14/07/2023 às 08h18min - Atualizada em 14/07/2023 às 16h09min

Arte e multiletramento: combinação poderosa para a educação básica no século XXI

Por Karla Lacerda* Educadora e diretora do Colégio Progresso Bilíngue Santos.

Bartira Betini
divulgação

 “A leitura do mundo precede a leitura da palavra. ” 

 

Conheci essa frase de Paulo Freire na escrita do trabalho de conclusão do curso da graduação em Arte Cênica. E hoje, ao revisitar reflexões, tenho a percepção da urgência de olhar o multiletramento como uma habilidade essencial para o sucesso em muitas áreas da vida, incluindo negócios, educação e comunicação. Fazemos parte de um mundo em que as informações são acessadas em diversas mídias e, por isso, a capacidade de ler, escrever e comunicar-se de forma eficaz é fundamental. A leitura de mundo é, ao mesmo tempo, abrangente em suas possibilidades e específicas nas habilidades individuais. E é justamente nesse ponto de convergência que o multiletramento ganha visibilidade.

 

O multiletramento refere-se à habilidade de ler, escrever e comunicar-se em diversas mídias e linguagens, incluindo texto, imagem, som e vídeo. Essa tem sido uma abordagem cada vez mais utilizada na educação e, recentemente, foi incorporada como habilidade importante exigida pelo ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio

 

De acordo com o Ministério da Educação, a Matriz de Referência do ENEM conta com o multiletramento para o desenvolvimento de habilidades na área de linguagens, códigos e suas tecnologias, que são importantes para o século XXI. Mas, para além do ENEM, a educação básica precisa olhar com profundidade a prática educativa do multiletramento com a finalidade de preparar o estudante para o agora, com a certeza de que o amanhã se faz com mudanças imediatas e constantes.

 

A síndrome de Gabriela - Eu nasci assim, eu cresci assim e vou ser sempre assim - não cabe neste mundo e a educação básica precisa incorporar em suas práticas pedagógicas o olhar para as individualidades que compõem um mundo tão diverso, globalizado e conectado como o nosso. Cada estudante tem suas habilidades específicas, sua forma de ler, escrever e comunicar ideias. 

 

A frase de Paulo Freire, a leitura do mundo, com suas especificidades e autorias, é também atrelada à cultura, à compreensão das diferentes linguagens da arte e da tecnologia. Quando falamos sobre Educação Básica, falamos do caminho percorrido da Educação Infantil ao Ensino Médio. Chamo a atenção de pais e educadores para a valorização das especificidades dos estudantes, percebendo quais linguagens eles utilizam para expressar e ampliar seu repertório e leitura de mundo.

 

A arte pode ser usada para desenvolver a capacidade de comunicação em um mundo em que ela é cada vez mais multimodal. Através da arte, os indivíduos podem aprender a transmitir mensagens de forma visual, auditiva e usando o seu corpo, com todas as suas potencialidades. 

 

Ao conhecer o contexto social da arte e se autoconhecer, o estudante vai em busca de comunicar as suas reflexões e escrever de uma maneira própria suas respostas ao mundo. Não é apenas por meio da arte que o multiletramento se efetiva. É preciso agregar a tecnologia, o bilinguismo e tantos outros saberes. Mas, certamente, uma das combinações mais poderosas é a junção da arte com o multiletramento.


 
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