Arquivo pessoal A escritora mineira Girlene Verly irá lançar o livro "O corpo sabe que é terça, mas se distrai" em um evento especial no Bar Encena Cultural, localizado na Rua João Carlos, 165, no centro de Caxambu. O lançamento acontecerá no dia 03 de novembro, às 20h.
A obra de Girlene Verly é uma coletânea de poemas que aborda diversos temas, como corpo, filosofia, autoconhecimento, memória coletiva, feminino, dança, sociedade patriarcal, mulher, maternagem e família. A autora, além de poeta publicada, é formada em Dançaterapia e possui mestrado pela UFSJ e doutorado em Letras pela UFMG.
O livro "O corpo sabe que é terça, mas se distrai" é uma reflexão profunda sobre a vida e a sociedade contemporânea. Girlene Verly explora a relação entre o corpo e a mente, assim como os sentimentos positivos e negativos que surgem dessa conexão. A obra é, acima de tudo, uma celebração da vida e da beleza do mundo ao nosso redor.
Alguns poemas do livro merecem destaque, como "Corpoema", onde a autora brinca com as palavras e explora a interconexão entre corpo, linguagem e expressão artística. O poema retrata o corpo como uma forma, uma palavra e uma força que evoca emoção e excitação. Ao mesmo tempo, o corpo é visto como silêncio, algo que retém o tempo e alonga os versos pelos dedos.
Outro poema interessante é "Que mundo é esse?", onde Girlene Verly questiona a natureza do mundo em que vivemos e a constante suspeita e julgamento que enfrentamos, independentemente de nossas ações ou características. A autora nos convida a refletir sobre a culpa e a inocência, sugerindo que somos rotulados e estereotipados com base em fatores como origem, pertencimento a um grupo ou até mesmo nossa própria existência.
O Bar Encena Cultural, que sediará o lançamento do livro, é um espaço que vai além de um simples bar. Com uma atmosfera acolhedora e descontraída, o local é conhecido por promover eventos artísticos e culturais, tornando-se um ponto de encontro para artistas locais e entusiastas da cultura. É um ambiente perfeito para apreciar e participar de atividades culturais em Caxambu.
1 - Como foi o processo de construção de “O corpo sabe que é terça, mas se distrai”?´
O processo começou quando, em 2020, passei a ler mais e, consequentemente, a escrever, revisitar escritos e reescrevê-los. Daí decidi que seria escritora desde que encontrasse alguém para me orientar em alguns quesitos. Comecei pela poesia. Fiz um ano de mentoria e dos mais de cem poemas trabalhados, escolhi com alguns critérios os que compõem “O corpo sabe que é terça, mas se distrai”, dividindo-o em quatro partes: corpo-histórico, corpo-texto, corpo-carne e corpo-tempo.
2 - Como surgiu a ideia da composição das poesias?
Algumas temáticas do livro já existiam como fruto de devaneios, memórias familiares, a chegada da maturidade e a observação diária do meu entorno. Outros temas surgiram da revolta e angústia a partir das mazelas e injustiças sociais, especialmente durante o (des)governo da pandemia, quando enfrentamos a morte de longe e de perto, vimos o descaso com a saúde e a ciência, o desmonte da educação, a ridicularização da arte, o fracasso na defesa dos direitos humanos e populações indígenas, dentre tantas outras barbáries. Na ocasião, a sensação de impotência e desesperança eram uma constante.
3 - Por que alinhar a dança com a sua escrita?
O alinhamento não foi proposital. Tanto na dança como na escrita, nunca vislumbrei o que me trabalho resultaria, que caminhos temáticos trilharia, com quem e para quem. No entanto, quando o livro ficou pronto e os questionamentos começaram esse alinhamento se evidenciou, fosse por colegas do meio literário ou por conhecidos e leitores em geral. O que eu venho buscando na minha dança, também busco na literatura. Um espaço de presença, de corpo e voz. Não somos invisíveis, como mulheres temos um corpo “marginal”, sempre beirando o escândalo, o ridículo e o proibido. Até a natureza dita nossos corpos, mas revisitando nossas ancestrais, suas derrotas e conquistas, vamos nos fortalecendo de mãos dadas com nossas contemporâneas. A dança e a escritasurgem, nesse sentido, como elementos catalisadores, pontes do nosso corpo que precisam de um espaço de expressão e liberdade.
4 - Como que a sua poesia identifica com outras mulheres?
Ela se identifica enquanto sendo mulher e dando aula para um público, basicamente feminino, estabeleço diálogos constantes no intuito de conhecer melhor suas dores, traumas e desejos, muitas vezes visíveis em seus corpos. É durante esse processo que identifico nelas, com freqüência, algumas palavras-chave como corpo-coragem, corpo-abandono, e corpo-objeto, entre outras que, ainda que visíveis, não são facilmente acessadas.
5 - Quais são os seus planos para 2024?
O novo livro se chama “Dança de Samambaias” e posso adiantar que é um livro mais ousado na forma e na temática. São poemas antigos e novos que foram retrabalhados com uma maior intensidade dramática e mais intenção artística, no sentido de que os poemas, em sua totalidade falam de dança, mas não somente como a concebemos, falo de uma dança mais orgânica, nutrida por teorias como a do bailarino Klauss Vianna e da mestra da dançaterapia Maria Fux. Ao longo do livro o tema se apresenta nos mais variados contextos, incluindo os mais insólitos, fazendo, quase sempre, a contraposição com a dança da vida.
SERVIÇO:
Lançamento do livro “O corpo sabe que é terça, mas se distrai” da autora Girlene Verly
Quando: 03 de novembro de 2023, às 20h
Local: Bar Encena Cultural - Caxambu - Rua João Carlos, 165, no centro
FICHA TÉCNICA:
Título do Livro: O corpo sabe que é terça, mas se distrai
Autora: Girlene Verly
ISBN: 978-65-5404-157-7
Editora: Folheando
Preço: R$33
Página: 96
Gênero: poesia brasileira, literatura brasileira
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