30/01/2024 às 14h36min - Atualizada em 31/01/2024 às 00h08min

Encarnación discute ideia de identidade de gênero

Idealizado por Flow Kountouriotis, o espetáculo de dança mostra o percurso poético traçado pelo corpo do bailarino

Pombo Correio Assessoria de Comunicação
Thaís Grechi
 

Encarnación discute ideia de identidade de gênero a partir da manipulação bioquímica do corpo e estreia dia 8 de fevereiro no Sesc Pompeia


Idealizado por Flow Kountouriotis, o espetáculo de dança mostra o percurso poético traçado pelo corpo do bailarino em seu processo de transição hormonal 

 

Em busca urgente por uma política ciborgue, um futuro ancestral artificial e uma nova ideia de identidade de gênero, o performer e diretor Flow Kountouriotis idealizou Encarnación, que estreia no Sesc Pompeia. O espetáculo fica em cartaz por lá entre os dias 8 e 18 de fevereiro, com apresentações de quinta-feira a sábado, às 21h30, e aos domingos, às 18h30.

Uma espécie de “fábula especulativa”, o espetáculo é uma insistente reflexão sobre as manifestações de ficção de gênero que trazemos em nossos corpos. Apresenta uma pesquisa sobre a molécula da testosterona (C19H28O2), o que ela carrega bioquimicamente nos corpos, como pode ser manejada em quantidade, manipulada como potencialidade e sua representação social.

 

“Quando pensamos em fábulas especulativas, estamos pensando em outras ficções possíveis, outras possibilidades de existência, novas maneiras de se relacionar, novos corpos. Escutamos outras espécies, outras frequências, chamando outras criaturas, evocando o passado e o futuro, praticando outras maneiras de se comunicar. Evocar uma outra narrativa para o cotidiano da humanidade. A linha invisível que define por exemplo o que é natural e o que é artificial em um corpo vai se tornando cada vez mais líquida”, explica Flow sobre esse termo usado pela bióloga e escritora estadunidense Donna Haraway e, aplicado de outras maneiras pelo filósofo espanhol Paul Preciado.

Em cena, o corpo do bailarino desenha um percurso poético que traça as possibilidades que um corpo carrega enquanto tem seu processo de transição hormonal acontecendo, na administração regular de injeções de testosterona, mas também, no uso de outras ferramentas de fabricação de identidade e próteses tecnológicas. Junto ao público manifestam-se algumas ideias de futuros possíveis que aos poucos estão se desenhando. 

“Insistimos na manipulação da subjetivação e composição dos corpos para que outros caminhos se apontem; e isso tudo já acontece, não é nenhuma nova ideia ou grande revelação, mas existe a urgência de que seja manipulada de outra forma toda essa alquimia ficcionada. Quando injeto testosterona intramuscularmente no meu corpo, é alterada minha percepção de mundo, e a maneira como o mundo me percebe, são próteses possíveis, disponíveis, complementares”, acrescenta o performer.

Para criar essa discussão, o espetáculo explora práticas de BMC (Body-Mind Centring), manejo do sistema endócrino e diversos dispositivos de produção de corporalidade, evocando um corpo em travessia, na incerteza, na não-evidência, no estranho. 

As práticas de BMC (Body-Mind Centring), de acordo com Lucas Brandão, dramaturgista e preparador corporal do trabalho, são uma espécie de abordagem integrada para a experiência transformadora através da reeducação e repadronização do movimento. “Elaborar o corpo através da via somática, e especificamente do Body-Mind Centering é criar estratégias para emancipar-se de noções prévias de si, ampliando as possibilidades de atuação. Se o nosso sistema nervoso é quem rege o funcionamento das glândulas e produção hormonal, ampliar sua percepção é decolonizar infinitas possibilidades de dinâmicas de corpos no mundo”, revela.

Assim como essa ideia de repadronização, a transição de gênero é um movimento constante. “Sinto que todos os corpos, de todos os seres humanos, e seres vivos, junto do planeta e do universo, estão em constante movimento. Mas, em matéria de transição de gênero, acredito que não exista um começo e nem um fim - apesar de cada pessoa ter uma percepção diferente a partir da própria experiência. Há apenas o corpo que existe agora, e os corpos podem mudar ao longo do tempo, transitar pelo espectro infinito que é a produção da identidade do sujeito”, acrescenta.


***

 

Flow Kountouriotis é ator e dançarino, natural de São Paulo, Brasil. Entre criações e parcerias com outros artistas no teatro, atuou em "Vôo Livre" com a Companhia Brasileira de Teatro dirigida por Marcio Abreu no Sesc Copacabana, Rio de Janeiro. “Tragédia e Perspectiva l - o prazer de não estar de acordo” direção de Lisandro Rodriguez e dramaturgia de Alexandre Dal Farra para MIT 2022 (Mostra Internacional de Teatro); em "Ópera dos Três Vinténs” e “O Presidento", ambas óperas do Theatro São Pedro com direção também de Dal Farra; em “Tragédia: uma Tragédia” , dirigido por Carolina Mendonça, percorrendo o circuito SESI interior; O monólogo “Gênera” co-criado em parceria com a diretora Carolina Bianchi que esteve em cartaz no Sesc Ipiranga, CCSP (Centro Cultural São Paulo), MonoFestival, entre outros; performou em todas as edições da performance “Quiero Hacer el Amor” em circuito pelos SESC da capital, também de Carolina Bianchi; Histórias Mínimas SP espetáculo de improviso com a Cia do Quintal (2021); Residência com Demolition Incorporada dirigida por Marcelo Evelin no CAMPO Arte Contemporânea Teresina-PI em 2023; Na mostra VERBO 2017 com Lynda Rahal (FR) e Célia Gondol (FR), foi intérprete na performance “Slow”. Em 2018 foi artista residente no FAR Festival - Nyon, Suíça, mediado pela artista Mirto Katski (GR); com Isabel Lewis (EUA) performou em ART BASEL, também Suíça, em 2018. Ainda neste ano, junto do grupo “Macaquinhos” performou em “ZOO” , estreada no Künstlerhaus Mousonturm, Frankfurt, Alemanha. Em 2020 durante o isolamento na pandemia compôs o elenco de “Human Animals” de Stef Smith dirigido por Michelle Ferreira. No audiovisual atuou em“Notícias Populares” série com direção de Marcelo Caetano para o Canal Brasil em 2023 ; na série “Todxs Nós” com direção de Vera Egito e Daniel Ribeiro HBO 2019; em “Os Ausentes” série também para HBO Max dirigida por Carolina Fioratti em 2022 esteve na segunda temporada de “As Five” dirigida por Dainara Toffoli para Globoplay e. Antes disso, no cinema esteve em “Anna” dirigido por Heitor Dhalia, estreado na Mostra Internacional de Cinema, e no curta “Pedra do Medo” dirigido por Patrícia Black.

Ficha Técnica

Direção geral e performance: Flow Kountouriotis

Dramaturgismo: Lucas Brandão

Assistência de direção: Flora Dias

Direção de som: Renan Luís

Iluminação: Lina Kaplan e Flora Dias

Direção de movimento: Key Sawao

Preparação corporal: Lucas Brandão

Figurino: Bruno Correia

Colaboração: Carolina Mendonça

Design gráfico: Juno B

Fotos (divulgação): Mayra Azzi e Thaís Grechi

Assessoria de imprensa: Pombo Correio

Intérprete Libras: Rive Agra

Produção: Aura Cunha | Elephante Produções

Sinopse

Encarnación é uma arena ficcionada, uma antena parabólica, frequência do invisível.  Ficções que se acoplam a nós, e com as quais nós dançamos, uma dança perigosa. Movimentos que evocam um futuro multiespécie, um rito de fundação de novas criaturas, novos canais de intercomunicação. Uma fábula especulativa.A obra investiga a produção de novas identidades possíveis através de tecnologias diversas, softwares, próteses acionadas no corpo do bailarino. A alteração manipulada dos corpos como filtro de percepção sensível do mundo. Uma busca urgente por um futuro ancestral artificial. C19H28O2 Uiuiui! La Alquimia

Serviço

Encarnación, de Flow Kountouriotis

Temporada: 8 a 18 de fevereiro, de quinta-feira a sábado, às 21h30, e aos domingos, às 18h30

Sesc Pompeia - Rua Clélia, 93, Água Branca

Ingressos: R$40 (inteira), R$20 (meia-entrada) e R$12 (credencial plena) 

Classificação: 18 anos

Duração: 60 minutos

Acessibilidade: sala acessível a cadeirantes e pessoas com mobilidade reduzida


 

Este conteúdo foi distribuído pela plataforma SALA DA NOTÍCIA e elaborado/criado pelo Assessor(a):
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