Arquivo pessoal Diante de uma sociedade patriarcal que carrega um discurso romantizado sobre a maternidade, além de associar mulheres com deveres domésticos e maternos, após o casamento, Analu Leite responde a esta narrativa social com uma personagem que se vê diante de uma questão delicada: Maria Clara precisa encarar que a sua filha Bia trancou a faculdade e foi morar com o seu namorado em São Paulo e seu ninho ficou vazio.
A autora estará na Bienal do Livro Rio nos dias 07/09 (das 16h às 18h) e 08/09 (das 18h às 20h), no Estande Escreva, Garota, Pavilhão 04, Q34.
Após uma briga onde as duas saíram feridas, em “Com amor, mamãe”, a autora revela na sua obra um lado da maternidade não romantizada, apresentando uma história sensível sobre mulheres, relacionamentos e maternidade de uma maneira leve, porém realista sobre a vida de Maria Clara e a sua filha Bia.
Para além de assuntos como o machismo, Analu Leite tem a sensibilidade de trazer o universo da maternidade sem romantizar, instigando ao leitor a entender que gestar e ter filhos tem o seu lado bom e mau, que as mulheres são seres humanos com sentimentos e momentos de felicidade e de tristeza. Outras realidades também são abordadas, como a violência obstétrica, doméstica e preconceito contra as mulheres que são mães, principalmente.
“Eu sinto que esse livro transbordou em mim. Em 2019, momento crítico da pandemia, estava com meus filhos gêmeos com pouco mais de um ano, completamente imersa no universo da maternidade, quando comecei a observar quanto do maternar não é dito, porque não combina com a candura que se espera de uma mãe ou por culpa de admitir que ser mãe pode ser uma experiência difícil. Observava mulheres no meu entorno esforçando-se ao máximo para criarem seus filhos da melhor maneira que podiam e, ainda assim, sentindo-se insuficientes e um tanto fracassadas. Então a história começou a nascer em mim. Fui pedindo autorização para usar passagens da vida de outras mulheres para compor o enredo e aos poucos ia me assustando com o poder dessas histórias. Então o romance, embora não seja autobiográfico, é fruto do que estava vivendo no momento e também de pedacinhos de outras mulheres que foram sendo costurados durante o processo de escrita”, argumenta a autora Analu.
Em “Com amor, mamãe”, a escritora evidencia um silêncio perigoso acerca deste lado que não é costumeiramente tocado e, por acreditar que era o momento de começar a falar sobre as mulheres que passam por situações como o medo de julgamento, histórias envolvendo transtornos e violências durante o parto e até mesmo com os seus parceiros, que Analu aborda esses temas sensíveis justamente para que, ao expô-los, mais mães e mulheres possam se sentir acolhidas e identificadas.
Trecho do livro:
“Os homens adoram isso, sabia?! “Eu apoio sua decisão”. O que é apenas uma maneira cortês de não decidir nada e empurrar toda a responsabilidade para a companheira. Mas não se engane, no primeiro problema que aparecer, o infeliz covarde não vai pensar duas vezes antes de dizer, “mas foi você quem quis assim”. Entendeu? Pode me julgar mal (e provavelmente é o que está fazendo agora), mas quando um homem fala isso, ele não quer de verdade apoiar, quer apenas se eximir”, página 83.
Ficha Técnica
Título: Com amor, mamãe
Autora: Analu Leite
Editora: Mente Aberta
ISBN/ASIN: 978-65-86483-42-0
Páginas: 212
Preço: R$ 45 (físico) e 24,90 (eBook)
Link de venda: https://bit.ly/comamormamae
Sobre a autora:
Graduada em Direito pela Universidade Estadual de Santa Cruz e Mestre em Direito Processual Constitucional pela Universidad Nacional Lomas de Zamora (Argentina). Servidora pública do Poder Judiciário da Bahia desde 2008, atuando como assessora de magistério desde 2010.
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