16/04/2024 às 01h36min - Atualizada em 16/04/2024 às 01h36min

Fábio Ferretti estreia o solo Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes em 2 de maio no Teatro Arthur Azevedo

Espetáculo é uma espécie de contação de histórias para adultos e surge a partir da obra Les Faux-monnayeurs, escrita em 1925 pelo autor francês André Gide

Considerado um dos expoentes do romance moderno, o livro “Les Faux-monnayeurs” (traduzido no Brasil como “Os Moedeiros Falsos”) do escritor francês André Guide (1869-1951) é o ponto de partida para o solo Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes, escrito, dirigido e protagonizado por Fábio Ferretti. O espetáculo tem sua temporada de estreia no Teatro Arthur Azevedo, entre os dias 2 e 26 de maio (exceto de 16 a 19 de maio), com apresentações de quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às 18h.

Uma espécie de contação de histórias para adultos, Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes não é uma adaptação do romance, mas opta por refletir sobre as relações existentes nas personagens retiradas do romance e ao mesmo tempo criar relações destas personagens com a quarta personagem introduzida na encenação. Todo o processo dramatúrgico é construído a partir destas relações de amor e amizade, encontros e desencontros.

André Gide, vencedor do prêmio Nobel de literatura em 1947 por seu romance L'immoraliste (O Imoralista), foi contemporâneo e amigo de grandes escritores marginalizados como: Jean Paul Sartre, Oscar Wilde e Jean Genet. E é um dos grandes nomes da literatura na primeira metade do século 20. Sua obra é marcada pela recusa a restrições morais e puritanas.

A sexualidade, sempre presente na obra de André Gide, é explorada sem filtros, sem julgamentos. Heterossexualidade, homossexualidade e bissexualidade estão presentes através desses personagens, porém não definem as suas relações interpessoais. Para Gide, os homens devem mostrar afeto, carinho e amor entre si, independente da sua sexualidade.

Na trama, após a morte do companheiro, um homem entra em contato com um acervo de cartas e diários guardados pelo amado. No material encontrado, o homem descobre fatos e acontecimentos até então desconhecidos, que ocorreram há 40 anos e que foram determinantes para que ele pudesse encontrar seu companheiro. 

O material encontrado foi escrito e deixado por Eduardo, seu sobrinho Oliver e o amigo deste, Bernardo. Os fatos descritos narram a relação destes três homens, onde cada um expõe seu ponto de vista sobre os acontecimentos. A amizade de Oliver e Bernardo, a amizade de Bernardo e Eduardo e a relação amorosa entre Oliver e Eduardo são descortinadas e possibilitam ao homem, depois de todo esse tempo, descobrir os meandros da sua própria história e os acontecimentos que possibilitaram a ele ser o homem que se tornou.

A dramaturgia do espetáculo parte da premissa de que os fatos que serão narrados por Eduardo, Bernardo e Oliver são extraídos de cartas, diários e depoimentos e estão impregnados de sentimentos contraditórios: amor, amizade, companheirismo, ciúme e inveja.

Assim, através destas referências, a encenação procura descortinar essas personagens, no intuito que o espectador possa reunir elementos que lhe permitam refletir sobre os temas e as relações dessas quatro personagens.

Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes dá continuidade ao processo de pesquisa da Cia. Ferris sobre as relações humanas, buscando ampliar o olhar sobre certas questões e mergulhando nas relações das personagens. Relações surgidas a partir de sentimentos inesperados e indefinidos e que provocam rupturas emocionais. 

Entre as tantas perguntas sugeridas pelo texto, podemos citar: Há algo de concreto no amor e na amizade? Há diferenças comportamentais nas relações amorosas ou de amizade? E esses comportamentos diferem com a idade? A experiencia pessoal prévia é garantia para relações saudáveis?

Com Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes, a Cia. Ferris reafirma a importância do teatro na busca de criar mecanismos que permitam ao espectador vivenciar experiências diversas e que possibilitem o autoconhecimento.

Sobre Fábio Ferretti

 

Fábio Ferretti é ator, iluminador, diretor e produtor teatral da Cia FERRIS. Nascido no Rio de Janeiro e radicado em São Paulo deste de 1993. A carreira no teatro profissional começa em 1990 na cidade do Recife/PE com o monólogo OB-sessões. Ainda em 1990 é um dos idealizadores do projeto 1990 - Dez Anos sem Nelson, idealizado pela Cia Théspis de Repertório e que contava com montagens de obras de Nelson Rodrigues: Doroteia (onde fez o personagem título), Quadros Inacabados (seu segundo monólogo) e Valsa Nº 06.

Ainda pela Cia Théspis interpretou o personagem título em Don Juan (1991) de José Zorillla e na montagem de As Criadas (1992) de Jean Genet interpretou os personagens: Divina (na montagem original na cidade do Recife) e Madame (na remontagem do espetáculo na cidade de São Paulo em 1995), ambas dirigidas por Williams Sant’Anna.

 Ainda na cidade do Recife, fez sua primeira direção no espetáculo Perto do Coração Selvagem, sua adaptação para a obra de Clarice Lispector. Participou também das montagens de O Reino Desejado (1992) e A Grande Serpente (1991) ambos dirigido pelo espanhol Moncho Rodriguez e o infantil Pluft, O Fantasminha, sob direção de Junior Sampaio, entre outros.

Em São Paulo, participa da montagem do texto inédito de Plínio Marcos: O Assassinato do Anão do Caralho Grande (1998), com direção de Marco Antônio Rodrigues, no qual interpretou a personagem Dona Ciloca. Também participou dos espetáculos: Autorama (1999), sob direção do escocês David Peacock; A Comédia dos Erros (1999), sob direção de Zé Henrique de Paula, La Chunga (2002) sob direção de Marco Antônio Rodrigues; Chão de Barros (2003) sob direção de Frederico Foroni; Desdêmona (2003) sob direção de Fernanda Maia; A Escolha do Jogador 2005) Sob direção de Hélio Cicero; Armadilha (2010) sob direção de Paulo de Pontes; O Tribunal de Salomão e o Julgamento das Meias Verdades Inteiras (2012) sob direção de Cuca Bolaffi; A Condessa e o Bandoleiro (2014) sob direção de Fernando Escrich, entre outros.

Em 2013, funda a Cia Ferris. O espetáculo de estreia é o monólogo Terça no Hiper, no qual atua sob direção de Vany Alves.

Sobre a Cia. Ferris

A Cia. Ferris foi criada em 2013 com o objetivo de desenvolver projetos teatrais que possam propor reflexões e um debate com o público. Seu projeto anterior, Terça no Hiper, um monologo de Emannuel Darley, com direção de Vany Alves, apresentava a difícil relação entre pai e filha, a partir da constatação da transexualidade da filha.

Com Oliver e o Monstro dos olhos verdes, a Cia. Ferris busca aprofundar a pesquisa sobre o ator/criador, quando o ator assume também o processo de criação do espetáculo e reafirma a importância do teatro na busca de criar mecanismos que permitam ao espectador vivenciar experiências diversas e que possibilitem o autoconhecimento. E sendo assim, a Cia. acredita que este projeto possui relevância cultural, pois os questionamentos a serem explorados instigarão e possibilitarão reflexões pertinentes para as relações humanas e consequentemente trarão benefícios para a sociedade em geral.

Ficha técnica

Texto e Direção: Fábio Ferretti 

Interpretação: Fábio Ferretti 

Figurino, cenário e luz: Cia Ferris. 

Realização: Cia Ferris

Sinopse

Uma criação de Fábio Ferretti a partir da obra Les Faux-monnayeurs de André Gide. Após a morte do companheiro, um homem entra em contato com um acervo de cartas e diários guardados por este. No material encontrado, o homem descobre fatos e acontecimentos até então desconhecidos, que ocorreram há quarenta anos e que foram determinantes para que ele pudesse encontrar seu companheiro. O material encontrado foi escrito e deixado por Eduardo, seu sobrinho Oliver e o amigo deste, Bernardo. Os fatos descritos narram a relação destes três homens, onde cada um expõe seu ponto de vista sobre os acontecimentos. A amizade de Oliver e Bernardo, a amizade de Bernardo e Eduardo e a relação amorosa entre Oliver e Eduardo são descortinadas e possibilitam ao homem, depois de quarenta anos, descobrir os meandros da sua própria história e os acontecimentos que possibilitaram a ele ser o homem que se tornou.

Entre encontros e desencontros e uma tentativa de suicídio, a relação dos três é esmiuçada e o olhar de cada um deles é lançado sobre suas relações e sobre os diversos acontecimentos gerados por elas. A história destes três homens e seus relatos desencadeia nesse homem uma imagem mais clara do seu companheiro perdido.

Serviço

Oliver e o Monstro dos Olhos Verdes.

Teatro Arthur Azevedo – Sala Multiuso - Avenida Paes de Barros, 955, Mooca 

Temporada: 2 a 26 de maio, de quinta a sábado, às 20h, e no domingo, às 18h (na semana de 16 a 19 de maio não haverá espetáculos devido a programação da Virada Cultural)

Ingressos: Gratuitos, retirar na bilheteria uma hora antes do espetáculo.

Reservas online em www.sympla.com.br

Duração: 75 minutos

Classificação: 16 anos

Capacidade: 50 lugares

Acessibilidade: teatro acessível para cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida


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