05/07/2023 às 01h26min - Atualizada em 05/07/2023 às 01h26min

Marlene Querubin uma história que se funde com a arte circense no Brasil

Conhecida como a Rainha do Circo, empresaria atua há 44 anos na profissão

“Sou mulher de circo, faço um pouco de tudo” se define a empresária Marlene Querubin,  que está há 44 anos na estrada, 38 deles no Circo Spacial que criou e hoje é considerado um dos maiores e mais premiados Circos Brasileiro.
E quem conhece Marlene não tem dúvidas. Aos 64 anos é uma das empresárias mais atuantes na área. Hoje é responsável por 25 famílias que trabalham no Circo Spacial e ainda preside a União Brasileira de Circos (UBCI),  uma entidade sem fins lucrativos que  representa a comunidade circense no país.
A paixão pelo circo veio aos 20 anos de idade quando literalmente fugiu com o circo que passava em sua cidade natal, Cascavel, no Paraná.
“Eu era funcionária pública, quando o Circo Vostok passou em minha cidade, não tive dúvidas que era o que eu queria para minha vida. Pedi licença do trabalho e disse para minha mãe que iria tirar umas férias de um ano. Fui trabalhar no circo e até hoje estou de férias”, brinca ela. 
Com o circo, Marlene conta que conheceu todos os estados brasileiros e tantos outros na América Latina.  Mas só atuar no circo para ela não era o bastante, ela queria comandar um circo, ter uma  lona para chamar de sua.  E foi o que aconteceu em 9 de agosto de 1985 quando inaugurou o Circo Spacial que hoje é referência na área e, com ele,  já realizou quase 16 mil espetáculos e recebeu artistas como Xuxa, Os Trapalhões, Balão Mágico, Marcos Frota, Claudia Raia, Eliana,  além da Turma da Mônica, Patati Patatá, Bozo, Cocoricó, entre outros.

Vida itinerante
Os circos percorrem todo o território nacional, levando a magia dos espetáculos, encantando multidões, inclusive nos cantos mais isolados e carentes.  O Circo Spacial  não é diferente. Ao lado de uma trupe de 40 pessoas, Marlene vive uma vida sem rotinas,  viajando para outros lugares assim que uma turnê acaba,  deixando um público mais rico em referências culturais e mais feliz.
Mas quem pensa que ter uma vida nômade a aflige, se engana.  Morando em um trailer,  ela criou dois filhos, um deles atua  com ela no circo Spacial. A empresária ainda dirige cerca de quarenta pessoas.
“A trupe é uma família. Muitas vezes estamos em uma cidade com as crianças na escola e precisamos nos mudar. No início eles ficavam tristes, mas depois explicávamos a eles que deveriam ficar contentes,  pois iriamos conhecer e levar alegria para outros lugares e levaríamos as pessoas que conhecemos em nossos corações”, emociona-se ela.
A vida itinerante também não deixa que as crianças fiquem sem educação. O circo é uma atividade legal formado por famílias de artistas que, mesmo diante de barreiras, transmitem a seus filhos os conhecimentos adquiridos ao longo de gerações, além de oferecer uma educação formal. “Todas as gerações de artistas da nossa trupe têm alguém da família no ensino superior”, orgulha-se Marlene.

Dificuldades
Quando perguntamos sobre as dificuldades de atuar e dirigir um circo, ela lembra das adversidades que o Circo brasileiro passou na pandemia, pois os circenses ficaram impedidos de trabalhar e de obter sua principal fonte de sustento, a renda da bilheteria, e tiveram que se reinventar. Salienta ainda a falta de terrenos para montar a lona nas diferentes cidades brasileiras. “Quando voltamos para uma cidade para retornar com os espetáculos, precisamos ficar procurando terrenos para alugar, pois os terrenos viraram prédios”, lamenta.
 
Luta em prol do Circo
Talvez ter vivenciado os desafios e as vicissitudes de quem atua por tanto tempo na área, trouxe à artista força e  sensibilidade para lutar por melhores condições para os circos brasileiros que hoje, segundo ela, chegam  a 600 entre os de pequeno, médio e grande porte.
Mesmo antes de haver entidades com representação nacional do circo, Marlene já reivindicava os direitos da entidade. Em 1992 esteve, juntamente com o Palhaço Pingolé,  no Ministério da Cultura onde entregou um dossiê com inúmeras reivindicações do setor. Em Brasília, o Circo Spacial recebeu o presidente da República da época, o Itamar Franco,  e 11 ministros, feito nunca acontecido em um circo brasileiro.  Marlene também esteve na luta pela Lei do Fomento ao Circo da cidade de São Paulo, aprovada em 2016; coordenou, ainda, o caderno de normas técnicas do circo (ABNT/233)-2017. Atua na luta para reconhecimento do circo como patrimônio Imaterial e inseriu propostas em praticamente todos os projetos de Lei  do circo em tramitação no Congresso.

Multiartista
Não é só no picadeiro que Marlene atua com a arte. Como escritora, escreveu oito livros, claro que o tema está relacionado a sua paixão pela profissão: Marketing de Circo(2003), Coração na lona (2006), Momentos Mágicos (2007), Pintando com o Circo (2006) Any, a bailarina (2009) Serragem nas Veias (2018), Gestão Espetacular (2020) e Artista Espetacular (2020).  Como artista plástica, participou de exposição no  Hotel Holiday, na Central dos Correios, no Salão 200 anos da Marinha, entre outros. Na música também tem uma forte atuação, compôs mais de 170 obras e produziu diversos artistas e álbuns, entre eles os CDs do Circo e da Família Spacial na qual também foi responsável pelos desenhos.

E quando perguntamos se a vida no circo não cansa, ela responde com a voz segura. “Quando eu me canso um pouquinho, sento na arquibancada junto ao público, vejo o brilho dos olhos das crianças e estou pronta para outra”. E alguém tem dúvida? Quem quiser conhecer Marlene Querubin e seu Circo Spacial eles estarão até agosto na Avenida Atlântica, 2800 - São Paulo/ SP, com espetáculos aos sábados, às 16h, 18h e 20h e domingos, às 11h e 18h.  

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