04/04/2024 às 11h13min - Atualizada em 04/04/2024 às 16h05min

Streamers e publicidade: o que as marcas procuram?

* Bruna Moreira é Head de Marketing da Husky

Natalie da Cunha
Hercog Comunicação
Divulgação

Como head de marketing de uma empresa, estou sempre buscando criadores de conteúdo para fazer parcerias, divulgar ações e publicar conteúdo patrocinado. Entre os que produzem conteúdo na Twitch, plataforma de transmissões ao vivo, estão alguns dos influenciadores mais autênticos e interessantes que eu costumo acompanhar. De vez em quando, também me arrisco como streamer, então esse universo é bastante familiar para mim. Conhecendo os dois lados da moeda, sinto que existem questões pouco comentadas sobre o que faz uma marca escolher um criador de conteúdo e não outro.

Num universo calculado em mais de 15 mil streamers brasileiros, parece fácil encontrar perfis para atuar junto às marcas, porém nem sempre é o caso. Já cheguei ao ponto de finalmente encontrar alguém que seria perfeito para uma ação, só para descobrir depois que a pessoa não está preparada para ser contratada. Mas o que é que separa um streamer profissional de um que não consegue ter oportunidades na publicidade?

Primeiro, é preciso entender um pouco como funciona a cabeça dos gestores e o que as marcas buscam. As marcas decidem patrocinar um streamer porque identificam nele uma chance de ampliar o negócio e divulgar seu produto, mas não é só isso.

Se eu sou, por exemplo, uma marca desconhecida, vou fechar negócio com streamers que estão conversando com o público que quero alcançar, ou seja, vou fechar uma parceria que faça meus produtos serem conhecidos dos meus potenciais clientes. Agora, se a minha marca, além de desconhecida, é ‘quadrada’, posso ir atrás de uma parceria que a faça parecer descolada. Por outro lado, se eu não sou uma empresa conhecida por ser legal, vou me associar com streamers que causam essa impressão e criam conteúdo que vão permitir que a minha empresa seja percebida assim pelo público.

O fator indicação

Hoje, a melhor forma para uma marca atingir novos públicos e conquistar novos clientes é por meio de indicações. Aliás, isso não tem nada de novo. Nossas avós ouviam e recomendavam lojas e serviços que elas achavam que eram bons. Quando um amigo te diz: “cara, sabe aquela marca de eletrônicos? Eu comprei o teclado deles e é incrível, muito bom mesmo, vale a pena comprar”, você logo pensa: “se o meu amigo está usando e recomendou, deve ser bom de verdade”. 

Esse fluxo de indicação é sempre o melhor canal para uma marca crescer. Mas, se sou uma marca desconhecida, como vou conseguir ser indicada? A resposta é buscar uma parceria que me leve até o público que quero atingir. O influenciador faz o papel do amigo que a gente confia. Se um streamer fala de algo numa live, as pessoas que o acompanham tendem a acreditar na experiência sendo compartilhada. É esse sentimento que as marcas tentam emular quando procuram parcerias com criadores de conteúdo, influencers, streamers de e-sports, vloggers etc.  

Viralização é uma doce ilusão

Tem muita gente que se ilude com conteúdo que viraliza – e ele pode ser bem legal, mesmo! –, só que nem sempre o fator viral indica uma parceria qualificada. Às vezes, um conteúdo só viraliza porque é engraçado e tem potencial de ser compartilhado rapidamente. Isso chama a atenção de pessoas que podem confundir a viralização com a capacidade de gerar resultados, porém são duas coisas diferentes. Uma publicação que estoura na internet gera muito alcance, chegando a milhares e até milhões de pessoas. Ainda assim, o fato desse conteúdo ter muitas visualizações não tem a ver com o poder de influência de quem postou. Muitas vezes, um viral é tão passageiro quanto o nome sugere.

Já os criadores que produzem conteúdo original se destacam pela consistência e autenticidade. O que eu quero dizer é que o que realmente importa para as marcas é o seu estilo, os comentários que você faz, a forma com que conduz sua live, como você constrói a sua comunidade e assim por diante. Eu, como gestora de uma marca, busco um estilo específico que se comunique com a identidade da minha marca e isso não necessariamente passa por viralizar. Pelo contrário: quero creators que vão gerar uma parceria duradoura, mesmo se eles tiverem um número menor de seguidores.

Uma comunidade fiel é super importante

Não tem nada mais valioso para um streamer do que ter uma comunidade fiel, que o acompanha em todos os canais e que vai consumir qualquer conteúdo que ele postar. Uma indicação da minha marca que esse streamer fizer para sua comunidade vai ser muito mais potente do que uma informação em um vídeo que simplesmente viralizou. Em ações virais, muitas pessoas não sabem quem é o criador de conteúdo e desconhecem se a indicação é confiável ou não. 

Ter uma comunidade significa estar cercado por um público que se relaciona não apenas com o seu conteúdo, mas com as suas opiniões, gostos e escolhas. Isso é maior do que o formato dos vídeos ou da plataforma em que o streamer atua. A Twitch permite que as comunidades se formem nos chats de forma orgânica, com diferentes níveis de engajamento e até apoio financeiro de quem assiste às lives, porém são poucos os streamers que arriscariam mudar para outra rede, apostando que sua comunidade o seguiria onde quer que fosse.

Profissionalizar para crescer

Para o streamer que busca oportunidades de trabalhar com as marcas, a dica é entender sua atividade como mais que um hobby. Por mais que seja divertido fazer lives, monetizar na Twitch ou em outras plataformas demanda organização, criatividade e capacidade de gerenciar sua própria marca. Isso não impede que esse criador de conteúdo continue sendo espontâneo nas redes, só mostra o quanto é importante estar preparado para lidar com profissionais de marketing que podem prospectar seu perfil. Ter um media kit atualizado com os números principais do seu perfil, incluindo exemplos de trabalhos anteriores, se possível, é um excelente começo. Ao facilitar o trabalho da marca e vender seu peixe com confiança, um streamer aumenta as chances de ser contratado e até de ser procurado para outras oportunidades depois.

Esses são os principais pontos que chamam a atenção das marcas para streamers que querem ampliar as possibilidades de monetizar seu conteúdo. Colocando essas dicas em prática, fica mais fácil ter sucesso na empreitada de firmar parcerias, seja como creator ou como marca que quer prospectar influenciadores.

Boa sorte! 

*Bruna Moreira é Head de Marketing da fintech Husky. A profissional, que tem MBA em Marketing pela USP/Esalq e é formada em Comunicação pela Universidade Federal de Minas Gerais, já atuou em cargos de gerência e supervisão de marketing nas empresas Rock Content, Blip e Caju. Mais informações: https://www.linkedin.com/in/brvnamoreira

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