19/07/2023 às 13h14min - Atualizada em 20/07/2023 às 00h08min

Cultura Circular 2023: fundo do British Council abre inscrições para fomentar festivais sustentáveis

Programa seleciona festivais culturais e artísticos no Brasil e na América Latina para financiar ações que reduzem impacto ambiental, além de estimular conexões culturais com o Reino Unido

Camila Gallate, assessoria British Council
Divulgação
 Em um contexto marcado por mudanças climáticas e pela cobrança por compromissos com o desenvolvimento sustentável, a cultura também vê seu protagonismo como agente de mudanças ganhar força. É a partir dessa tendência, endossada pelo sucesso da iniciativa nos últimos anos, que o British Council anuncia a abertura de inscrições para processo de seleção para o programa Cultura Circular 2023.


De 12 de julho a 20 de agosto de 2023, a organização internacional do Reino Unido recebe inscrições de projetos neste site. Com base nas informações inseridas no formulário de inscrição, serão analisados festivais encerrados até 30 de junho de 2024 e que ocupam diferentes setores e subsetores da cultura. São elas: artes visuais, filme, dança, arquitetura, design, moda, literatura, música e teatro. Os eventos selecionados serão anunciados no dia 30 de agosto.


Presente na América Latina desde 2021, quando foi lançado no México antes de ser expandido nos anos seguintes a países como Argentina, Brasil, Peru e Venezuela, o programa Cultura Circular oferece subsídios financeiros advindos de um fundo global de 300 mil libras esterlinas (cerca de R$ 1,8 milhão na cotação atual). Festivais no Brasil, Colômbia e México poderão receber de 10.000 a 20.000 libras esterlinas (R$ 63 mil a R$ 126 mil) destinadas a cada país.


O objetivo é contemplar profissionais que atuam na gestão de festivais de música, cultura e outras áreas – e que buscam ampliar tanto a sua gestão ambiental quanto os seus padrões de sustentabilidade. A iniciativa também capacita esses organizadores por meio de um intercâmbio de boas práticas com especialistas britânicos, visando ampliar o compromisso de festivais latino-americanos com metas sustentáveis — a exemplo da iniciativa #roadtozero, pela qual a entidade busca zerar as emissões de carbono provocadas por esses eventos.


Atualmente, a ação do British Council está presente em mais de 20 cidades dos seguintes países da América Latina: Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Trinidad e Tobago, México, Peru e Venezuela. Todas essas nações hoje fazem parte da rede global coberta pelo programa, que reforça o compromisso da organização britânica em reconhecer a importância dos festivais na dinâmica das cidades, na promoção da criação artística contemporânea e na expansão das melhores práticas de sustentabilidade.


Os interessados terão a chance de esclarecer dúvidas em um webinar a ser realizado no dia 27 de julho. Um Q&A disponível no site do British Council e um endereço de e-mail também serão disponibilizados para apoiar os gestores dos festivais participantes.


“Todos nós estamos enfrentando uma emergência climática e a indústria de festivais precisa ser parte da solução. Essa é a principal mensagem que levamos ao planeta por meio do programa Cultura Circular, que tem crescido também na América Latina”, diz María García Holley, Diretora Regional de Artes para as Américas do British Council. “São eventos que, mais do que nunca, precisam ter consciência sobre o real impacto que causam no meio ambiente, por meio de produção de lixo, desperdício de alimentos, consumo de energia, qualidade do ar, transporte, prejuízos à flora e à fauna e uso de água”, afirma.


A edição 2022-2023 do programa Cultura Circular selecionou 33 festivais em diversos países. Embora 83% dos gestores desses eventos vejam oportunidades para atuar de forma mais ambientalmente sustentável, apenas 52% dos festivais possuem uma equipe de trabalho interna dedicada a desenvolver e/ou coordenar ações ambientais.


Impactos ambientais


De acordo com um estudo de 2019 sobre os impactos do Coachella Valley Music and Arts Festival, realizado há mais de 20 anos na Califórnia (EUA), do total das emissões de carbono produzidas em festivais de música, 80% são provocadas pelo deslocamento do público.


Os desafios se estendem aos eventos realizados na América Latina, embora algumas ações já demonstrem o alto potencial da região para abrigar um setor cultural sustentável no longo prazo. No Brasil, que recebeu 126 festivais de música só em 2022, o Lollapalooza, realizado na cidade de São Paulo (SP), registrou em 2023 cerca de 352 mil itens de plástico descartados em pontos de coleta disponibilizados pela Braskem.


No México, que abriga uma média de 181 festivais por ano, a concentração do público nesses eventos aumentou a produção de lixo em até 71% em relação à média de consumo em um dia normal nesses mesmos locais. Em contrapartida, o festival Corona Capital obteve em 2019 um certificado ISO que o ratificou como um evento sustentável, enquanto o festival Vive Latino tem o apoio do Pronatura, maior grupo de conservação ambiental em solo mexicano, para avaliar o seu impacto no meio ambiente e reduzir a sua pegada de carbono.


Na Colômbia, com mais de 100 shows de grande porte marcados para 2023, um estudo da Universidad de los Andes indica uma produção média de 1,5 quilo de lixo por pessoa durante concertos musicais na capital Bogotá. Ou seja, um show com 10 mil pessoas poderia gerar 15 mil quilos de resíduos. Por outro lado, os festivais de música Rock al Parque e Petronio Álvarez e a Meia Maratona de Bogotá fazem ações de reciclagem ao menos desde 2006 e hoje reciclam, respectivamente, 90%, 80% e 70% do lixo que produzem.


O programa Cultura Circular também busca destacar a posição do Reino Unido na vanguarda global da cultura da sustentabilidade. Nenhuma outra organização demonstra o mesmo empenho e grau de incentivo dentro de uma iniciativa dedicada a fomentar práticas sustentáveis no segmento de festivais.
 
Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp