07/12/2023 às 15h08min - Atualizada em 08/12/2023 às 00h03min

Para combater o racismo e valorizar a cultura africana, escola pública do Ceará cria festival multicultural e pesquisa sobre raízes afro-brasileiras

O projeto reforça a importância da Lei 10.639/03 e da Lei 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da história e cultura africana e afro-brasileira no currículo escolar. A iniciativa também celebra o Mês da Consciência Negra 

Amotara Agência de Notícias
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Resumo: 

- Estudantes de escola no Ceará realizam festival multicultural para valorizar raízes afro-brasileiras 
- No Ceará, escola de Ensino Médio Integral promove projeto de valorização da cultura africana e combate ao racismo  
- Projeto "O que há de África em nós" resgata raízes africanas, incentiva o combate ao racismo e engaja alunos em atividades de sensibilização cultural  
 

A educação é, para além de uma ferramenta que promove conhecimento, um instrumento fundamental de formação de opiniões, consciência crítica e viabilização de mudanças na sociedade. Com base nesse princípio, a Escola de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTI) Lia Sidou tem transformado o ensino e a aprendizagem de jovens em Aquiraz (CE), construindo novas formas de percepção, valorização e identificação da cultura africana e de raízes afro-brasileiras.  

O projeto "O que há de África em nós", surgiu da necessidade de colocar em prática as leis 10.639/03 e 11.645/08, que tornam obrigatório o ensino da história da África e da cultura afro-brasileira no currículo escolar, assim como reforça a importância do Mês da Consciência Negra. A iniciativa também se atenta para a questão da interdisciplinaridade, abrangendo ações pedagógicas que viabilizam a realização de trabalhos mais amplos e consistentes, apoiados em componentes diversificados do Ensino Médio Integral, como tutoria, aprendizado na prática, projeto de vida, protagonismo juvenil, acolhimento e orientação de estudos.  

Para tanto, as atividades envolveram a sensibilização da comunidade escolar, por meio de rodas de conversa, exibição de filmes, concursos e debates sobre cultura e vivências étnico-raciais e o enfrentamento efetivo do racismo e outras formas de violência na sociedade. Além disso, os estudantes foram incentivados a realizar pesquisas interdisciplinares, investigando temáticas como: contribuição dos povos africanos e afro-brasileiros para a construção do Brasil; desigualdades raciais, indicadores sociais de violência em relação a negros e negras; racismo Institucional, racismo na escola e cotas raciais; diversidade religiosa (intolerância e sincretismo), entre outros.  

Valorização cultural e projeto de vida 

Segundo Cybelle Alves de Freitas, professora e coordenadora de área, Núcleo de Trabalho, Pesquisa e Práticas Sociais (NTPPS) e Estudo Orientado, o objetivo das atividades é abordar a cultura africana, compreendendo a questão formativa, desde a maneira como foram construídas as relações étnico-raciais no Brasil, até as relações no cotidiano.  

 

"Os trabalhos realizados com os alunos perpassam as origens, os movimentos, as lutas e as conquistas para a promoção da equidade racial, até a questão atitudinal, focada em como se dão as relações étnico-raciais no dia a dia, em como produzimos desigualdades, qual é o impacto na trajetória das pessoas e o que pode ser feito para combater o racismo", explica.  

 
A ação também está ligada aos projetos de vida dos jovens, uma disciplina diversificada da matriz curricular das escolas de Ensino Médio Integral, cuja finalidade é promover no aluno o entendimento de quem ele é no presente e quem gostaria de ser no futuro, incentivando o protagonismo juvenil.  

 

"Como o projeto é interdisciplinar e realizado ao longo do bimestre, os professores escolhem temas relacionados às suas áreas para conduzir grupos de pesquisa com os estudantes. O intuito é que, durante a pesquisa, edição dos conteúdos, produção e apresentação dos trabalhos, eles enxerguem a relevância e o significado daquilo que estão fazendo, reconhecendo culturas que fazem parte da sua história e que, de certa forma, ajudarão na construção da sua personalidade", reforça Cybelle.  

 
Festival multicultural 
 
Após a consolidação das pesquisas, estudos, debates, reflexões e compartilhamento dos conhecimentos adquiridos, os discentes foram convidados a realizarem um festival multicultural, reunindo traços de cultura afro-brasileira para serem apresentadas nas mais diversas formas de expressões da arte. Neste ano, o evento foi realizado no dia 22 de novembro, na própria unidade escolar.  

 

Entre as propostas, estão: 1. Desfile da beleza negra (roupas e acessórios afro); 2. Contos africanos; 3. Tradição oral: a África que você fala; 4. Sabores da África na cozinha brasileira; 5. Os sons da África; 6. Danças de origem africana; 7. Arte africana; 8. Religiões africanas.  

Relações étnico-raciais como tema no ano letivo de 2023 

Em 2023, a Seduc CE escolheu como tema condutor de sua prática pedagógica a Educação para as Relações Étnico-Raciais (ERER), em razão dos 20 anos da Lei n° 10.639/2003. Desde o início do ano, o tema vem sendo abordado por meio de cursos de formação e seminários, além de material estruturado e de orientações. 

A secretaria também promoveu o primeiro Edital do Selo Escola Antirracista, que tem como objetivo construir uma política pública educacional comprometida com a equidade racial no sistema de ensino do estado do Ceará. Outra proposta feita foi a Bolsa de Consultoria para a seleção de profissionais para atuarem como consultores, tanto na elaboração de material didático-pedagógico de apoio complementar sobre História e Cultura Afro-Brasileira, Indígena e dos Povos e Comunidades Tradicionais Cearenses, assim como nas orientações curriculares em educação para as Relações Étnico-Raciais (Erer), destinadas às Escolas da Rede Pública Estadual de Ensino do estado. 

Tempo Integral 

A ampliação da carga horária nas Escolas de Ensino Médio em Tempo Integral (EEMTIs) teve início em 2016. Atualmente, essa política envolve 341 escolas para mais de 86 mil alunos, oriundos de 157 municípios.  

O Tempo Integral na rede pública estadual também abrange 131 Escolas Estaduais de Educação Profissional (EEEPs), com o Ensino Médio integrado a cursos técnicos, elevando para 472 o número de unidades com a jornada ampliada no Ceará. 
 

O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica multidimensional, moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes. 


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