11/09/2023 às 15h41min - Atualizada em 11/09/2023 às 20h02min

Escola de Ensino Médio Integral resgata saberes ancestrais para preservar cerrado e nascentes no sertão do Maranhão

Em região conhecida como a “caixa d’água” do cerrado maranhense, estudantes realizam limpezas de nascentes, reconhecimento de plantas comestíveis não convencionais e levam projeto para o TikTok

Amotara Agência de Notícias
https://www.sonhogrande.org/porque-ensino-medio-em-tempo-integral/pt?
Divulgação

No sertão maranhense, estudantes do Centro Educa Mais Professor Ribamar Torres, escola de Ensino Médio Integral em Pastos Bons, têm driblado as dificuldades regionais e promovido saberes por meio de projetos pedagógicos que trabalham questões socioambientais e valorizam raízes culturais. Dentre as iniciativas, que são compartilhadas no TikTok para conscientizar sobre a preservação do cerrado, os alunos realizam limpeza de nascentes, georreferenciamento de matas ciliares, identificação de plantas nativas, oficinas sobre etnobotânica e artesanato, além de aulas sobre a ecologia de anfíbios e répteis da região.  

As ações estão conectadas ao projeto "Ciênvivência", criado pela professora Rosa Maria, que tem a proposta de estimular o aprendizado na prática de temáticas importantes, aliado ao resgate das ancestralidades locais. "Nosso objetivo é engajar os alunos em atividades práticas a partir de temas transversais contemporâneos que contemplem os objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS) da ONU, relacionando meio ambiente e saúde com a vivência de cada um", explica Rosa.  

Os trabalhos surgiram dentro de uma Eletiva da escola e fazem parte do currículo diversificado do Ensino Integral. O modelo busca centralizar o processo de aprendizagem nos jovens, incentivando o protagonismo juvenil e o ensino de forma ativa e colaborativa, assim como estimula a conexão das disciplinas através de propostas extracurriculares. 

"Cienvivência"  

O primeiro projeto realizado foi de mapeamento dos olhos d’água da zona urbana, feito com aplicativos no celular (GPS) e parceria com o Programa de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Ceará. Nesta primeira iniciativa, que recebeu o nome de “Olhos nos Olhos”, os estudantes também atuaram na limpeza das nascentes e, com auxílio do professor de matemática, calcularam a vazão das fontes exploradas, além de conversarem com os moradores para auxílio na história local, identificação do uso e importância para a comunidade.  

Em uma nova etapa, com o projeto "Rosa aventureira", fizeram um levantamento da mata ciliar das minas visitadas, com saídas a campo e auxílio de botânicos que encontraram nas redes sociais. Por meio de fichas de catalogação e coleta de plantas, conseguiram identificar 115 plantas, sendo 20 delas exóticas. Neste mesmo trabalho, os alunos conheceram também a importância ecológica de anfíbios e répteis, especialmente cobras, sapos, rãs e pererecas. 

Através do “Fruturos do Cerrado Maranhense”, os jovens aprenderam sobre plantas alimentícias não convencionais (PANC’s), etnobotânica, etnomatemática e artesanato com fibras naturais oriundas da vegetação nativa. "Coletamos sementes nativas para a produção artesanal de alimentos nutritivos, como pães, bolos, sorvete e geleias. Nossa intenção é fornecer um alimento com valor nutricional agregado que pudesse servir de alternativa para a dieta de populações em situação de insegurança alimentar e/ou ser também utilizada na merenda escolar e ainda colaborar com a preservação do bioma cerrado", conta o coordenador pedagógico, Alberto Ferreira.  

Resgate de saberes ancestrais 

Para agregar conhecimento cultural aos estudantes, a professora Rosa Maria conta que foram convidados agentes do território para compartilhar seus saberes em atividades formativas, tanto em oficinas, como em rodas de conversa. "Vieram raizeiros, benzedeiras, artesãos e outras pessoas da comunidade para ministrar uma aula/oficina sobre etnobotânica e artesanato com fibras das palmeiras nativas. As merendeiras da escola também têm se interessado na produção de alimentos com esses frutos. É uma oportunidade de todos aprenderem novas temáticas e, ao mesmo passo, reconhecerem a cultura local", complementa Rosa.  

Protagonismo juvenil e projeto de vida 

Para a estudante Ana Beatriz, a participação no projeto e as experiências diversificadas da escola inspiraram a construção do seu projeto de vida. "Eu acredito que o Ensino Médio Integral nos prepara tanto para o mercado de trabalho, quanto para uma possível faculdade. Por isso, principalmente depois do Cienvivência, quero fazer licenciatura em biologia e especialização em botânica, e assim, desenvolver aulas e atividades inovadores e diferentes como meus professores têm feito", reforça Ana.  

Assim como Ana Beatriz, a aluna Aline Santos também se viu incentivada pela iniciativa e, especialmente, pelo acompanhamento da professora a seguir seu sonho na escrita. "Devo muito à professora Rosa Maria, que além de me mostrar que a biologia é tão linda e importante, me incentivou a participar das ações com minhas poesias. Decidi que quero me formar em letras para ser escritora e professora de língua portuguesa! E mais para frente, quero me formar em artes visuais e cênicas também", comenta a jovem. 

A iniciativa de incluir os jovens nos projetos escolares e expandir esses ensinamentos para outros lugares, através dos vídeos no TikTok, documentários e palestras, tem aproximado cada vez mais a escola dos estudantes e transformado a educação por meio do protagonismo juvenil. 
O Ensino Médio Integral é uma proposta pedagógica multidimensional, moderna, nacional, pública e gratuita. A partir de um modelo de ensino que se conecta à realidade dos jovens e ao desenvolvimento de suas competências cognitivas e socioemocionais, propõe a formação integral dos estudantes. Trabalha pilares como projeto de vida, aprendizado na prática, tutoria, protagonismo juvenil, acolhimento, orientação de estudos e eletivas, que promovem a formação completa do estudante, junto aos componentes curriculares já previstos na BNCC. Está presente em cerca de 6 mil escolas em todo o país, beneficiando mais de 1 milhão de estudantes. 


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