrou com a sua moto embaixo de um caminhão e perdeu a perna esquerda, “Entrei com a moto na lateral do caminhão, com a batida, a  perna ficou presa apenas pela pele, me levaram para o Hospital de Candelária, e de lá fui transferido para o Hospital de Santa Cruz, onde fizeram a amputação da perna. Fiquei na UTI por alguns dias, até me recuperar”, conta o rapaz.

A jornada de Maurício foi árdua, no início, o menino demorou a aceitar o que aconteceu, achava que a sua vida havia acabado e que seus sonhos de jogar, namorar e viver como sempre imaginou tinham ficado embaixo daquele caminhão.

Sempre muito ativo, agora se via impossibilitado de fazer as coisas que mais amava, principalmente pelo fato de não poder jogar futebol, ainda mais que muitos clubes da região estavam de olho no seu talento e ele sabia da possibilidade de se tornar um jogador profissional. O garoto também sentia-se desconfortável com os olhares das pessoas para a sua nova condição.

A fase complicada durou por alguns meses e nesse momento, Maurício se viu amparado por uma rede de apoio importante. Seus familiares e amigos estenderam as mãos e estiveram ao seu lado durante os momentos mais difíceis, onde o menino não tinha perdido a vontade de sair e participar das atividades típicas de garotos da sua idade.

Nesse processo o apoio da escola também foi fundamental para o garoto que estava prestes a terminar o ensino médio, afinal no primeiro ano após o acidente, sair e conviver com as pessoas era algo que o incomodava e ir à escola nem sempre era tarefa fácil. E nesses dias que ele não queria ir, a escola soube compreender e ofereceu todo o apoio e o suporte que Maurício precisava para continuar.

Durante o primeiro ano, a ajuda de profissionais como psiquiatra e psicóloga foi essencial para que Maurício pudesse retomar o seu caminho. Era nestes momentos que ele expunha seus medos, suas dúvidas e tudo que o afligia nesta nova fase que se apresentava a ele.

Com o passar dos meses, o rapaz pediu afastamento das consultas semanais com a psicóloga, pois passou a entender que aquele seria o seu novo jeito de viver. Os encontros tornaram-se quinzenais, depois mensais, até que Maurício decidiu que poderia prosseguir sozinho.

Recomeço com a prótese

Logo que foi liberado Maurício começou o processo de adaptação para a colocação da prótese, que contou com um longo período de fisioterapia para a preparação do coto para a colocação da prótese.
Durante esse tempo, a cidade de Candelária, no Rio Grande do Sul, se mobilizou para ajudar Maurício a conseguir o valor para essa primeira prótese, que seria um grande avanço no seu caminho rumo à nova vida.
Hoje, Mauricio busca conseguir uma nova prótese, mais adequada às suas necessidades e para conquistar seus direitos, entrou com um processo judicial solicitando a nova prótese. O processo, encaminhado pelas mãos do escritório Kopp Alves deve ter resposta em poucos meses, visto que em casos como o de Maurício, as decisões tendem a ser tomadas através das liminares (quando a decisão é dada antes mesmo da finalização do processo).

Desistir nunca é uma opção quando se nasce sonhador

O título dessa matéria faz parte de uma postagem de Maurício no Instagram e tem tudo a ver com a sua história. Alguns meses depois do acidente e com todas as batalhas, Maurício passou a enfrentar os dias ruins de cabeça erguida, firme no seu propósito de continuar a viver da forma como era possível.
Apesar dos olhares e da opinião de algumas pessoas, que achavam que por causa da amputação o jovem deveria ser tratado de maneira diferente, ele sempre fez questão de mostrar que era igual a qualquer outra pessoa e que merecia respeito e confiança como qualquer outro.
Se formou na escola e seguiu sua vida, fez faculdade de Educação Física e no período da pandemia, por conta do isolamento social e começou um curso EAD de Administração, área em que trabalha atualmente em uma empresa da sua cidade.
Além disso, sua paixão pelos esportes o levou a novas experiências e Maurício, antes apaixonado por futebol, ganhou novas paixões, como a natação, o basquete de cadeira de rodas e o crossfit. Maurício se tornou atleta: foi campeão pan-americano de natação e um dos seus maiores orgulhos é a sua foto na parede de atletas homenageados pelo Grêmio, seu time de coração! Hoje ele também se tornou jogador de basquete em cadeira de rodas e atua no time da Aspec de Santa Cruz (associação da pessoa com deficiência da cidade de Santa Cruz), além de praticar frequentemente as aulas de crossfit, que para ele são essenciais para manter o peso, trabalhar a parte de força e cardio respiratória.
Quem faz uso de prótese tem que manter o seu peso sempre o mesmo, pois para usar a prótese, que tem a sua base de encaixe feita de um material modelado para o corpo do paciente, as medidas devem ser as mesmas para que não haja desconforto pelo paciente durante as suas tarefas diárias. E para essa finalidade, Maurício se adaptou perfeitamente ao crossfit, que o ajuda a manter o corpo em movimento e livre das dores.

Um agente transformador na vida de pessoas

Levando adiante suas experiências, Maurício se tornou palestrante e hoje viaja contando sua história de vida e toda sua superação dentro de empresas e escolas, mostrando que o caminho, por mais tortuoso que seja, sempre pode nos levar a alcançar os nossos sonhos, mesmo que de uma forma diferente da que imaginamos no começo de tudo.
Maurício diz que hoje tem condição de ajudar várias pessoas que o procuram para saber da sua experiência de vida. Um acontecimento marcante, desses que mudam a vida, aconteceu na época da faculdade de Educação Física, quando ele tinha 28 anos, onde uma das suas professoras pediu para que Maurício batesse um papo com seu esposo, que estava passando pelo mesmo problema que afligiu o jovem anos atrás. O senhor, de quase 60 anos na época, amputado por conta de um problema de saúde via-se sem motivação para continuar a viver.
Os dois passaram horas conversando e Maurício, mesmo sendo muito mais jovem do que o homem, levou palavras de alento e encorajamento para o senhor, que fez com que ele voltasse a enxergar a vida com mais vontade de prosseguir.
Maurício destaca que as palestras têm grande importância em sua trajetória, pela possibilidade de levar motivação e apoio para outras pessoas que estão passando por dificuldades, sejam elas quais forem, e que precisam de uma palavra que as faça continuar com seus propósitos. Neste cenário, a empresa onde Maurício trabalha tem participação fundamental, pois permite que o rapaz se ausente para levar sua mensagem através das palestras.
 
 

Uma vida inteira pela frente!

Hoje, depois de 15 anos de toda a reviravolta em sua vida, Maurício se vê realizando os sonhos que o menino tinha e achava no começo desta história que não poderia realizar. Casado, feliz e vivendo a expectativa da chegada do seu primeiro filho, o jovem adulto hoje se diz realizado e em busca de alcançar novos sonhos, sempre se esforçando para fazer o melhor sempre, principalmente agora, com o nascimento de seu filho, a quem ele quer mostrar que a vida tem dificuldades sim, mas que sempre temos a oportunidade de fazer melhor, sem nos abatermos.
“Quando a gente se vê nessa situação, temos duas opções: ficar em casa e deixar a vida passar ou ficar se lamentando… Ou seguir em frente. Eu sempre digo para as pessoas, têm que encarar, tem que tentar. Não vai adiantar nada ficar em casa chorando. Não é a primeira pedra no caminho que eu vou desistir. Por mais que a gente se quebre no início, a recompensa vem. Se não fosse pelo acidente eu não estaria aqui conversando com você e eu não teria essa história de vida tão impactante para contar para as pessoas. Óbvio que eu não queria ter a minha perna amputada, mas hoje, eu não trocaria a minha vida de amputado pela vida antiga, pois o que eu passei nesses anos, as experiências que eu vivi fizeram a minha vida mudar muito e mudar para a melhor.”, expressa Maurício.
“Tem uma frase que eu levo sempre comigo que é a seguinte: A Derrota de hoje, pode ser a grande vitória de amanhã. E tem uma outra frase que eu ouvi em um podcast que diz: Mudar é difícil, não mudar é fatal. E eu tenho pra mim, mudar é difícil, mas a gente tem que continuar, tem que se desafiar a todo o momento.” - Maurício Scota
 

 

Enviado por Sua Imprensa.
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