27/09/2023 às 14h17min - Atualizada em 28/09/2023 às 00h08min

Sesc Piracicaba apresenta espetáculo CÁRCERE com a Companhia de Teatro Heliópolis

Eliane Verbena
https://verbenacomunicacao.blogspot.com/2023/09/sesc-piracicaba-apresenta-carcere-ou.html
Crédito/foto: TIGGAZ
No dia 7 de outubro, sábado, a Companhia de Teatro Heliópolis apresenta o espetáculo CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos no Sesc Piracicaba, às 19h30. Na mesma semana, no dia 5/10, quinta-feira, os integrantes da Companhia ministram uma Oficina de Teatro gratuita, das 16h às 18h, para maiores de 16 anos.

CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos, foi agraciado com os prêmios: APCA 2022 na categoria Dramaturgia, indicado também em Direção; Prêmio SHELL de Teatro 2022 nas categorias Dramaturgia e Música, indicado também em Direção; VI Prêmio Leda Maria Martins na categoria Ancestralidade; e ainda indicado pela Folha de S.Paulo como um dos Melhores Espetáculos de 2022.

Com encenação de Miguel Rocha e texto de Dione Carlos, a montagem aborda a forte presença feminina no contexto do cárcere. O enredo parte da história de duas irmãs gêmeas - Maria dos Prazeres e Maria das Dores - com vidas marcadas pelo encarceramento dos homens da família para apresentar as estratégias de sobrevivência, sobretudo, das mulheres em suas comunidades. Quanto ao título, a dramaturga explica que “faz referência às mulheres que transmutam as energias de violência e morte e reinventam realidades”.

A encenação de Miguel Rocha tem as mulheres - mães, esposas, companheiras, irmãs - no centro da abordagem. “São elas que carregam o fardo, que são acometidas pelos desdobramentos do encarceramento de seus parceiros ou familiares, tendo a vida emocional, a segurança física e a situação financeira abalada. A mulher se torna a força e o sustentáculo da família, e também daquele que está em situação de cárcere”, argumenta o encenador.

A história das duas irmãs é um disparador no enredo de CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos para revelar o quão difícil é se desvincular de uma estrutura tão complexa quanto o encarceramento. Enquanto a mãe enfrenta o sistema jurídico na tentativa de libertar o filho preso injustamente, lutando pela subsistência da família e do filho, sua irmã é refém do ex-companheiro, também encarcerado, a quem deve garantir suporte no presídio, sem direito a uma nova vida conjugal pelo risco de perder a própria vida. Presas a um histórico circular, pois também tiveram o pai preso, elas lutam para quebrar o ciclo em um percurso espinhoso.

A ancestralidade está presente na dramaturgia e permeia a encenação de forma arquetípica. O coro aparece tanto como uma representação da coletividade quanto um exercício da voz ancestral, cujos saberes resistiram à barbárie e atravessaram séculos nos corpos, nas memórias e nas crenças do(a)s africano(a)s que, escravizado(a)s, fizeram a travessia do Atlântico. Vale ressaltar que a maioria dos encarcerados é de ascendência negra, além de pobres e periféricos. “Nosso propósito é apresentar uma obra que trace o percurso dessas mulheres, pretas e pobres, cujo destino é atrelado ao cárcere, e refletir sobre a situação limite em que o condenado se insere, além de mostrar que o modelo prisional vigente é cruel, discriminatório e não presta à ressocialização”, argumenta o encenador.

Como é característico nas encenações da Companhia, o espetáculo explora as ações físicas para construir um discurso poético e expressionista das relações de poder e da situação de cárcere. A música ao vivo (violino, viola, cello e percussão) potencializa esse discurso nas cenas coreografadas que denunciam e evidenciam o cotidiano em questão. O futebol, a comida, as humilhações, a disciplina imposta são passagens que elucidam a ambiguidade da proposta do sistema para a reabilitação daquele que, supostamente, infringiu as regras da sociedade. O encenador explica que “a música e a coreografia têm a força de expor a concretude, a precariedade e a desestrutura do espaço onde o enredo se desenvolve”. O espaço cênico é neutro (predominando o cinza). Apenas alguns elementos cenográficos são contextualizados de forma poética, a exemplo das gaiolas que representam a prisão emocional e psicológica da mulher que sofre indiretamente as consequências do cárcere.

Tanto as apresentações quanto as oficinas, que a Companhia vem apresentando em cidades paulistas, integram o projeto CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos – Circulação, contemplado pelo Edital nº 02/2022 do ProAC - Programa de Ação Cultural, da Secretaria de Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo do Estado de São Paulo.

Espetáculo: CÁRCERE ou Porque as Mulheres Viram Búfalos
Data: 7 de outubro – Sábado, às 19h30
Ingressos: R$ 8,00 (Credencial Plena), R$ 12,00 (meia) e R$ 25,00 (inteira).
Vendas: bilheterias físicas da unidades do Sesc, app Credencial Sesc SP e  site.
Duração: 120 min. Classificação: 12 anos. Gênero: Experimental.

Oficina: Oficina de Teatro com a Companhia de Teatro Heliópolis
Data: 5 de outubro – Quinta, das 16h às 18h
Inscrições: Gratuitas -  Pelo site do Sesc SP. Público: maiores de 16 anos.

Sesc Piracicaba
Rua Ipiranga, 155 – Centro. Piracicaba/SP
Tel.: (19) 3437-9292. Sescsp.org.br. @sescpiracicaba.
 

 

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