17/04/2023 às 12h31min - Atualizada em 17/04/2023 às 16h07min

Ana Cacimba exalta sua ancestralidade na terceira noite do Festival Pepper Music, no Teatro Paiol Cultural

Durante o show, no dia 20 de abril, a cantora irá sortear três pares de asalatos para o público

SALA DA NOTÍCIA Pedro Lins
Divulgação
Quando a artista multidisciplinar Ana Cacimba entra em cena, não tem jeito, é uma explosão de pluralidade e ancestralidade – é com essa força que a cantora inicia a terceira noite do festival Pepper Music, em 20 de abril, no Teatro Paiol Cultural, em São Paulo. O projeto é idealizado pelo jornalista e editor-chefe do Portal Pepper, Paulo  Sanseverino. O nome artístico surgiu em 2016, durante as aulas de artes cênicas, em São Bernardo do Campo, região metropolitana do Estado.

“Costumávamos ouvir o disco ‘Baião de Princesas’ da Barca, onde eles documentaram várias canções na Casa Fanti Ashanti, no Maranhão, que é um terreiro de Tambor de Mina, e uma dessas canções era “Ana Mora na Cacimba”, canção para a encantada Ana de Corte e foi devido a essa música que ganhei o apelido de ‘Cacimba’. Depois de uma série de acontecimentos ligados ao sagrado, eu decidi usar meu apelido como nome artístico, desde então eu tenho sido Ana Cacimba em todas as áreas da minha vida e esse nome representa a minha ancestralidade, pois meus ancestrais vieram da região da Costa da Mina (oeste da África) assim como o Tambor de Mina, então sinto uma forte conexão com esse nome, como se ele já fosse meu”, explica a cantora sobre a origem de seu nome artístico.

Descendente de quilombola, Ana Cacimba já absorvia a cultura da região e de seus familiares desde cedo, e hoje traz nas letras de suas canções essa ancestralidade, assim como as vivências periféricas, da região de Diadema, cidade onde nasceu.

Em oito anos de carreira, a artista lançou seu primeiro EP, intitulado “Cura” – “gravei em 2021, após seis anos na luta como artista independente, durante a pandemia foi um processo complicado de gravação para seguir todos os protocolos, fora o momento que mexia com a cabeça da gente por vários motivos, mas foi uma forma de externalizar para o mundo aquilo que naquele momento servia como ‘cura’ pra mim, pros meus sentimentos, as pequenas delicadezas sagradas que eu fazia de refúgio”, comenta.

Em seguida surgiu o primeiro álbum da carreira “Azeviche” ao qual enaltece a fé afro-religiosa e a negritude. “Foi um aquilombamento poder ter a equipe reunida, lembrando que era uma equipe majoritariamente de pessoas negras. A narrativa da fé afro-religiosa e a ancestralidade estão presentes em todo o meu fazer artístico, então esse foi um caminho muito natural. Sobre essa mistura de passado e futuro, veio muito na sonoridade, de misturar a percussão da cultura popular e dos ritmos de terreiro, com os beats e elementos eletrônicos trazendo um pouco do afro-futurismo como referência. Pude contar com a produção do meu ídolo Maurício Badé e a participação da Anelis Assumpção, além de ter o clipe da canção “Turmalina Negra” dirigido pelo meu amigo Kadu Borges que é diretor do Amazon Drops, Collors, NPR e Grammy Latino, então foi mais especial ainda”, relembra Cacimba.

Para o show no festival Pepper MusicAna Cacimba adianta alguns detalhes – “o público pode esperar muitas músicas com asalato, canções para dançar e principalmente a ciranda que eu faço todo final de show. Então se preparem pra dançar muito junto comigo”. Durante sua apresentação, a artista irá sortear três pares de asalato e entregar pessoalmente.

Artista multifacetada tem como seu instrumento principal o asalato, e ainda possui sua própria marca do instrumento. “O asalato surgiu na minha durante o isolamento e também durante o processo de produção do EP ‘Cura’. Ganhei meu primeiro par do produtor Leo Acevedo e comecei a investigar, estudar, treinar e fui criando minha forma de tocar. Senti uma conexão incrível com esse instrumento, de forma que eu queria fazer o meu, um que fosse perfeito pra usar nos vídeos, e aí comecei a testar formas de produzir, quando entendi como fazer, comecei a comercializar e foi aí que nasceu minha marca ‘Cacimba Asalatos’. Pra mim ele é minha percussão ancestral, já que ele é um instrumento originário da região oeste africana, de onde vem meus ancestrais, e não tem jeito, eu já sou a mulher dos asalatos, todo lugar que eu vou as pessoas pedem pra eu tocar”, comemora o sucesso da sua marca.

Recentemente, a cantora sofreu vários ataques em suas redes sociais, devido a sua religião de matriz africana e pela cor de sua pele, o racismo está entrelaçado nas raízes culturais de nosso país, e pelo andar da carruagem está longe de ser disseminado, pelo contrário, a cada dia vem ganhando mais força e visibilidade – lembrando que intolerância religiosa e racismo são crimes.

Ana Cacimba representa milhões de mulheres brasileiras: preta, periférica, quilombola e mãe solo – “no começo a intolerância era gigante, hoje eu acho que estou mais na minha bolha, quem escuta meu som já sabe que isso é uma das bases do meu trabalho, mas sempre tem alguns intolerantes, principalmente nas redes sociais, acho incrível que artistas assim como eu estejam ganhando notoriedade, porque realmente não é nada fácil o caminho da arte para artistas mães, negras e periféricas e que bom que existem muitas artistas resistindo, falando e mostrando mais sobre a sua realidade e influenciando muitas outras a fazerem o que amam e seguirem em frente”, ressaltou.

E para os fãs que estavam aguardando novidades, Ana Cacimba está em pré-produção para seu novo disco de canções inéditas e o lançamento do álbum “Ana Cacimba Ao Vivo no Estúdio Show Livre”.

SERVIÇO
Pepper Music – Ana Cacimba
Onde: Teatro Paiol Cultural
Endereço: Rua Amaral Gurgel, 164, Vila Buarque, Centro – São Paulo
Quando: 20 de abril
Horário: 20h
Quanto: R$ 70 (inteira) R$ 35 (meia)
Classificação etária: 12 anos
Duração: 80 minutos
Informações: (11) 2364-5671
Ingressos: através do site
Estacionamento conveniado com o Teatro Paiol Cultural – Rua Marquês de Itu, 401, Vila Buarque, Centro, São Paulo – Valor único: R$ 20
Acessibilidade
 
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