A correria do dia a dia muitas vezes faz as pessoas escolherem os produtos nas prateleiras prestando atenção apenas na validade. O que é um erro. Afinal, por meio do rótulo é possível identificar o que, de fato, será ingerido voltando os olhares à lista de ingredientes e às informações nutricionais. Além disso, a embalagem pode dizer muito sobre as boas práticas (ou não) da empresa.
Os produtos ultraprocessados, por exemplo, incluem diversos itens que geralmente são pouco conhecidos. É aí que precisamos ficar mais atentos, pois as letras minúsculas podem esconder elementos que fazem mal à saúde.
Nesse sentido, é essencial entender como a tabela nutricional funciona. A lista segue uma ordem decrescente, ou seja, o primeiro ingrediente é o que está presente em maior quantidade no produto e o último tem menor relevância na composição.
Outra dica é não olhar apenas para a quantidade de calorias, carboidratos, proteínas, gorduras, fibras e sódio. É preciso observar a porção que a tabela se refere. É possível saber o quanto comer com base na quantidade de calorias e nutrientes em uma porção. Assim, é mais fácil compreender qual produto se encaixa melhor na rotina e nas necessidades energéticas.
Ainda nessa leitura, é muito importante entender que alguns ingredientes possuem nomes mascarados. Muitas vezes as gorduras totais vêm descritas como óleo animal, gordura bovina ou manteiga. Para gorduras trans, fique de olho em gordura parcialmente hidrogenada, margarinas, óleo hidrogenado ou gordura interesterificada. O sódio pode chegar ao consumidor como glutamato monossódico, MSG, sal marinho, ascorbato de sódio, bicarbonato, nitrato de sódio, sal vegetal e extrato de levedura. Por sua vez, os açúcares podem estar disfarçados com os seguintes nomes: maltodextrina, dextrose, frutose, glicose, xarope, mel, sacarose, maltose, malte, lactose, xarope de milho e suco de fruta concentrado.
Neste sentido, a recente lei de Rotulagem Nutricional para alimentos chegou para auxiliar o consumidor. Assim, todos os produtos deverão atender a nova legislação e indicar no rótulo os produtos com alto índice de gordura, açúcar e sódio. A intenção é facilitar a compreensão das informações nutricionais presentes nos rótulos dos alimentos para auxiliar o consumidor a realizar escolhas alimentares mais conscientes.
Divulgada como a principal alteração, a rotulagem nutricional frontal deve constar na parte superior do painel principal sempre que houver um dos três nutrientes especificados (açúcar adicionado, gordura saturada ou sódio) em quantidade igual ou superior ao limite estabelecido para.
O tipo de embalagem escolhido pela empresa também pode revelar as instituições que possuem práticas socioambientais e valem a pena ser parceiras de seu consumo. Hoje, os produtos clean label, com produção e descarte sustentável, vêm ganhando destaque nos supermercados e nas lojas de produtos naturais devido ao aumento da procura por um estilo de vida alinhado à preservação do planeta.
Além disso, o conceito agrega a alimentação mais saudável, natural, integral, com alimentos “de verdade” que promovem benefícios à saúde. Os produtos clean label ainda trazem uma linguagem clara, sem termos técnicos e uma lista de ingredientes comuns ao consumidor.
Também estimulam o mercado e a indústria de alimentos a “olhar com outros olhos” a qualidade das matérias-primas utilizadas nos produtos e nas embalagens. O rótulo verde prioriza alimentos de origem natural e menos aditivos químicos artificiais, como conservantes, estabilizantes, adoçantes, corantes e aromatizantes. Ainda evita o uso de alimentos geneticamente modificados.
A industrialização tem um papel muito importante no acesso aos alimentos. Porém, os produtos alimentícios em prol de lucratividade fizeram as empresas embutirem muitos itens químicos artificiais para aumentar ainda mais o prazo de validade.
Os produtos clean label são transparentes com os consumidores e oferecem ingredientes naturais e de qualidade. Ainda ajudam na educação alimentar das pessoas e estimulam a leitura mais atenta e apurada da tabela nutricional.
A missão é ensinar a população a ler os rótulos e a ter mais autonomia para fazer suas próprias escolhas com clareza. É a indústria ao lado das pessoas na busca por saúde, segurança alimentar, bem-estar e sustentabilidade.
*Liz Galvão é nutricionista parceira da Verde Campo, pioneira no mercado de lácteos sem lactose.
