03/11/2023 às 15h36min - Atualizada em 07/11/2023 às 00h02min

Esporotricose e o aumento de casos no Brasil: o fungo que afeta as pessoas e os animais 

Poliana Vicente de Souza (*) 

Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

Casos de esporotricose, doença causada por fungos do gênero Sporothrix, têm sido cada vez mais registrados pelo país. Trata-se de uma micose que afeta principalmente os gatos, mas também pode acometer as pessoas e outros animais, sendo considerada uma zoonose.  

O fungo está presente na natureza, no solo rico em material orgânico, nos espinhos de arbustos, em árvores e vegetação em decomposição. A infecção pode ocorrer pelo contato do fungo com a pele ou mucosa, por meio de trauma decorrente de acidentes com espinhos, lascas de madeira e contato com a terra, por exemplo. Atualmente, a forma de transmissão mais comum entre pessoas e animais ocorre por meio de arranhões e mordidas de gatos doentes ou por contato direto com as lesões do animal doente.  

A briga entre gatos é a forma mais comum de ocorrer a transmissão entre gatos que possuem acesso à rua, disseminando a doença de forma abundante. Além disso, os gatos são os hospedeiros mais suscetíveis da doença e possuem alta carga fúngica, além de serem acometidos de forma grave, sendo considerados os protagonistas da esporotricose zoonótica, conforme informações publicadas pelo Ministério da Saúde na Nota Técnica N° 60/2023-CGZV/DEDT/SVSA/MS.  Apesar disso, os gatos não devem ser tratados como vilões desta história, mas sim como as principais vítimas.  

Nos gatos, a doença se manifesta por meio de feridas que não cicatrizam e se espalham pelo corpo rapidamente, podendo evoluir com gravidade e levar ao óbito. As lesões também podem estar associadas a sintomas respiratórios, caracterizadas por focinho inchado e espirros. Nos humanos, é comum o aparecimento de lesões na pele que ficam avermelhadas, podendo ulcerar. As lesões podem apresentar secreções sanguinolentas que podem conter pus. Estes sinais geralmente aparecem nas mãos e braços, devido a maior possibilidade de arranhaduras.   

A doença tem cura e o tratamento deve ser feito com orientação e acompanhamento médico. Os antifúngicos utilizados para o tratamento da esporotricose humana são o itraconazol, o iodeto de potássio, a terbinafina e o complexo lipídico de anfotericina B, para as formas graves e disseminadas. O tratamento, apesar de extenso, é efetivo na maioria dos casos. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente o itraconazol e o complexo lipídico de anfotericina B para o tratamento da esporotricose humana. Recentemente, o Paraná se tornou o primeiro estado do Brasil a incorporar o medicamento para tratar os animais infectados com a esporotricose no Sistema Único de Saúde (SUS).  

Algumas medidas preventivas e cuidados devem sempre ser observados: 

  • Usar luvas ao manusear o animal doente e ministrar corretamente os medicamentos receitados por veterinário; 
  • Castrar os gatos e limitar o acesso à rua pode reduzir brigas entre os animais, prevenindo a disseminação da doença; 
  • Usar luvas e lavar bem as mãos ao mexer com terra pode evitar a infecção pelo ambiente; 
  • Em caso de óbito, os animais devem ser cremados e não enterrados, para evitar a contaminação ambiental; e 
  • Ao encontrar um animal de rua com suspeita da doença, é necessário acionar a Vigilância em Saúde do município e evitar tocar no animal.  

É importante reforçar que com o diagnóstico e tratamento precoce a doença tem grandes chances de regredir. Por isso, o animal com suspeita de esporotricose não deve ser abandonado, maltratado ou sacrificado. Com o tratamento adequado e as informações corretas sobre os cuidados necessários, é possível promover a cura do animal.  

(*) Poliana Vicente de Souza é Médica Veterinária, especialista em Saúde da Família, professora do Centro Universitário Internacional UNINTER. 


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