14/07/2022 às 16h08min - Atualizada em 14/07/2022 às 16h35min

Novo Romance afro utiliza a Revolta dos Malês como pano de fundo

Autor Corisco Moura se projeta na literatura afro-brasileira contemporânea com seu primeiro romance: ‘Dois Levados numa Jangada’

SALA DA NOTÍCIA Redação

Quem quer que esteja de olho no cenário literário atual já deve ter percebido a tendência por narrativas que acompanham uma perspectiva de negritude. É crescente o número de romances e contos que abordam as tribulações da cidadania negra no Brasil, rompendo assim com a velha hegemonia branca do mercado literário. Obras premiadas como “Um Defeito de Cor”, de Ana Maria Bahia, e “Torto Arado”, de Itamar Vieira Junior, trazem à tona a importância desse olhar afro na formação brasileira. Uma linha com que Corisco Moura optou com seu novo romance “Dois levados numa jangada”.



Corisco Moura (foto) é o nome literário adotado pelo médico de família Rodrigo de Novaes Lima. Morador de Florianópolis, já publicou algumas obras com seu nome de batismo. “O meu primeiro livro foi “A última aldeia”, uma novela, publicado pela Editora Insular. Trata-se de uma literatura leve e despretensiosa”, relembra Moura. Também foi colunista do Jornal Empoderado, voltado para a luta da comunidade negra. Então, a adoção de Corisco Moura como seu nome reflete seu desenvolvimento como autor.

“Dois levados numa jangada” é seu segundo livro e marca a sua estreia no gênero literário da categoria romance. Se alinha assim a romances históricos como “Um Defeito de Cor” que colocam em pauta o protagonismo do negro no passado escravocrata do Brasil. “O enredo da obra, de forma consciente, tangencia um ano especial da república velha, dando ênfase à insegurança do regime político, às contradições de uma sociedade escravista onde imperavam o preconceito e a desigualdade, sintomas de uma doença social que se agudizaram nos tempos recentes”, conta Moura. Por conta disso, o romance tem como cenário histórico a Revolta do Malês, levante de escravos muçulmanos em 1835.

Apesar de ser uma obra literária, Moura deixa claro o compromisso historiográfico na composição do seu livro. “Recorri a assessoria de Tatiana Tozzi Gottsfritz, especialista em religiões de matrizes africanas, bem como a uma vasta referência histórica, destacando se a obra do historiador João José Reis e a fontes de estudo sobre a comunicação travada no século XIX nos diversos nichos”, explica o autor. Isso faz com que “Dois levados numa jangada” se aproxime de outra tendencia influente na literatura brasileira atual. Os chamados romances “exigentes” que tem certo compromisso ensaístico na escrita da narrativa.

 


 
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp