04/03/2024 às 15h59min - Atualizada em 05/03/2024 às 04h08min

Estreia de instalação de Janaína Leite no Itaú Cultural reúne artes cênicas, visuais e vivência em 3D

Trabalho contemplado pelo chamamento Arte no Metaverso do IC, conduz os espectadores por uma experiência imersiva híbrida a partir do tema dos limites do corpo e da consciência. O público embarca em uma jornada por câmaras e corredores com provocações sobre vida, morte e sexualidade – elementos bastante presentes nas criações da artista

Larissa Corrêa
Janaina Leite
De 5 e 10 de março, a sala Multiuso do Itaú Cultural recebe a estreia internacional de Deeper, da atriz e dramaturga Janaina Leite. Trata-se de uma instalação guiada pelo questionamento de como incorporar a realidade virtual ao campo artístico unindo as linguagens do teatro e da tecnologia digital.

Com codireção de Ultra Martini e concebida em parceria com a artista visual Leandra Espírito Santo, a obra propicia uma experiência imersiva híbrida, em uma mescla de presença física e vivência 3D completamente digital, por meio da plataforma anitya.space. Estão na equipe multidisciplinar, ainda, Renato Navarro, no desenho de som; Marcos Vinicius, no desenho de luz; e Flávio Barollo, na criação audiovisual com inteligência artificial.

Contemplado pelo chamamento Arte e Cultura no Metaverso do IC, a obra foi vista somente como work in process no Voice from the South, da Edinburgh Fringe Society, na Escócia, no Festival Internacional Santiago a Mil, do Chile, e no festival Mix Brasil. As apresentações no Itaú Cultural somam nove sessões diárias, com 10 vagas cada uma e duração completa de até 60 minutos. Os ingressos ficam disponíveis na bilheteria do IC com uma hora de antecedência de cada sessão.

Sobre Deeper
A obra parte do tripé artes cênicas, artes visuais e tecnologia, transitando entre os territórios da loucura, do sonho e da morte, seja nas suas dimensões acidentais ou induzidos a partir dos estudos sobre psicodelia. Esses estados revelam uma extensa plasticidade do que hoje se entende por consciência e ressoa também na investigação sobre as tecnologias utilizadas na realidade virtual.

Deeper tem como proposta produzir a dissociação entre o corpo físico e o virtual, explorando e questionando as fronteiras do corpo em situações limite. Quem embarcar nessa jornada transita por câmaras e corredores repletos de provocações sobre vida, morte e pornografia – elementos bastante presentes nas criações da artista.

“Como estar com os óculos de realidade virtual perturba bastante os sentidos, é possível experimentar novas sensações sem correr nenhum risco real. Dá até para simular quedas”, afirma Janaina. “Inclusive, na área da psiquiatria, por exemplo, têm sido feitas ações de cura com pessoas que têm fobias.”

Os espaços virtuais de Deeper foram criados na plataforma anitya.space, por Conrado Andrade e Vitor Milagres, possibilitando a experiência imersiva 3D do projeto. Por isso e pela  ação de Pedro Jardim, um dos fundadores da ferramenta, e um grande time, o trabalho pôde alcançar o público. 

“Quando Janaína Leite e Rafael Steinhauser nos procuraram para integrar a plataforma imersiva anitya na construção de Deeper, percebemos a oportunidade de demonstrar a capacidade e potencial das experiências imersivas no mundo das artes”, conta Jardim. “Já temos experiências imersivas aplicadas com realidade virtual e realidade aumentada no metaverso em várias áreas, incluindo games, onde nasceu originalmente, educação, desenhos e projetos industriais e profissionais. Agora, com Deeper, mostramos que pode também ser usada em artes cênicas.”

A experiência consiste em um circuito de realidade virtual no qual o espectador caminha por diversas salas assistindo e interagindo dramaturgicamente com as multimídias alocadas no espaço virtual. Cada sala tem o intuito de provocar no público sensações diferentes, definidas a partir da pesquisa da equipe de criação de Deeper acerca de reações do corpo e da mente em situações extremas.

Um desse lugares é a sala Glory Hole, de André Medeiros Martins com a participação de 12 performers, onde os espectadores entram em contato com fetiches diversos. Outro exemplo é o espaço onde se lê nas paredes digitais I am my own laboratory, no qual o público experimenta, em primeira pessoa, uma cena de suspensão corporal. 

A pesquisa também abrange o deslocamento do aspecto mental virtual e do corpo físico. Nesse sentido, o VR é interessante pois dá ao público a liberdade de escolher por onde caminhar, olhar e interagir, sempre direcionado pela própria arquitetura virtual e pelo roteiro da peça.

Percurso criativo
A curiosidade de Janaina pelas potencialidades do universo virtual no campo das artes começou durante o confinamento decorrente da pandemia de Covid-19. Com os espetáculos teatrais se aventurando pelas plataformas digitais, a artista ao lado de André Medeiros Martins, Lara Duarte e Ultra Martini, convidou diversos artistas para investigar as dramaturgias do corpo e da presença mediadas unicamente pelo espaço digital. 

Foi uma ampla pesquisa que resultou nas experiências Peça, um espetáculo documental idealizado por Marat Descartes e dirigido por Leite, ganhador do prêmio APCA de melhor espetáculo on-line; Camming 101 noites, que joga com a estrutura de trabalho das camgirls; e o pornoshow O armário Normando, no qual o público era convidado a transitar por salas virtuais com performances pornográficas interativas. 

Seguindo essa linha da sexualidade, no espetáculo presencial História do Olho – um conto de fadas porno-noir, criado a partir da obra de Georges Bataille, as questões apresentadas anteriormente são ampliadas ao trabalhar práticas fetichistas e a body art no limite entre a estética e o ritual. 

Por fim, em Deeper acontece uma união de todos esses elementos tão caros à artista: arte e vida, teatro e pornografia, corpo e virtualidade. “Acredito que a obra seja bem legal para se pensar em novas maneiras de se fazer teatro, em uma união diferente com o audiovisual e com a tecnologia”, diz a diretora. 

FICHA TÉCNICA:
Concepção, direção e pesquisa - Janaina Leite
Codireção e concepção sonora - Ultra Martini
Dramaturgia - André Medeiros Martins, Janaina Leite, Lara Duarte, Ultra Martini
Texto - Lara Duarte 
Gravação e edição de vídeo - Vic Von Poser
Assistência audiovisual - Júlia Rô, André Voulgaris, Matheus Brant
Música original e desenho de som - Renato Navarro 
Dramaturgue - Rafael Steinhauser
Criações audiovisuais com inteligência artificial - Flávio Barollo
Projeto “Fetiches” - de André Medeiros Martins 
Performers - Bel Six, Carlos Jordão, David Medrado, Dom Barbudo, Fernando Brutto, Georgia Vitrilis, Imacullado, Joe, Pombo Morcego
Suspensão corporal - Darktitah, Pombo Morcego, Pamkada, Victor, Paula e Jafadilambas.
Equipe anitya.space: Conrado Andrade - líder de desenvolvimento; Vitor Milagres - designer 3D e visualidade; Miguel Medeiros - designer 3D; Kelso Fujimoto - designer de jogos; Pedro Jardim - coordenação geral
Instalação “Cena Oca #1”
Concepção e realização - Leandra Espírito Santo 
Assistente artístico e projeto 3D - Francisco Soares 
Desenho de luz e sistema de câmera de segurança - Marcus Vinícius 
Consultoria e Coordenação Técnica VR - Robson Catalunha
Assessoria de imprensa - Canal Aberto - Márcia Marques, Daniele Valério e Flávia Fontes Oliveira
Designer gráfico - Samuel Alves de Jesus
Produção - Corpo Rastreado - Ariane Cuminale, Gabi Gonçalves e Fernando Pivotto
Colaboração - André Fischer, Lucas Maximiano, Rodrigo Salles, Rui Afonso e Gabriel Saito
Núcleo de pesquisa "Fundo" - Ery Gabixi Caozito Baesse, Lívia Machado, Lucas Guilherme Sollar, Lucas Miyazaki, Thais Della Costa, Robs Wagner, Caíque Andreotti e Felipe Thaça.
Palestrantes:  Lyara Oliveira e Zaika dos Santos
Plataforma de experiência imersiva 3D - anitya.space
Realização - Itaú Cultural
Produção - Corpo Rastreado 
Co-Produção - Olhares Instituto Cultural - Fernando Braun
Apoio - Edinburgh Fringe Festival, Voices From The South, Fundação Teatro a Mil e Festival Mix Brasil
Agradecimentos: Maíra Scombatti, Maurício Piacentini, Priscilla Wacker, Espaço Satsanga, Casa da Xiclet, EBAC Online e Grupo XIX de Teatro.

SERVIÇO:
De 5 a 10 de março


Sessões:
Dia 5: às 11h, 11h30, 12h, 15h, 15h30, 16h, 19h, 19h30, 20h
Dia 6: às 11h, 11h30, 12h, 19h, 19h30, 20h
Dia 7: às 11h, 11h30, 12h, 15h, 15h30, 16h, 19h, 19h30, 20h
Dia 8: às 15h, 15h30, 16h, 19h, 19h30, 20h
Dia 9: às 12h, 15h, 15h30, 16h, 19h, 19h30, 20h
 
Lotação: 10 lugares por sessão

* Este trabalho faz uso de óculos de realidade virtual. Certifique-se de que você não tem nenhuma restrição quanto ao uso deste dispositivo. Não recomendado para pessoas com labirintite.
Classificação indicativa: 18 anos
Duração: até 60 minutos
Entrada gratuita: retirada de ingressos presencial, mediante comprovação de 18 anos. As bilheterias estarão abertas 1h antes de cada sessão.

Itaú Cultural - Sala Multiuso - 2º andar
Avenida Paulista, 149, próximo à estação Brigadeiro do metrô
De terça-feira a sábado, das 11h às 20h. Domingos e feriados 11h às 19h
Informações: pelo telefone (11) 2168.1777 e wapp (11) 9 6383 1663
E-mail: [email protected]
Acesso para pessoas com deficiência física
Estacionamento: entrada pela Rua Leôncio de Carvalho, 108.
Com manobrista e seguro, gratuito para bicicletas.
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