06/11/2023 às 16h04min - Atualizada em 06/11/2023 às 20h08min

A Potência da Favela! 

*Adriane Bührer Baglioli Brun 

Valquiria Cristina da Silva Marchiori
Rodrigo Leal

No dia 04 de novembro foi comemorado o Dia da Favela no Brasil, data essa que se remete ao Morro da Providência no Rio de Janeiro, ocupado por soldados combatentes em Canudos (1896 a 1897), que tiveram a promessa da casa própria para lutarem contra os moradores do Arraial de Canudos na Bahia. Nessa localidade, existia um morro com árvore chamada Favela e ao retornarem para o Rio de Janeiro os combatentes identificaram a semelhança e começaram a chamar o Morro da Providência de Morro da Favela. 

Morro, comunidade, gueto...esses são sinônimos da FAVELA; espaço este delimitado na periferia, conhecido pelas ocupações precárias, áreas de risco, são vielas, becos, ladeiras que não existem oficialmente, são espaços por vezes esquecidos pela ação pública, pelas políticas públicas e sociais, espaços ocupados por um coletivo de sujeitos sociais que habitam, questionam, reivindicam e se ressignificam como cidadãos. 

Segundo dados atuais do censo IBGE 2022, temos 16 milhões de pessoas vivendo em 11.403 favelas, sendo a favela mais populosa a Sol Nascente em Brasília (87.184 habitantes), seguida pela favela da Rocinha no Rio de Janeiro (67.199 habitantes). A favela é espaço de resistência diante das desigualdades sociais, da ausência de habitações, de saneamento, de infraestrutura das inúmeras expressões da questão social postas no cotidiano, como as violências e a pobreza. 

Com o advento da pandemia nos anos de 2020 a 2021, os espaços de trabalho formais foram reduzidos significativamente, causando um aumento inversamente proporcional de trabalhos desprotegidos como trabalhos informais, trabalhos precários, terceirizados. Em contrapartida às dificuldades apresentadas, a favela se mostra potente. 

Além do estigma que ainda sofrem os moradores da favela, a favela é um espaço potente, pois é um espaço de mobilização social, de lutas coletivas, de enfrentamentos, criatividade, projetos sociais, repertórios próprios de cultura como o Hip Hop, o Funk, que demarcam a narrativa das comunidades, além do espaço de empreendedorismo social, lembrando a fala de Carlos Roberto Ferreira membro da CUFA (Central Única das Favelas) “vamos mostrar que a favela não é carência é potência.” 

Assim, é importante reconhecer que as dificuldades fazem e revelam a potência. A favela deve deixar de ser lugar de políticas públicas de segurança, para dar lugar a políticas públicas de arte; deve deixar de ser lugar de ausências, para ser lugar de presença- presença de saúde, de saneamento, de teatro, de cinema; deve deixar de ser lugar de violência, para ser lugar de proteção; deve deixar de ser lugar de repressão, para ser lugar de ação: com suas inúmeras costureiras, artesãos, músicos, dançarinos, pedreiros, enfim, brasileiros.  

A favela é e sempre será, potência! Favela potente é feita por pessoas que pensam coletivamente. 

*Adriane Bührer Baglioli Brun é Mestre em Educação. Graduada em Serviço Social e Coordenadora do Curso de Bacharelado em Serviço Social da UNINTER 


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