18/06/2024 às 07h05min - Atualizada em 18/06/2024 às 18h04min

Semana de Arte de Cataguases 2024 enfoca a temática “Por uma perspectiva decolonial: ancestralidade e negritude”

Evento tem programação gratuita e será realizado de 21 a 29 de junho

LUCIANA DANUNCIAçãO
Grupo Encantarte - Divulgação

A primeira edição da Semana de Arte de Cataguases 2024 vai movimentar o município da Zona da Mata, de 21 a 29 de junho, com uma programação intensa, variada e gratuita com apresentações artísticas, exposições, ações formativas, rodas de conversas e performances com intervenções em diferentes pontos da cidade.

Serão promovidas dezenas de atividades em seis espaços da cidade: Praça da Estação, Chácara Dona Catarina, Pracinha do bairro Ana Carrara, Casa de Maria, Centro de Referência Especializado de Assistência Social (Creas) e Monumento a José Inácio Peixoto.

A Semana de Arte de Cataguases 2024 é um projeto desenvolvido com patrocínio do Grupo Bauminas, via Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais, e conta com apoio de Fundação Bauminas, Prefeitura Municipal de Cataguases, Polo Audiovisual da Zona da Mata de Minas Gerais, Animaparque e SENAI/SESI, com parceria Girarte, ONG Contato, UEMG (Universidade do Estado de Minas Gerais) e Vila Santana e é uma realização Studio Catá Arquitetura e Governo do Estado de Minas Gerais.

Abertura Oficial

A abertura oficial da Semana de Arte de Cataguases acontecerá na noite de 21 de junho, a partir das 18 horas, ao ar livre, na Praça da antiga Estação Ferroviária, no Centro do município. Neste grande encontro, o público poderá conferir a exibição de curtas-metragens, videodanças, curtas experimentais e videoclipe. E em seguida, performances conduzidas a partir do roteiro do Marcos Vinícios Lima e apresentado por Tarcísio Vória e Tatiane Dias. No palco, mais de 120 artistas irão celebrar e expressar o conceito de arte decolonial, por meio de diferentes linguagens e manifestações artísticas. A Cerimônia de abertura precedida pela exibição dos curtas-metragens: “Videodança Movimentos Modernistas” de Priscila Sandes, “Texturas à Flor da Pele” de Tatiane Dias, “Instinto Break: Resistência da cultura Hip-hop em Cataguases” de Instinto Break e o espetáculo “LEI: espaço aberto em releituras de memórias coreográficas” e “Videodança Movimentos Vicinais”, ambas do grupo Girarte.

A gastronomia também estará presente na abertura e ao longo da programação da Semana, com a aconchegante feirinha gastronômica com a participação das Mulheres Rurais com petiscos e pratos típicos da culinária mineira, Cervejaria Dona Vinna e Elite Drinks com o bartender Tiago Oliveira.

Final de semana

No sábado, dia 22/06, têm início as atividades na Chácara Dona Catarina (Praça Governador Valadares 176, Centro). A partir das 16h, visitantes, turistas e a comunidade de Cataguases poderão conferir a abertura da exposição coletiva com obras dos artistas: Felipe Stain (JF), Fênix Artivista (BH), Julianismo (BH), Karine Mageste (BH), Francisco Silva (Cataguases), Fabiano Banna (Cataguases(, Igor Dias (Cataguases), Samuel Garcia (Cataguases), Renaya Dorea (RJ), Ana Elisa Gonçalves (BH), Francisco Nuk (BH), Angélica Braz (Cataguases) e estudantes dos cursos de Técnico em Vestuário e Técnico em Modelagem do SENAI/FIEMG, seguido por um animado bate-papo com os artistas ⁠Pedro Chaves (Cataguases), Francisco Silva (Cataguases), Samuel Garcia (Cataguases), Angélica Braz (Cataguases), Vitox (Cataguases), Igor Dias (Cataguases) e outros, mediado pelo artista e Designer Gráfico Alex Ventura (Cataguases). E ainda, graffiti ao vivo com o VITOX, feirinha gastronômica, música ao vivo com vinil do Luciano do Sebo Aluados, e a participação de outros artistas convidados. 

No domingo, dia 23/06, a partir das 16h, acontece, também na Chácara Dona Catarina, a palestra e lançamento do livro “Submersa, 20 anos entre Sapos e Afogados” da atriz, pedagoga, professora de yoga Juliana Saúde e a performance “A Natureza das Coisas” do “Sapos e Afogados - Núcleo de Criação e Pesquisa em Arte e Saúde Mental”. 

A Natureza das coisas é uma cena desenvolvida a partir das vivências das atrizes Michelle Guedes e Viviane de Cassia Ferreira durante uma edição do projeto Casa Breve, uma residência artística na qual, durante 30 dias, os atores do Sapos e Afogados habitaram, através de pesquisas e experimentações, uma casa vazia na cidade de Belo Horizonte. O encontro dialético dessas duas vivências resulta em uma cena marcante e potente, que atravessa o espectador que se sente tocado e muitas vezes se vê surpreendido ao se reconhecer nessa narrativa.

O Núcleo de Criação e Pesquisa em Arte e Saúde Mental Sapos e Afogados há vinte anos se dedica a explorar a interseção entre produção artística e saúde mental, criando espetáculos que abordam temas diversos em torno das possibilidades inventivas da mente humana”.

Temática

“Uma autêntica revolução está em curso nas artes brasileiras. Trata-se da virada decolonial, protagonizada por artistas que demarcam seus territórios com trabalhos que desafiam as estruturas opressoras do colonialismo e o sistemático apagamento de suas memórias e subjetividades”, destaca Alessandra Simões Paiva - pesquisadora, crítica e professora adjunta na Universidade Federal do Sul da Bahia (UFSB), integrante da Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA), da Associação Internacional de Críticos de Arte (AICA), da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP) e da Rede Europeia de Brasilianistas de Análise Cultural (REBRAC)

Em sintonia com estas mudanças, a edição inaugural da Semana de Arte de Cataguases escolheu como tema “Por uma perspectiva decolonial: ancestralidade e negritude”. E apresenta em sua programação uma série de realizadores que estão alinhados a este grande movimento de transformação social. 

“O evento evoca as comemorações do centenário da Semana de 22, marco deflagrador do movimento modernista no Brasil, reavivando a própria relevância de Cataguases no cenário cultural nacional (lembremos que aqui foi criada a Revista Verde, experiência literária pioneira naquele período). Porém, esta nova geração vai além da busca por uma identidade nacional, naquela época almejada por uma elite que procurava renovar as linguagens estéticas, mas que ainda estava alheia às questões raciais e de gênero. Agora, a arte decolonial luta contra o racismo, a misoginia, a xenofobia, as desigualdades econômicas, as disparidades geopolíticas e a destruição ambiental”, afirma a docente.

Propondo um arco no qual é possível entender a presença da decolonialidade nas múltiplas dimensões das temáticas e estilos artísticos, a Semana de Arte de Cataguases reúne importantes nomes das artes visuais e cênicas de Minas Gerais, reconhecidos e premiados nacional e internacionalmente. “Ao unir arte e ativismo, estética e política, estas poéticas propõem novas possibilidades de ruptura com a ordem tradicional, apostando na renovação das linguagens e na aproximação cada vez maior entre arte e vida”, pontua Alessandra, que também é autora do livro A Virada Decolonial na Arte Brasileira.

A pesquisadora aponta como a temática perpassa as atrações da programação do evento. “Podemos ver toda a potencialidade desta nova geração na obra de Renaya Dorea, por exemplo, cuja alquimia de expressões visuais afro-indígenas, estampadas em pinturas, no grafite e no audiovisual, compõem um universo poético que entrelaça questões como identidade, poder e resistência. A criatividade também não tem limites na obra da artista Karine Mageste, cujas cenas afro-futuristas, mesclando seres humanos, animais fantásticos, hibridismos e maquinarias, formam um mosaico de referências que desafiam os estereótipos de gênero”.

E ressalta como a temática toma forma em diferentes linguagens artísticas. “Trabalhos de arte urbana, ambiental e espacial também estão presentes na mostra, como a obra do artista Felipe Stain, figura emblemática da cultura hip-hop que transforma o espaço urbano em um vibrante museu a céu aberto no qual as pessoas negras e das comunidades periféricas são protagonistas. O crew Minas de Minas, formado por quatro grafiteiras de Belo Horizonte, mostra como as mulheres podem tomar a rua com sua arte empoderada. No trabalho de Samuel Garcia de Alcantara, vemos como a decolonialidade se conecta à luta ecológica, por meio de uma poética da terra, marcada pelo uso de materiais naturais e suportes artísticos inovadores”.

A professora comenta ainda sobre o trabalho de outros criadores que integram a programação da Semana. “Uma narrativa profundamente humana e universal pode ser vista ainda na obra do pintor Francisco Silva, que retrata o cotidiano de pessoas negras com corpos esguios e cabelos crespos volumosos em estilo geometrizado, em cenários pintados com cores terrosas e vibrantes que conferem uma sensação de vitalidade. A figura humana também é central na obra de outras artistas presentes na mostra, como Juliana de Oliveira, que lançou o termo ‘Julianismo’ para enfocar questões de identidade e de raça em retratos que revelam sua própria história emaranhada às subjetividades e afetos das pessoas retratadas. Ou na obra de Ana Elisa Gonçalves, que pesquisa imagens nascidas das oralidades e suas reminiscências, tendo como resultado visualidades compostas por corpos de mulheres negras, delineados por gestualidades marcantes em pinturas, esculturas e performances”.

Alessandra enfatiza que a Semana de Arte de Cataguases se configura como um importante marco para as artes brasileiras. “A variedade de trabalhos reunidos aqui revela a potência que a criação artística desempenha em nossas vidas. Acima de tudo, são obras construtoras de outras narrativas históricas, que tornam possível uma nova sensibilidade, um novo modo de habitar o mundo, mais justo e solidário”.

Atividades formativas

Entre os dias 24 e 27 de junho, de segunda a quinta-feira, a 1a edição da Semana de Arte de Cataguases vai promover uma série de atividades formativas. Serão duas voltadas para estudantes: a Oficina de Graffiti, de 24 a 26 de junho, das 12h10 às 14h40, ministrada por Felipe Stain para alunos da Escola Municipal Maria José Peloso (R. Manoel Bandeira, 155, Ana Carrara). E a Oficina de Pintura com Pigmentos Minerais, nos dias 24 e 25, das 12h30 às 16h40, que será ministrada por Samuel Garcia para estudantes da Escola Municipal João Ignácio Peixoto (Glória de Cataguases).

Além disso, a Oficina Mulheres do Graffiti, ministrada por Carol Jaued, será aberta ao público feminino com inscrição via formulário disponibilizado no perfil do Instagram da Semana de Arte (@coletivocatarte). A atividade terá uma parte teórica de 24 a 26 de junho, das 13 às 16 horas, na Casa de Maria (rua Wanda da Silva Andrade, 150, Bela Vista), e a prática será no Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS) (Avenida Astolfo Dutra, 751 – Centro), no dia 27, das 13 às 18 horas.

Também abertas ao público em geral, de 24 a 27 de junho, no Animaparque / UEMG (R. Raul Cisneiros Guedes, 193 - Guanabara), serão promovidas a oficina de Produção de Curtas e Narrativas Audiovisuais, ministrada pela equipe da Abdução Filmes, das 14 às 18 horas. E Elaboração de Projetos Audiovisuais, ministrada por Fernando Libânio, das 18 às 22 horas.

A programação formativa conta ainda com palestras na Chácara Dona Catarina. No domingo, dia 23/06, a partir das 16 horas, bate-papo e lançamento do livro “Submersa, 20 anos com os Sapos e Afogados” com Juliana Saúde, seguida da performance “A Natureza das Coisas - Sapos e Afogados”. 

“Modernismo de 22 & Cataguases” será o tema da palestra ministrada pelo jornalista e crítico Ronaldo Werneck quarta-feira, dia 26, a partir das 18 horas. Logo após, haverá o lançamento dos livros “Momento Vivo”, “Cataguases Século XX / Antes & Depois”, “O Mar de Outrora & Poemas de Agora" e "Sob o signo do imprevisto", um ensaio biográfico sobre Rosário Fusco.

Na sequência, Murillo Azevedo, diretor do filme “O mundo é macio e perigoso”, que está sendo realizado sobre os 80 anos do escritor Ronaldo Werneck, conversará com o público sobre o processo de filmagem e exibirá trechos já editados do filme, que está sendo rodado entre Cataguases e o Rio de Janeiro. Logo em seguida, haverá a apresentação musical do Sexteto Patápio Silva. Nesta data, a gastronomia estará representada com a participação de Queijos da Mata e Elite Drinks.

Arte na telona

No dia 28, sexta-feira, a partir das 18 horas, a Praça do Bairro Ana Carrara, se transformará numa verdadeira sala de cinema. Para começar, a exibição do curta-metragem “As marcas da água”, do cineasta cataguasense Pedro Chaves. Logo depois, será a vez de “Instinto Break: Resistência da Cultura Hip-Hop nas Ruas de Cataguases”, curta realizado pelo Instinto Break Crew. 

Em seguida, por meio da parceria com Minas Cine e ONG Contato, será exibido o longa-metragem “Mussum, o Films”, que conta a trajetória de Antônio Carlos Bernardes Gomes, o Mussum, dos Trapalhões.

Encerramento

A atração que marca o encerramento da Semana de Arte de Caratinga será apresentada no sábado, dia 29/06, a partir das 18 horas e terá como cenário o Monumento a José Inácio Peixoto (Praça José Inácio Peixoto, Vila Tereza, Cataguases).

A noite começa com a feirinha gastronômica e a exibição do curta-metragem “Instinto Break: Resistência da Cultura Hip-Hop nas Ruas de Cataguases”, do Instituto Break e dos curtas experimentais “Seres Conecta”, dirigido por Flávia Goa e L3viat4; “Videodança Movimentos Modernistas” de Priscila Sandes; “Texturas à Flor da Pele” de Tatiane Dias; e espetáculo ‘LEI’: espaço aberto em releituras de memórias coreográficas” e “Videodança Movimentos Vicinais”, ambos do Projeto Girarte.

Em seguida, a performance “Tear: Monumento Em Movimento”, com a participação do Grupo Girarte, do baterista cataguasense Felipe Continentino, da guitarrista carioca Flávia Goa e multiartistas de diversos grupos artísticos locais. Com coreografia de Mariana Martins e figurino de Mariana Martins, Marcus Diego e Mariela Oliveira e execução de Fernanda Pinheiro com estudantes e instrutores dos cursos de Técnico em Vestuário e Técnico em Modelagem do SENAI/FIEMG de Cataguases, assistência de Direção de Marcus Diego e direção de Mariela Oliveira.

Para terminar a programação em grande estilo, o show de encerramento ficará por conta de FLIP, artista musical de Cataguases que promete não deixar ninguém parado com a mescla de diversas frentes artísticas, da sonoridade e visualidade POP com referências à cultura negra e acento queer.

Sobre a Semana de Arte de Cataguases 2024

A Semana de Arte de Cataguases 2024 tem como objetivo estimular a valorização e o desenvolvimento da cena artística cataguasense. O evento busca viabilizar intercâmbios culturais, diálogos e conexões que posicionarão Cataguases no curso de uma autêntica revolução nas artes brasileiras.

Turistas, visitantes e a população do município poderão vivenciar uma experiência que conecta Cataguases à sua rica expressão artística, celebrando a confluência de talentos e artistas que se posicionam na vanguarda cultural e artística decolonial. Por meio de seus trabalhos, esses criadores demarcam seus territórios, combatem as estruturas opressoras do colonialismo e o apagamento sistemático de suas memórias e subjetividades.


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Luciana Rodrigues d'Anunciação
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