06/03/2024 às 00h58min - Atualizada em 08/03/2024 às 00h10min

Marilyn, por trás do Espelho estreia em São Paulo e revela face desconhecida da estrela de cinema

Peça investiga uma Marilyn menos conhecida, para além do glamour que a eternizou. Temporada vai de 15 de março a 7 de abril na sala Multiuso do Teatro Arthur Azevedo

L. Machado
Andrea Rocha/ZBR e Roberto Cardoso
Um “petit comité”, na casa de um executivo do cinema, em Nova York, esperava John F. Kennedy, Marilyn Monroe e um grupo seleto de convidados, depois do evento de arrecadação de fundos para o Partido Democrata, no Madison Square Garden, em 19 de maio de 1962. O célebre “parabéns a você”, cantado pela atriz para celebrar o aniversário do presidente americano, foi um dos pontos altos de sua carreira, e sua última aparição pública. Curiosidade sobre essa noite e outras revelações sobre a faceta menos conhecida da loira de “O Pecado Mora ao Lado” estão na pesquisa da atriz Anna Sant’Ana para montar o espetáculo “Marilyn, por trás do Espelho” que estreia em São Paulo no dia 15 de março, às 20h, na Sala Multiuso do Teatro Arthur Azevedo, na Mooca. A peça tem dramaturgia de Daniel Dias da Silva, encenação da diretora portuguesa Ana Isabel Augusto e supervisão cênica de Roberto Bomtempo.

Idealizadora do espetáculo, Anna já realizou três temporadas da peça no Rio de Janeiro, quando ganhou o Prêmio Cenym 2022 de melhor monólogo e melhor texto original. A direção é de Ana Isabel Augusto, encenadora portuguesa com mais de 25 anos de experiência, diretora-fundadora do grupo de teatro do ISCTE-IUL, de Lisboa, em atividade há mais de 20 anos, que vem ao Brasil especialmente para dirigir a montagem. Por meio da história de Marilyn Monroe, estrela mundial do cinema e mulher-ícone do século 20, Marilyn, por trás do Espelho convida a uma reflexão sobre solidão, depressão e o papel da mulher, temas atuais e urgentes no mundo contemporâneo. A peça investiga uma Marilyn menos conhecida, para além do glamour que a eternizou. A mulher por trás do espelho com que muitas mulheres - e por que não homens - se identificam. Os medos, a solidão, o desejo de ser mãe, a luta pelo reconhecimento na carreira, o abandono, os relacionamentos que não deram certo, a baixa autoestima, temas universais que se conectam com o público. Entre os filmes e os momentos relembrados no espetáculo estão o “Happy Birthday” para o presidente John Kennedy, a famosa cena do vestido levantando no filme “O pecado mora ao lado” e a música “Diamonds are a girl´s best friend”, gravada por diversas cantoras, entre elas Madonna.

Longa pesquisa

O trabalho foi concebido a partir de longa pesquisa de Anna Sant’Ana em livros, filmes e reportagens sobre a vida de Marilyn, iniciada em 2010. “O que me apaixona neste projeto é a possibilidade de ver refletidas em nós tantas questões que fizeram parte da vida de um dos maiores ícones da nossa geração. Com um foco marcado no que significou - e ainda significa - ser mulher. Ser mulher com as complexidades e sonhos e expectativas que nos atravessam e puxam em todas as direções, deixando-nos tantas vezes com a sensação de frustração e falha. ‘Marilyn atrás do espelho’ é uma viagem ao interior desta personagem criada por Norma Jean nos seus maiores momentos de fragilidade. Uma incursão que obriga a questionar se ser Marilyn não são todas essas escolhas que me deixam a mim, e a ti, e a todos nós, a fabricar uma persona que não passa de um eco do que verdadeiramente somos”, diz a diretora, Ana Isabel Augusto.

“Eu comecei uma pesquisa em 2012 sobre a Marilyn Monroe, por conta de dois espetáculos seguidos que fiz e que tive que estudar cenas dela. Comecei a achar que era muita coincidência, e aquilo me fez desejar fazer uma pesquisa mais aprofundada. Desde então venho estudando sua vida e o que aconteceu principalmente nos seus últimos anos. Eu percebi que atrás de uma artista tão controversa, considerada símbolo de glamour e sensualidade, havia uma mulher como qualquer uma de nós, com desejos, medos, frustrações, inseguranças e principalmente uma solidão que a acompanhava. Acredito que as coisas acontecem no momento certo, e 10 anos depois aqui estamos nós contando essa história, e cumprindo nosso papel como artistas de proporcionar uma identificação do público com o teatro. Eu espero que esse trabalho toque tanto as pessoas quanto ele me toca e elas possam sair transformadas com essa história”, endossa a atriz e idealizadora do projeto, Anna Sant’Ana.

“Escrever sobre Marilyn Monroe é um enorme desafio para qualquer autor: uma personagem repleta de camadas e de facetas, suscetível a inúmeras possibilidades de recortes e ângulos. Da menina pobre, com suas histórias de abandono e lares adotivos que alcançou o estrelato até a mulher de personalidade forte e determinada, que buscava incansavelmente ser reconhecida pelo seu talento em um mundo essencialmente masculino, que insistia em vê-la pelo filtro da beleza e da sua sexualidade.” – Daniel Dias de Silva, o dramaturgo.

Cenário,  figurino e trilha sonora

Para a criação do cenário, Natália Lana inspirou-se em uma foto do quarto de Marilyn, onde se identificam um certo glamour e o princípio de um caos, com a cama desfeita e objetos pelo chão. A escolha dos mobiliários foi uma solicitação da direção. Foram criados ambientes com recamier, cadeira, banqueta e cabideiro. Os figurinos de Joana Seibel foram pensados a partir dos modelos originais usados por Marilyn em seus filmes. Todos foram reproduzidos o mais fiel possível aos originais. As cores eram muito importantes e ajudam a contar a história. A atriz começa a peça de body e vai se montando conforme a narrativa se desenrola. Sobre a caracterização, foi realizado um estudo sobre o rosto e a maquiagem de Marilyn, e passado passo a passo, para que a atriz pudesse fazer sua própria maquiagem, baseada nesse estudo. Tibor Fittel concebeu a trilha ao lada da diretora, trocando ideias sobre a estrutura do texto, com a música caminhando junto. Algumas músicas são originais, compostas especialmente para o espetáculo, como O piano da minha infância, o fio condutor para o músico escrever o restante da trilha. Outras são originais da época e bem conhecidas do público como New York, New York e My way, ambas interpretadas por Frank Sinatra e   I´m throught with love, Diamonds are a girl´s best friend e I want be loved by you, interpretadas por Marilyn.

60 anos sem Marilyn

No dia 4 de Agosto, quando a peça estreou no Sesc Tijuca, Rio de Janeiro, completaram exatos 60 anos sem Marilyn Monroe. A efeméride movimentou segmentos variados, que deram origem a reportagens, documentários, séries e filmes no streaming, peças teatrais, livros, exposições e até mesmo leilões - num leilão da Christie’s, seu portrait, feito por Andy Warhol em 1962, tornou-se a peça mais cara do século 20, ultrapassando nomes como Picasso. Nascida Norma Jeane Mortenson em 1º de junho de 1926, Los Angeles, Marilyn Monroe tornou-se uma das maiores estrelas de cinema de Hollywood e um dos maiores símbolos sexuais do século 20, imortalizada pelos cabelos loiros e curvas generosas. Apesar de sua carreira ter durado somente uma década, seus filmes arrecadaram mais de duzentos milhões de dólares até sua morte inesperada em 1962, aos 36 anos. Seis décadas após seu falecimento, continua sendo considerada um dos maiores ícones da cultura popular. Marilyn passou a maior parte de sua infância em lares adotivos e num orfanato, e se casou pela primeira vez aos dezesseis anos. Nos anos 1940, trabalhou numa companhia de aviação que fabricava drones na Segunda Guerra Mundial, quando foi descoberta por um fotógrafo da First Motion Picture Unit e iniciou uma carreira como modelo pin-up.

No início dos anos 50 já era uma das estrelas mais bem-sucedidas de Hollywood. O filme O Pecado Mora ao Lado (1955) foi um dos maiores sucessos de bilheteria de sua carreira. Marilyn fundou sua própria empresa de produção cinematográfica, a Marilyn Monroe Productions (MMP). Buscando aprimorar seu desempenho como atriz, dedicou-se aos estudos no famoso Actors Studio de Nova York. Depois de seu desempenho ser aclamado pela crítica em Nunca Fui Santa (1956), e de ter atuado na primeira produção independente de MMP, The Prince and the Showgirl (1957), ganhou o Globo de Ouro de Melhor Atriz por Some Like It Hot (1959). Seu último filme completo foi o drama The Misfits (1961). A conturbada vida particular de Marilyn Monroe sempre despertou interesse. Durante a carreira, lutou contra o vício, a depressão e a ansiedade. Além disso, teve dois casamentos midiáticos - com o jogador de beisebol Joe DiMaggio e com o dramaturgo Arthur Miller, ambos terminados em divórcio. A atriz também provocou controvérsia por ter sido cogitada como amante do então presidente dos Estados Unidos, John F. Kennedy, apesar de nada ter sido provado. Morreu aos 36 anos de uma overdose de barbitúricos na sua casa, em Los Angeles, no dia 4 de agosto de 1962.

Sobre Ana Isabel Augusto diretora

Ana Isabel Augusto é uma encenadora portuguesa com mais de 25 anos de experiência no mercado teatral. Formada em Sociologia e Mestre em Educação Artística – Ramo de Teatro (ESELx – IPL). Está concluindo o Doutoramento em Educação Artística no Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Tem vasta experiência em teatro e formação de atores. Dirige, em Lisboa, o grupo de teatro do ISCTE-IUL, que fundou em 2001. Iniciou o sua trajetória teatral com a companhia brasileira "Os Satyros" em 1996. Tem trabalhado como atriz e encenadora, e feito formação com encenadores nacionais e internacionais como João Mota, João Brites, Mónica Calle e Marcia Haufrecht. Nestes últimos anos, dirigiu “Deus”, baseado na obra de Woody Allen; “O Sr. De Pourceaugnac”, baseado na obra de Molière; “A Cantora Careca», de Eugène Ionesco; “Últimos Remorsos Antes do Esquecimento»”, de Jean Luc Lagarce; “O Céu Não Sabe Dançar Sozinho”, baseado em textos de Ondjaki; “O Pato Selvagem”, de Henrik Ibsen; “JúliAs”, a partir do texto "A Menina Júlia", de August Strindberg. Participou do projeto ”Ciclo de Leituras Nelson Rodrigues” dirigindo o texto “Vestido de Noiva”, com Lucélia Santos. Dirigiu a leitura dramatizada do texto "Marilyn, por trás do espelho" em Lisboa, este ano.

Sobre Anna Sant´Ana – atriz, autora, idealizadora, produtora

Formada pelo Teatro Célia Helena (SP) e Centro Universitário da Cidade (RJ) em Artes Cênicas, e pós-graduada em Direção para Teledramaturgia (RJ). No teatro, como atriz e diretora de produção, seus trabalhos recentes são “Casa de Bonecas”, de Daniel Veronese, direção Roberto Bomtempo e Symone Strobel; “Um dia qualquer”, de Julia Spadaccini, direção de Alexandre Mello; “Domésticas”, de Renata Mello, direção Bianca Byington; “Besame Mucho”, de Mario Prata, direção Roberto Bomtempo; "Passional”, de Daniele Reule e Rafael Sardão, direção Renato Livera; “Raul Fora da Lei - O Musical, a história de Raul Seixas”, textos Raul Seixas, direção José Joffily e Roberto Bomtempo; entre outros. Na TV, atuou em “Na Corda Bamba” – TVI de Portugal; 2017: “A Força do Querer”, Rede Globo; “Carinha de Anjo”, SBT; “Os Dez Mandamentos II”, Rede Record; “A Regra do Jogo”, Rede Globo; “Os Dez Mandamentos”, Rede Record; 2015: “I Love Paraisópolis”, Rede Globo; “Vitória”, Rede Record; “Milagres de Jesus” - episódio “A cura do paralítico de Carfanaum”, Rede Record; “Momentos - Em família” – Episódio “Pintura Abstrata” – Rede Globo. No cinema, como atriz, participou do longa-metragem “Os Seios de Deus”, direção e roteiro de Alberto Salva; e "Nora" direção Roberto Bomtempo (em finalização). Ganhou o prêmio de melhor atriz no Festival de Petrópolis com o curta-metragem “Paz”, roteiro e direção Leandro Correa. Morou em Portugal por três anos, onde trabalhou na empresa Plano 6 e produziu espetáculos como “O Deus da Carnificina”, com elenco português e direção de Diogo Infante; “Doidas e Santas”, com Cissa Guimarães e direção Ernesto Picollo; “Intimidade Indecente”, com Marcos Caruso e Vera Holtz, direção Guilherme Leme Garcia; “Conserto para Dois”, com Claudia Raia e direção Jarbas Homem de Melo. É assistente de direção de Diogo Infante, e trabalhou nos espetáculos “Chicago” e “O amor é tão simples”. Idealizou e produziu o projeto "Ciclo de Leituras - Nelson Rodrigues", onde reuniu importantes nomes do teatro português e brasileiro. Em fevereiro de 2022, deu início ao projeto “Marilyn, por trás do espelho” com uma leitura dramatizada em Lisboa.

Ficha Técnica

Idealização, Atuação e Argumento: Anna Sant’Ana. Dramaturgia: Daniel Dias da Silva. Direção: Ana Isabel Augusto. Supervisão de Direção: Roberto Bomtempo. Assistente de Direção: Letícia Reis. Iluminação: Renato Machado. Trilha Sonora: Tibor Fittel. Figurinos e Caracterização: Joana Seibel. Cenário: Natália Lana. Direção de Movimento: Sueli Guerra. Preparação Vocal: Rose Gonçalves. Design Gráfico: Guilherme Lopes Moura. Fotos: Andrea Rocha/ZBR e Roberto Cardoso. Filmagem e Edição de Videos: Alyrio Tkaczenko. Visagismo: Camila Pio e Fernanda Pio. Costureiras: Nice Tramontin. Cenotécnico: André Salles e Equipe. Fisioterapeuta: Alessandro Costa. Preparação Física: Gustavo Bassan. Operação de Som: Tiago Abreu. Operação de Luz: Kadu Moura. Contra-regra/Camarim: James Simão. Direção de Produção: Anna Sant’Ana. Produção Local: Fábio Câmara / Lugibi Produções. Realização: Sant’Ana Produções & Artes.

Serviço
Marilyn, por trás do Espelho
Estreia: 15 de março, sexta-feira, às 20h
Temporada: de 15 de março a 7 de abril | Sexta e sábado às 20h e domingo às 18h. Duração: 90 min. Classificação Indicativa: 14 anos. Local: Teatro Municipal Arthur Azevedo – Sala Multiuso.  Av. Paes de Barros, 955, Mooca – 03115-020 | fone 2604-5558. Ingressos: R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia).

 
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