15/09/2023 às 10h29min - Atualizada em 15/09/2023 às 20h02min

Prevenção ao suicídio começa pela escuta, diálogo e acolhimento da rede de apoio

Psicóloga da Estácio BH explica os caminhos para ajudar quem se encontra em sofrimento mental

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O sofrimento mental alcançou patamares alarmantes no período da pandemia. Desde então, tem sido foco de países em busca de estratégias de cuidados com a saúde mental. Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou uma recomposição financeira no valor de mais de R$ 200 milhões para a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS), programa de serviços e ações que integram o SUS.

Segundo o Datasus, o total de óbitos no Brasil por lesões autoprovocadas dobrou nos últimos 20 anos, passando de 7 mil para 14 mil. Um estudo da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e parceiros, divulgado neste ano, revela que as Américas são a única região do mundo na qual a mortalidade por suicídio vem aumentando desde o ano 2000, cujos 79% dos autoextermínios ocorrem entre homens, embora as taxas entre mulheres venha crescendo.

“É importante compreender que o suicídio não está relacionado a um único fator de risco, mas a um conjunto de casualidades, como perdas, algum processo de adoecimento crônico, traumas, transtornos mentais, dificuldades, abusos, que agravam o sofrimento do indivíduo e o leva a pensar nessa possibilidade. Por isso, diante do atravessamento de uma determinada situação em sua vida, qualquer pessoa está sujeita a encontrar no processo de morte uma saída para o alívio da sua dor”, explica Juliana Marcondes Pedrosa, coordenadora do curso de Psicologia da Estácio
BH.

De acordo com a psicóloga, falar de suicídio ainda é um tabu porque significa abordar primeiramente outro tabu, a morte. “É difícil para a sociedade ocidental lidar com a finitude, seja por um processo de envelhecimento natural do corpo, por acidentes, adoecimentos ou pela pessoa entender que a vida não tem mais um sentido e decidir tirar sua própria vida. Por isso, é fundamental compreendermos que a vida sempre nos apontará uma finitude, que devemos dialogar sobre a morte, tendo o suicídio como uma das possibilidades de terminalidade da vida, para falarmos sobre prevenção e
posvenção – cuidados aos sobreviventes enlutados por um suicídio”, descreve.

Entre os sinais de sofrimento mental, Juliana pontua mudança brusca e progressiva de comportamento, que causa quadros de apatia, falta de interesse por situações cotidianas que eram feitas com tranquilidade. “Além disso, quando a pessoa muda a maneira de lidar com seus sentimentos, pensamentos, tem falas constantes e atravessadas por uma certa desesperança, sente uma impotência diante das situações, significa que algo não vai bem com o sujeito”, comenta.

Essencialmente, quem tem a saúde mental afetada precisa de suporte psicológico e, em alguns casos, associado ao psiquiátrico, como informa Juliana Pedrosa, mas nada substitui o papel de familiares, amigos e demais pessoas próximas como uma valorosa rede de apoio. “Precisamos dar espaço para que o outro possa falar do seu sofrimento,dos seus fracassos, das suas tristezas, cultivar uma relação de empatia. Ao mesmo tempo, encorajá-lo a encontrar recursos para lidar com isso. Diante de alguém que está sob o risco de suicídio, jamais o censure, critique e desqualifique, porque essa
pessoa está em uma situação de extrema fragilidade e vulnerabilidade, e precisa de acolhimento, ajude-a a buscar profissionais de saúde para auxiliá-la da melhor forma possível”, finaliza.

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