18/06/2024 às 13h41min - Atualizada em 18/06/2024 às 18h07min

Especialista alerta para os riscos do descarte de resíduos à saúde e ao meio ambiente 

Universidade Santo Amaro desenvolve pesquisa no Represa Guarapiranga, em São Paulo, sobre contaminação por microplástico; 

GENINHA MORAES
Divulgação

De acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), no último levantamento do Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil, em 2022, o Brasil gerou mais de 81 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos; deste volume 76 milhões de toneladas receberam descarte correto e mais de 5 milhões de toneladas sem destino específico.  

A coordenadora dos cursos de Engenharia Ambiental e Gestão Ambiental da Universidade Santo Amaro (Unisa), Cristina Vilas Boas de Sales Oliveira, observa um aumento considerável de resíduos nas praias, em especial na alta temporada. “A vinda de muitos turistas nas praias, revela uma triste realidade ambiental, um aumento considerável no volume de resíduos que poluem as areias e ameaçam ecossistemas marinhos” “Embalagens e recipientes plásticos não-biodegradáveis têm se acumulado, resultando em impacto no meio ambiente”.  

Ainda segundo a coordenadora, o descarte inadequado de resíduos contribui para a formação de microplásticos, minúsculas partículas que contaminam rios e oceanos. Os microplásticos gerados afetam a fauna marinha e comprometem a qualidade da água, prejudicando ecossistemas vitais. Para ela além de conscientizar sobre os impactos negativos, é crucial fornecer orientações práticas para combater o descarte inadequado de resíduos. Por isso, a engenheira ambiental relacionou algumas dicas de cuidados com o meio ambiente que todos podem adotar para preservar as praias e os oceanos: 

  • Redução do uso de plástico: evite itens descartáveis sempre que possível como por exemplo: sacolas, garrafas e privilegie a utilização de utensílios reutilizáveis. 

  • Reciclagem adequada: descarte seu resíduo nas lixeiras adequadas preferencialmente segregando os tipos de resíduos para facilitar o processo de reciclagem. 

  • Educação ambiental: promova a educação para outras pessoas sobre os impactos do plástico no meio ambiente. Conhecimento é fundamental para promover mudanças de comportamento. 

  • Incentivo a alternativas sustentáveis: apoie e promova empresas que adotam práticas sustentáveis por meio do poder de escolha de produtos com embalagens biodegradáveis ou de materiais reciclados. 

É crucial que a sociedade reconheça a gravidade desse problema e adote medidas responsáveis. A preservação das praias e dos ecossistemas marinhos depende da conscientização e ação coletiva. 

Para Cristina, os microplásticos representam uma questão emergente com graves consequências para o meio ambiente e a saúde da população. O impacto dos microplásticos também tem sido objeto de pesquisa na Unisa. Alunos orientados pelo Professor Guilherme J. da Costa Silva, do programa de pós-graduação stricto sensu Saúde Única, coordenado pela professora Adriana Cortez, desenvolvem investigações que visam avaliar a contaminação da fauna do Reservatório de Guarapiranga por essas partículas plásticas. Nos estudos, peixes e invertebrados aquáticos são coletados e seu conteúdo gástrico é analisado nos laboratórios da instituição. O receio que motiva esse estudo é que diversas espécies de peixes da região podem estar contaminadas por microplásticos, o que é alarmante, pois esses animais são fonte de proteína para as populações residentes ao redor do lago. 

As pesquisas sobre os danos dos microplásticos ao meio ambiente e à saúde continuam em curso na universidade, mas já é sabido que esses fragmentos foram detectados em inúmeras espécies de animais marinhos, como peixes, crustáceos e até mesmo em baleias, além de também serem encontrados em água potável. Os microplásticos são partículas resultantes da degradação de plásticos não biodegradáveis ou estão presentes em produtos abrasivos, como cremes esfoliantes e cremes dentais. Embora sejam milimétricos, têm o potencial de contaminar cadeias alimentares. Ao serem ingeridos por organismos, os microplásticos acumulam-se ao longo da cadeia alimentar, podendo chegar à mesa dos consumidores. Há registros alarmantes de contaminação por plásticos em humanos, já sendo identificados em órgãos internos como coração, pulmões e placenta. O impacto que essa contaminação pode trazer para a saúde humana ainda não é totalmente mensurado. 

Alguns estudos indicam que os microplásticos podem carregar substâncias químicas tóxicas, adsorvidas durante sua exposição ao ambiente. Quando ingeridos por animais e, eventualmente, pelos seres humanos, por exemplo, essas substâncias tóxicas podem representar riscos à saúde, com potencial impacto em sistemas endócrinos e no desenvolvimento humano. Portanto, a preservação dos ecossistemas aquáticos além de promover a proteção ambiental, é uma medida de saúde pública. 


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GENINHA APARECIDA MORAES ROCHA
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