06/09/2023 às 14h40min - Atualizada em 07/09/2023 às 00h02min

Saiba como a saúde mental e bucal se relacionam

No mês dedicado à campanha de prevenção do suicídio, odontóloga faz alerta para o envolvimento de profissionais dessa área da saúde nos cuidados com os pacientes

Kasane Comunicação Corporativa
Imagem de wayhomestudio no Freepik
Segundo dados da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), uma a cada quatro pessoas enfrenta problemas de saúde mental alguma vez em sua vida, considerando a população das Américas. Tais problemas englobam depressão, ansiedade e uma série de outras desordens que provocam outros prejuízos na vida do indivíduo, dentre eles, impactos na saúde bucal. Isso porque quem está passando por uma crise de saúde mental acaba deixando o autocuidado de lado. Por essa razão, a odontóloga Márcia Luz acredita que o mês de prevenção do suicídio – o Setembro Amarelo – precisa ter o envolvimento de todos os profissionais da saúde, incluindo a odontologia.

De acordo com Márcia, um dos primeiros sinais visíveis da depressão é o autocuidado, e isso é notável por quem convive com o indivíduo. “O paciente não tem ânimo para se cuidar, levantar-se da cama, escovar os dentes e começar o dia. E quando você deixa de fazer a escovação, por mais de 72 horas, já há a formação de uma placa de biofilme bem severa, que pode desencadear mau hálito, sangramento gengival e porosidade dos dentes”, explica. Ela alerta ainda que é preciso ficar atento, pois situações como essas podem evoluir para doenças mais graves, como pneumonias resultantes de infecções bucais e doenças cardiovasculares causadas por bactérias presentes na boca.

Outro problema dentário de origem emocional é o bruxismo – condição caracterizada pelo ranger ou apertar dos dentes –, que pode estar ligado a situações de estresse e ansiedade. Nesse sentido, o dentista tem papel preponderante não somente no tratamento das consequências, mas também na busca pelo que está causando a desordem. “A primeira coisa que o dentista precisa fazer é orientar o paciente, informá-lo de que o dente fraturado, o sangramento e a recessão gengival são consequências do bruxismo e que não adianta restaurar ou fazer canal, se o problema primário não for tratado em conjunto, com acompanhamento psicológico e médico associados”, pontua.

Márcia Luz acrescenta ainda que fatores como distúrbios alimentares também podem ter desfechos negativos para a saúde bucal, uma vez que, de forma geral, o desequilíbrio estomacal interfere na boca. Na bulimia, o hábito de provocar vômito faz com que o suco gástrico entre em contato com os dentes, o que gera uma erosão e faz com que tenha maior acúmulo de biofilme e cáries. “No caso da anorexia, há a deficiência de nutrientes e minerais, bem como a diminuição da saliva, o que também altera o pH, que é o nível de acidez do meio, favorecendo o aparecimento da cárie”, destaca. Já na compulsão alimentar, geralmente estão associados alimentos cariogênicos, de alto índice glicêmico, que vão gerar maior satisfação e alegria momentânea para suprir a deficiência emocional.

Uso de medicações

A relação da saúde bucal e mental se aprofunda ainda no tratamento das doenças psíquicas, já que remédios usados para ansiedade e depressão podem prejudicar os dentes. Segundo Márcia, medicamentos de uso contínuo, como psicotrópicos e antidepressivos, causam a xerostomia, que é a redução da saliva e a consequente boca seca. “A saliva tem papel fundamental não só na manutenção dos níveis de acidez e alcalinidade da boca, que é o pH, mas também na remineralização dos dentes, que é a reconstituição dos minerais perdidos pelo organismo. Então quando não há saliva suficiente, não há esse banco de reserva para a remineralização do esmalte dentário, o que favorece também, o desenvolvimento de cáries”, esclarece.

Caminho inverso

Problemas bucais também podem desencadear quadros depressivos ou de ansiedade. Para Márcia Luz, isso acontece porque o sorriso tem um valor social importante, especialmente na era das redes socias. Ela conta que casos assim aparecem com frequência em seu consultório e avalia que a situação tem relação com a falta de integração entre quem cuida da saúde mental e do dentista, que pode ajudar a desenvolver a autoconfiança do paciente. “Muitas vezes, a pessoa que está com um problema emocional vai ao dentista, possui uma harmonia boa do sorriso, mas quer mexer, buscando uma felicidade em algo em que não vai encontrar. Então, o odontólogo tem que ter bastante respeito à situação emocional do paciente”, propõe.

Márcia destaca que o que se nota nos dias atuais é uma constante supervalorização de reabilitações dentárias estéticas e harmonizações faciais que são padronizadas. Isso gera nas pessoas uma necessidade que, muitas vezes, não trará um resultado satisfatório. “Acredito que o Setembro Amarelo traz essa oportunidade de entender que a Odontologia tem papel fundamental na desconstrução de padrões estéticos que ajudam a promover o adoecimento das pessoas, com promessas de uma perfeição inalcançável”, arremata.

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