16/03/2023 às 14h10min - Atualizada em 16/03/2023 às 16h10min

Pesquisa mostra defasagens na formação de futuros professores de inglês e dificuldades de proficiência no idioma

Estudo apresentado pela Pearson e The Interamerican Dialogue, lançado na Embaixada do Reino Unido, em Brasília, diagnostica os principais entraves no ensino do idioma no Brasil e ajuda a traçar melhorias tanto no âmbito público quanto no privado.

SALA DA NOTÍCIA Letícia Fernandes Santos
Marcio Buxexa
  • Classes cheias e aulas pouco práticas estão entre os principais entraves relatados por alunos de Letras com ênfase no idioma inglês.
  • Nenhuma das instituições pesquisadas exigem certificação de proficiência como requisito de graduação. Apenas 25% das disciplinas dos cursos são voltadas para práticas em inglês.
Um estudo lançado na última terça-feira (14), na Embaixada do Reino Unido, em Brasília, mostra que estudantes brasileiros de Letras na habilitação em língua inglesa não se sentem preparados para ensinar quando saem da sala de aula e se tornam professores. Para concluir o curso não é necessário demonstrar proficiência no idioma. Além disso, as disciplinas do curso de graduação têm, em geral, um viés predominantemente teórico: apenas 25% das disciplinas são voltadas às aulas práticas ou técnicas. Essas são algumas das conclusões da pesquisa “Aprendizado de Inglês no Brasil”, realizada pela Pearson, a maior empresa de educação do mundo, em parceria com a organização sem fins lucrativos The Interamerican Dialogue.

Foram entrevistados 72% dos estudantes em 18 campi universitários que oferecem o curso de Letras com ênfase em inglês em Mato Grosso e Minas Gerais. A escolha destes estados foi motivada por suas políticas diferenciadas para o ensino do inglês, alinhadas com a reforma curricular proposta pela nova Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e pelo Novo Ensino Médio. O objetivo do estudo é fornecer uma visão macro da inserção do idioma no ensino desses estados e diagnosticar possíveis defasagens, a fim de contribuir para o aprimoramento do processo de ensino-aprendizagem, tanto no âmbito público quanto no privado. O material na íntegra pode ser consultado no link.

“No Brasil, tornar o ensino de inglês de qualidade dentro dos sistemas educacionais ainda é um desafio, pois a disciplina não está incluída nas avaliações nacionais, com exceção da seção opcional de inglês no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio). A pesquisa traz um panorama do ensino de inglês no país, examinando as principais políticas nacionais, e tem como principal objetivo propor melhorias significativas. O idioma vem ganhando maior importância nos últimos anos no país, principalmente com a inclusão da disciplina como obrigatória no Ensino Médio – a partir do 6º ano – em todas as escolas públicas e privadas”, afirma Gustavo Jorge, Diretor de Inglês e Relações Governamentais da Pearson no Brasil.

Embora tenham ciência da oportunidade de crescimento que os alunos podem adquirir a partir de estudos no exterior, por meio de programas de intercâmbio, as universidades são limitadas nesse sentido e raras são as que oferecem esse tipo de parceria, apontou a pesquisa. Para Gustavo, embora tenha um custo, este tipo de experiência tem um potencial transformador para qualquer profissional, principalmente para um aluno comprometido em estudar inglês em uma universidade internacional.

Para o Governo Britânico no Brasil, o ensino de inglês é uma das áreas prioritárias. Não por acaso, a Embaixada do Reino Unido sedia o evento de lançamento e apoia a Pearson e o The Inter-American Dialogue na realização da pesquisa.

Aprender uma nova língua é essencial para o desenvolvimento pessoal de cada um de nós. No caso específico do inglês, é uma habilidade que pode abrir muitas portas e transformar vidas. É fundamental para desenvolver talentos no Brasil. Essa pesquisa, liderada pela Pearson, nos ajuda a entender algumas dificuldades dos professores em formação. São dados que podem contribuir para a formulação de políticas públicas e parcerias para a melhoria do processo de ensino-aprendizagem. Com professores mais capacitados, o domínio da língua inglesa vai ser uma ferramenta acessível a mais pessoas”, afirma Melanie Hopkins, vice-embaixadora do Reino Unido no Brasil.

Demais conclusões
A maioria dos entrevistados é do gênero feminino, com pelo menos um diploma de graduação ou especialização e leciona nos níveis Fundamental e Médio, com carga horária pesada. É comum que trabalhem em mais de uma escola, conciliando o inglês com o ensino de outras disciplinas.

O Português é o idioma usado para se comunicar com os alunos e grande parte se considera apenas parcialmente qualificado para ensinar, pois se sentem insatisfeitos com a formação continuada recebida pelas Secretarias Estaduais de Educação. Um terço dos professores afirma que a formação não ajudou a melhorar sua prática pedagógica. Os professores se consideram menos preparados para falar e ouvir e se sentem mais confiantes em suas habilidades de escrita.

Por fim, conclui-se também que nenhuma das 13 instituições participantes exige certificação de proficiência em inglês como requisito para a graduação. Para todas as instituições, os requisitos para conclusão do curso são que os alunos sejam aprovados nas disciplinas e cumpram a carga horária exigida.
 
Diferenças entre Minas Gerais e Mato Grosso

Enquanto Minas Gerais desenvolveu alguns cursos de formação específica para professores de inglês focados em aprimorar seus conhecimentos pedagógicos por meio do programa “Caminhos para Educadores” e pretende criar uma trilha de formação para alunos do Ensino Médio com foco no idioma, o Mato Grosso implementou o inglês em todos os anos do Ensino Fundamental nas escolas do estado (da rede estadual e municipal) e lançou o programa “Mais Inglês”, com recursos para auxiliar professores e alunos. A Pearson é a empresa que presta consultoria e fornece capacitação e materiais didáticos para a Secretaria de Educação mato-grossense.

Nesses dois estados foram lançadas as bases para colocar o ensino da língua inglesa em destaque como uma disciplina crucial para o desenvolvimento integral dos alunos. No entanto, muito trabalho e recursos ainda são necessários para atingir a excelência.
 
Oportunidades

A partir dos desafios identificados, novas perspectivas se abrem no futuro para o ensino do idioma inglês, de acordo com o documento. Os futuros professores devem ter mais chances de desenvolver sua proficiência e comprovar suas habilidades no final do curso.

Além disso, há uma lacuna a ser trabalhada no melhor desenvolvimento das habilidades pedagógicas, como de escuta e fala, e não apenas de escrita e leitura (que são os quesitos mais frequentemente trabalhados). Do ponto de vista institucional, é importante fortalecer os vínculos com as Secretarias Estaduais e Municipais de Educação, com as escolas e com órgãos que apresentem propostas de melhorias.

As secretarias de educação e o MEC também têm sua lição de casa e podem, dentre outras coisas, definir referências de proficiência em inglês aos alunos, com métricas que avaliem o progresso e a qualidade do ensino; ampliar a oferta de cursos de formação contínua especificamente aos professores de inglês, além de melhorar a infraestrutura das escolas e universidades ao fornecer ferramentas, recursos e espaços para que os docentes tenham à disposição mais tecnologias de aprendizado em sala de aula.

E, por último, a pesquisa reforça a necessidade de se apoiar e implementar a iniciativa English in the BNCC, um novo modelo proposto para o Ensino Médio brasileiro, desenvolvido para apoiar equipes técnicas e professores na implementação do currículo de inglês alinhado à BNCC.

CONTATO
Weber Shandwick
Letícia Santos e Paula Resende - [email protected]

Embaixada do Reino Unido
Mário Cajé – Gerente de Imprensa e Diplomacia Pública - [email protected] | (21) 97283-5008
 
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